Natal
O comparecimento até foi inferior ao ano passado, mas os fiéis católicos, apesar do clima chuvoso, prestigiaram em bom número a procissão de Santos Reis, no bairro homônimo de Natal, que saiu da praça Wilson Miranda e ainda percorreu ruas das Rocas e do chamado Areial, passando pelo Canto do Mangue e avenida Café Filho, na Praia do Meio.
A procissão prevista para começar às 16 horas de frente da Igreja de Santos Reis, saiu com uma uma hora e vinte minutos de atraso, em meio a garoa que caiu em pequenos intervalos, mas que terminou não afastando o público.
“No ano passado foi gente demais”, chegou a dizer o aposentado José dos Anjos, que afirmou “não perder uma procissão”, mesmo não lembrando quantas vezes caminhou pelas ruas do bairro.
Além dos fiéis homenagearem os Santos Reis – Belchior, Gaspar e Baltazar – que adoraram o menino Jesus após o seu nascimento em 25 de dezembro, também foi comemorado nos cinco dias das festividades religiosas, as bodas de diamante do santuário, que completou 75 anos. Da praça Wilson Miranda, a procissão saiu pelas ruas João Carlos de Souza, Coronel Flamínio, Pedro Afonso, Areal, 25 de Dezembro, professor José Melquiades e Praça Berta Guilherme.
Políticos também prestigiaram a procissão de Santos Reis, como o prefeito em exercício de Natal, Paulo Freire e o vice-governador Robison Faria e o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho.
A governadora Rosalba Ciarlini também compareceu ao evento religioso e destacou a importância da “oração coletiva”, invocando os Santos Reis para que ajudem “na transformação e na construção de um Rio Grande do Norte melhor”.
A adoração aos Santos Reis começou com a construção da capela do Forte dos Reis Magos, que foi a primeira igreja construída em Natal e no Rio Grande do Norte pelos colonizadores portugueses. Os historiadores contam que o início da construção da capela ocorreu em 6 de janeiro de 1598, sendo que a capela primitiva, em alvenaria, foi destruída em 1654, tendo sido recuperada em 1756.
O falecido professor José Melquíades escreveu, no livro “A Capela dos Santos Reis – Resumo Histórico”, que até 1910 a celebração da epifania fazia-se dentro do forte, no chamado morra da “Limpa”, onde a celebração foi realizada pela última vez em 1936. A partir desse ano, a celebração passou a ocorrer no bairro de Santos Reis.
Chuva não atrapalha celebrações
Os primeiros fiéis chegaram ao Santuário Metropolitano dos Santos Reis por volta das 5h30 de ontem, para o último dia de celebração da Festa de Reis. A programação teve início com orações, mas sem a tradicional alvorada marcada para as 6h. Excepcionalmente, a banda do grupo de Curumins que desperta a comunidade do bairro Santos Reis não pôde se apresentar este ano.
A chuva da madrugada e que caiu forte também nas primeiras horas do dia reduziu um pouco o número de participantes em relação ao ano passado, mas ainda assim mais de uma centena de fiéis chegaram de vários bairros de Natal e também de cidades próximas, em caravanas, táxis, em vans e a pé, lotando os bancos e cadeiras. Muitos tiveram de acompanhar a primeira celebração do dia em pé.
O ponto negativo, pelo segundo ano consecutivo, foi a ausência da Urbana na limpeza das imediações. Muitas garrafas de cerveja, bebidas destiladas e outros tipos de lixo se acumularam da festa “profana” da noite anterior, cujos shows foram realizados em um palco próximo ao santuário. A chuva espalhou o lixo, que desceu para as ruas mais baixas da área.
Os próprios integrantes da paróquia e os comerciantes ambulantes limparam o pátio, as escadarias e as ruas vizinhas, para facilitar o acesso dos fieis. A primeira missa do dia, com Unção dos Enfermos, se iniciou pontualmente às 7h, com o santuário lotado, mas a primeira equipe da Urbana só chegou ao local meia hora depois. O mesmo problema já havia sido registrado pela TRIBUNA DO NORTE em 2010.
O padre Ednaldo Virgílio, que comanda a paróquia pela primeira vez na Festa de Reis, se mostrou surpreso e lamentou a sujeira em torno do santuário. Ele considerou “boa” a participação dos fiéis e destacou a vinda de pessoas de várias partes da capital e da Região Metropolitana, para participar da tradicional celebração.
Aos 84 anos de idade, Severina Bastos, moradora de Lagoa Nova, foi com a filha e uma vizinha até Santos Reis para participar. “Há mais de 60 anos que venho e nunca falto. O mais importante aqui é louvar a Deus e pedir a Jesus por nós e nossas famílias. Até 15 anos atrás participava também da festa noturna, com meu marido, mas mesmo depois que ele morreu continuo vindo às missas”, afirmou a aposentada.
Já a empregada doméstica Zélia Maria Duarte veio de ainda mais longe. Ela chegou com um grupo de fieis de São Gonçalo do Amarante e disse que participar da missa do dia de Santos Reis é uma tradição importante para todos os católicos. Os comerciantes, que vendiam desde comidas típicas, como sequilhos, até terços e outros produtos religiosos, se dividiam entre a expectativa com a procissão da tarde e o temor com a queda das vendas em decorrência das chuvas.
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