
O problema é que o grupo majoritário do Democratas acha que a mobilização faz parte de uma estratégia que seria defendida pelo próprio Kassab. Nessa hipótese, eles avaliam que Kassab estaria incentivando aliados próximos, como Afif e o deputado federal Rodrigo Garcia a se manterem filiados ao DEM, preservando sua influência na legenda e até preparando um terreno futuro, caso seus planos de fundação de um novo partido, o PDB, e de futura fusão com o PSB enfrentem problemas.
Independentemente disso, Afif hoje tem um importante papel estratégico dentro do DEM, em São Paulo. Aliado direto de Kassab, ele é um dos nomes mais cotados para encabeçar a chapa de sucessão do prefeito, com seu apoio. Se permanecer no Democratas, essa articulação poderá não receber o apoio do atual grupo majoritário, mais próximo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Se deixar a legenda, Afif certamente será o candidato bancado pelo prefeito para sucedê-lo no cargo. O problema é que o futuro PDB ainda precisará montar toda sua estrutura para bancar uma campanha estadual - o que não é complicado para uma legenda que terá o prefeito da maior cidade do País como seu principal nome. No DEM, sem Kassab, a atual estrutura municipal será desmontada, embora o partido conserve tempo de televisão e fundo partidário, essenciais para uma campanha. Kassab ainda precisará construir essas pontes na nova legenda.
Sem saber o desfecho dessa negociação, a futura direção do DEM tenta aproveitar a convenção nacional para tentar obter um pouco de paz interna. Desgastado pelo mau resultado da eleição, que reduziu sua bancada para apenas 44 deputados e 5 senadores - o partido chegou a ter mais de cem representantes na Câmara durante os governos de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso - o partido quer mudar sua agenda interna e trabalhar novas prioridades para as próximas eleições.
O partido volta suas atenções para os eleitores da nova classe média, consolidada durante os oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ascensão das classes mais baixas, graças ao seu aumento de renda. Um dos pontos centrais será cobrar a presença do Estado como prestador e fiscalizador de serviços.
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