Estrada asfaltada teria sido criada para ligar o Porto de Natal à Base Aérea, em Parnamirim
Carolina Souzaacw.souza@gmail.com
Em meados da década de 1940, quando Natal servia de base militar para
os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, os americanos viram
a necessidade de construir aproximadamente 22 km de asfalto que ligasse
o Porto de Natal à Base Aérea, no município de Parnamirim. Aquele que
seria o primeiro asfalto construído no Rio Grande do Norte apareceu hoje
como resquícios da presença americana na capital potiguar.
Um pedaço desse asfalto foi encontrado próximo ao Painel da Copa, ao
lado do Viaduto de Ponta Negra, onde está sendo realizada uma obra pela
Prefeitura de Natal. As escavações para aplicação de tubos d’água, que
darão vida a uma fonte luminosa no local, foram de encontro ao asfalto, a
pouco mais de um metro de profundidade.
“Estamos muito felizes com essa descoberta. Ficamos em êxtase quando
fomos comunicados, pois essa descoberta acaba com uma luta nossa de mais
de 20 anos. Por todo esse tempo tentamos viabilizar escavações no local
para ver se encontrávamos esse asfalto, não tínhamos recursos nem
autorização para isso”, afirmou Marinho Neto, membro da Fundação Rampa.
Segundo Marinho esse asfalto foi construído com investimento
americano e mão de obra potiguar, com o intuito de facilitar o tráfego
de carros e caminhões, mantimentos e materiais bélicos. “Esse é o
primeiro asfalto construído em nosso Estado. Antes dele, o acesso à Base
Aérea era feito apenas por Macaíba e levava em média três horas. O
asfalto reduziu esse tráfego para 20 minutos”, destacou.
A Fundação Rampa garante que o asfalto encontrado é da época da
Segunda Guerra Mundial, devido à existência de imagens de arquivo que
comprovam a construção da via. “A estrada foi preservada até o ano de
1973, quando houve a duplicação da BR-101. Essa descoberta é um marco
para a memória do nosso Estado. Natal começou a se expandir no entorno
dessa estrada, com a criação de unidades militares, pequenos pontos
comerciais e conjuntos habitacionais”, explicou Marinho Neto.
Com a descoberta do pedaço do asfalto original, a Fundação Rampa
espera encontrar agora resquícios do ‘Pipeline’, tubulação que levava
combustível para aeronaves, carros e caminhões de guerra na Base Aérea. A
Fundação Rampa solicita aos potiguares ou familiares de pessoas que
viveram na época da Segunda Guerra em Natal que entrem em contato com a
instituição, caso possam contribuir com imagens e documentos sobre a
pista e Pipeline. O telefone para contato é (84) 9984.3000.
Monumento histórico
Para o presidente e idealizador da Fundação Rampa, Augusto Maranhão, o
asfalto encontrado com a escavação deveria se transformar em um
monumento histórico e de preservação da memória potiguar. “Nossa
intenção é alargar essa escavação em mais seis metros, cercar e instalar
um grande obelisco, em homenagem a esse marco da engenharia. Por esse
asfalto passaram Getúlio Vargas e Roosevelt na época auge da Segunda
Guerra”, disse.
Mesmo sem ter a comprovação da existência do asfalto, Augusto
Maranhão disse ter procurado o DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura e Transporte) no RN para criarem algo na área próximo ao
viaduto de Ponta Negra, mas o órgão afirmou que não poderia contribuir
com a causa. “Agora, com essa descoberta, acredito que será mais fácil
de encontrarmos apoiadores. Natal precisa de um destaque desse e do
reconhecimento aos potiguares que ajudaram a construir esse marco”,
afirmou.
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