O setor de energias renováveis do Rio Grande do Norte vem dando 
sinais de um futuro cada vez mais feminino. Desde que o ramo começou a 
se expandir no estado, os postos de trabalho são majoritariamente 
ocupados por homens.
Segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), 
atualmente as mulheres ocupam 32% dos empregos do setor, que tem 
previsão de gerar até 42 milhões de novos postos de trabalho em escala 
global até 2050.
No mundo, as mulheres representam 21% da força de trabalho da energia
 eólica, 32% das renováveis em geral e 22% nas indústrias tradicionais 
de energia, como petróleo e gás, segundo a Irena.
No Brasil, estudo divulgado em 2021 pela GIZ – empresa do governo alemão
 que executa projetos de cooperação técnica focados no desenvolvimento 
sustentável – mostra que as mulheres somam 20% da força de trabalho 
empregada em parques eólicos.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam
 que, em 2022, 215 pessoas foram contratadas com carteira assinada no 
setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Desse 
número, 175 foram homens e 40 foram mulheres. Mas essa realidade está 
começando a mudar, pois ainda este ano, pelo menos 30 novos potiguares 
devem ingressar no setor.
A AES Brasil, uma empresa geradora de energia 100% renovável, 
anunciou recentemente que terá um parque completamente operado por 
mulheres no RN – o Complexo Eólico Cajuína, localizado na região dos 
municípios de Lajes, Angicos, Fernando Pedroza e Pedro Avelino. O parque
 teve as obras iniciadas em 2022 e é o primeiro que está sendo 
construído pela companhia no estado. O início da operação está previsto 
para o segundo semestre de 2023.
“A equipe vai atuar em atividades de campo, de monitoramento da 
qualidade, por exemplo, do óleo, de manejo, de manutenção, de 
acompanhamento da segurança do parque, e tem a atividade de 
monitoramento também no escritório, que fica ao lado da nossa rede de 
transmissão e é onde, através dos computadores, dos softwares, nós 
acompanhamos a qualidade da operação dos aerogeradores”, exemplificou a 
CEO da empresa, Clarissa Sadock.
A primeira fase do Complexo Cajuína terá 324,5 Megawatts (MW) de 
capacidade instalada, com 55 aerogeradores; a segunda fase, 370,5 MW. 
Esses 695 MW do empreendimento se encontram em fase de construção. O 
Complexo Eólico Cajuína poderá chegar a uma capacidade instalada total 
de 1,6 Gigawatts (GW) – o equivalente a uma cidade de 800 mil 
habitantes.
Capacitação
Com o objetivo de selecionar e capacitar as futuras colaboradoras, a 
AES Brasil deu início, em parceria com o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial (SENAI), à primeira especialização técnica 
gratuita voltada exclusivamente para mulheres no estado, com foco em 
operação e manutenção de parques eólicos.
A princípio, das 76 especialistas em eletrotécnica, mecânica e 
segurança do trabalho que serão formadas no curso, 30 serão selecionadas
 para operação do novo Complexo. “Nosso objetivo é deixar um legado aqui
 no RN, com mais pessoas especializadas para atender a demanda do 
setor”, disse Sadock.
As alunas têm entre 19 e 57 anos de idade e são oriundas de 18 
municípios do RN: Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, 
Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará Mirim, Cerro 
Corá, Estremoz, Jandaíra, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do 
Mel.
Thaysa Matos é técnica mecânica e está se formando em engenharia 
elétrica. Ela é uma das alunas da capacitação no SENAI, e acredita que o
 curso vai abrir oportunidades para muitas potiguares. “As mulheres 
muitas vezes enfrentam dupla e tripla jornada, mas têm sonhos. Tenho 
certeza que, com muito esforço e dedicação, vamos alcançar nossos 
objetivos e vencer”.
De acordo com a secretária de Estado das Mulheres, da Juventude, da 
Igualdade e dos Direitos Humanos (Semjidh), Olga Aguiar, é importante 
ter mulheres qualificadas com formação técnica para o setor das energias
 renováveis, um mercado em expansão no estado. “Nós vemos com muita 
alegria o interesse e a disposição das mulheres em se qualificar para 
operar parques eólicos. Isto representa a promoção da igualdade de 
gênero, inclusão e cidadania”, disse.
Para o coordenador de energias renováveis da Secretaria de Estado do 
Desenvolvimento Econômico (Sedec), Hugo Fonseca, “a iniciativa em 
fomentar a formação de mulheres para o setor das energias renováveis 
atende a demanda existente e contribui para maior inserção feminina no 
mercado de trabalho”.