O presidente da Fifa, Joseph Blatter, alertou o Brasil nesta  segunda-feira, 28, que o país precisa acelerar os preparativos para sediar a  Copa do Mundo de 2014, dizendo aos brasileiros que o torneio será  "amanhã", e não "depois de amanhã".       
"Gostaria de transmitir a meus colegas brasileiros, em relação à  Copa de 2014, que ela será amanhã. Os brasileiros estão pensando que  será depois de amanhã", disse ele a jornalistas.
       "Estamos esperando ver um pouco de boa fé. As coisas não estão avançando rapidamente."
       "Se comparamos a África do Sul (que sediou a Copa em 2010) e o  Brasil três anos antes da Copa do Mundo, o Brasil ainda não avançou  tanto quanto a África do Sul em seus preparativos."
       "Se o Brasil continuar assim, não haverá partidas da Copa das Confederações no Rio de Janeiro ou em São Paulo."
       A Copa das Confederações acontece um ano antes da Copa do Mundo  no mesmo país que sedia o Mundial, sendo usada como ensaio final dos  estádios principais.
       Blatter acrescentou que, em função de divergências entre  políticos brasileiros, ainda não está claro onde será realizado o  sorteio das eliminatórias, previsto originalmente para acontecer no Rio  de Janeiro em julho deste ano.
       Em São Paulo, onde participou de um encontro com empresários, o  ministro dos Esportes, Orlando Silva, minimizou as declarações do  presidente da Fifa e garantiu que a maior parte das obras está "a pleno  vapor".
"Eu entendo a preocupação e a ansiedade da Fifa. Nós não temos que  debater com a Fifa, temos que trabalhar para fazer com que esse  cronograma se aproxime do seu cumprimento", disse o ministro a  jornalistas na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo  (Fiesp).
       "Vou convidar o presidente da Fifa para vir ao Brasil conhecer  detalhes da preparação do país. Tenho certeza que ele vai ficar muito  seguro que o Brasil realizará um grande Mundial."
       Segundo o ministro, dos 12 estádios que serão construídos para a  Copa, 10 estão com obras em andamento. As únicas exceções são os  estádios de Natal e São Paulo.
       "A indefinição aqui em São Paulo criou alguma insegurança para a  Fifa, mas o empenho do prefeito e do governador, do Corinthians e de  algumas grandes empresas brasileiras nos dão segurança de que também em  São Paulo nós teremos uma boa solução", avaliou.
       De acordo com o ministro, o governador de São Paulo, Geraldo  Alckmin, e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, se reuniram  com a presidente Dilma Rousseff no final de fevereiro e deram a ela  garantias de que o estádio a ser construído pelo Corinthians no bairro  de Itaquera, zona leste da capital paulista, ficará pronto a tempo.
       Escândalo de corrupção
       Blatter, que em junho disputará a presidência da Fifa com um  candidato concorrente --Mohamed Bin Hamman, da Confederação Asiática de  Futebol-- reafirmou que confia na capacidade do comitê ético da Fifa de  combater a corrupção, mas também tem um plano novo.
       "Vou apresentar algo muito especial ali (no Congresso da Fifa em  junho), mas não vou revelar o teor agora --é para combater a corrupção,  todas as fraudes e a discriminação", disse ele.
       No ano passado a Fifa foi abalada por um escândalo de corrupção  quando dois membros de seu comitê executivo foram expulsos por terem se  oferecido a vender seus votos na disputa dos países que vão sediar as  Copas de 2018 e 2022 a jornalistas que se fizeram passar por outras  figuras.  
O presidente rejeitou sugestões de que a Fifa deveria autorizar investigações externas sobre seus assuntos.       "Seria como a Suíça pedir que a França, Alemanha ou Itália votassem em seu lugar na eleição do conselho federal", disse ele.
       Blatter, que tem 75 anos e preside a Fifa desde 1998, rejeitou sugestões de que deveria dar lugar a um homem mais jovem.
       "A idade não é questão do número de anos de vida, é uma questão  de o que você é capaz de fazer", disse ele. "É o Congresso da Fifa que  vai decidir se estou velho demais ou não", concluiu.
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