quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Áreas poderão ser devolvidas à União


Natal

 Marcelo Holanda - repórter

Um trabalho técnico realizado por órgãos ambientais  há dois anos para identificar as Áreas de Proteção Permanentes na Via Costeira (APPs) está mobilizando o setor hoteleiro. É que suas conclusões  poderão servir de ponto de partida para a devolução para o Governo Federal de 14 áreas ainda não ocupadas ao longo da avenida considerada um divisor de águas para o turismo do Rio Grande do Norte.

adriano abreuCerca de 14 lotes ao longo da Via não estão sendo ocupadosCerca de 14 lotes ao longo da Via não estão sendo ocupados
Com 88 páginas, o Relatório Conjunto de “Avaliação Técnica  Ambiental dos Lotes da Via Corteira no Município de Natal” é o documento que faltava para que a Datanorte iniciasse o trâmite de devolução dessas áreas à União. Ele foi entregue à empresa na última terça-feira.

Ontem, a coordenadora do setor jurídico da empresa, Alicia da Costa Cavalcante, adiantou que o órgão tem agora 120 dias para devolver as áreas, conforme determina o termo de compromisso e de cooperação técnica firmado em meados deste ano entre  a Secretaria do Patrimônio da União (SPU); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Instituto do desenvolvimento sustentável do RN (Idema) e Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb).

“Só falta estabelecermos como se dará essa devolução formal – se por ofício ou por cartório – junto à superintendência do Patrimônio da União no Rio Grande do Norte”, acrescentou  Alícia Cavalcante.

Assim que a TRIBUNA publicou na edição de ontem a disposição dos órgãos ambientais em acabar com novos projetos comerciais na Via Costeira, a seccional do RN da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) convocou para a tarde uma reunião de emergência com os hoteleiros associados, entre eles o futuro secretário de Turismo do estado, Razmi Elali.

As razões sociais das empresas concessionárias que podem perder suas áreas para a União são as seguintes: Inês Mota, Costeira Palace, Tambaqui Empreendimentos, Dowsley Empreendimentos, Viver Empreendimentos, Tropicana Hotéis, Parque das Dunas, Motta Hotéis, Paulistana Hotéis, G5 Empreendimentos, Pecol, Via Costeira Hotéis e Hospital Sara Kubsticheck – esta a doação de uma área para instalação de uma unidade da Rede Sara que não ocorreu.

Segundo explicou a coordenadora do setor jurídico da Datanorte, as 14 áreas na mira da devolução não cumpriram o que determinava a Escritura Pública de Direito Real de Uso, ou seja, obedecer os prazos para a construção dos empreendimentos. O contrato foi formalizado pelos empreendedores com a  empresa pública de turismo que na época realizou a distribuição das glebas da Via Costeira –  a Emproturn .

Desde 1995, com a extinção da empresa de turismo, a Datanorte, administra a áreas pertencentes ao Estado naquela área, recolhendo e repassando  anualmente à União as taxas de aforamento pagas pelos hoteleiros. É ela também a responsável pela renovação das concessões. Contudo, atrasos no pagamento ocasionaram problemas.

Segundo Alicia Cavalcante, já houve época em que quase todos os empreendimentos da Via Costeira tinham débitos com a União por conta de foro não pago. Hoje, além das áreas que não receberam qualquer benfeitoria, há ainda as áreas com chamados embaraços, por tributos pendentes.

 “Em 2006, o Estado foi parar no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal) por conta dessas cobranças, impedindo o acesso do Estado a recursos de programas federais”, acrescentou.

Entre as áreas consideradas “embaraçadas” na Via Costeira está o controvertido hotel da BRA, embargado pelo ex-prefeito Carlos Eduardo sob a alegação de que excedia em um andar o gabarito aprovado pela Semurb.

 Pelo Termo de compromisso firmado pelos órgãos ambientais, a Semurb suspendeu o licenciamento de novos projetos na Via Costeira desde meados deste ano. Ontem, a TRIBUNA tentou inúmeras ligações para o celular do secretário Olegário Passos, da Semurb, sem sucesso.

O secretário municipal de Tributação, André Macedo, disse que a devolução das áreas para a União extinguirá imediatamente a cobrança de IPTU que, segundo ele, rende em média para a prefeitura – por propriedade - entre R$ 60 mil a R$ 80 mil por ano. Na suposição de todos os IPTUS  estarem em dia, fala-se aqui de um valor estimado superior a R$ 700 mil/ano.

O secretário, porém, negou-se a comentar sobre a situação cadastral das áreas na mira dos órgãos ambientais. “Trata-se de uma questão de sigilo fiscal, não posso falar sobre esse assunto”.

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