O Papa Bento XVI 
 visitou as Fossas Ardeatinas, em Roma, na manhã deste domingo, 27. A 
peregrinação do Pontífice alemão ao Santuário que recorda o terrível 
massacre nazista contra militares italianos, ocorrido em 1944, durante a
 Segunda Guerra Mundial, atendeu ao convite da Associazione Nazionale tra le Famiglie Italiane dei Martiri caduti per la libertà della Patria (A.N.F.I.M.).
 
 Em seu discurso, o Pontífice citou palavras de um autor desconhecido, 
escritas na parede de uma cela de tortura em Via Tasso, em Roma, durante
 a ocupação nazista: "Creio em Deus e na Itália / creio na ressurreição /
 dos mártires e dos heróis / creio no renascimento / da pátria e na / 
liberdade do povo".
 
 "Afirma o primado da fé, na qual buscar a confiança e a esperança para a Itália e para o seu futuro. O
 que aconteceu aqui em 24 de março de 1944 é ofensa gravíssima a Deus, 
porque é a violência deliberada do homem contra o homem. É o efeito mais
 execrável da guerra, de toda a guerra, porque Deus é vida, paz, 
comunhão", afirmou.
 
 Bento XVI expressou que, como seus
 Predecessores, dirigiu-se às Fossas para rezar e renovar a memória dos 
mortos durante o massacre, invocando a Misericórdia divina, "a única que
 pode preencher os vazios, os buracos abertos pelos homens quando, 
inclinados pela violência cega, renegam a própria dignidade de filhos de
 Deus e irmãos entre si. Também eu, como Bispo de Roma, cidade 
consagrada pelo sangue dos mártires do Evangelho do Amor, venho prestar 
minha homenagem a esses irmãos, mortos a pouca distância das antigas 
catacumbas".
 
 Com relação a um pedaço de papel encontrado nas 
Fossas, no qual um dos romanos assassinados dirige-se a Deus como "Deus 
meu grande Pai", o Papa afirmou:
 
 "Naquele nome, 'Pai', está a 
garantia segura da esperança; a possibilidade de um futuro diferente, 
livre do ódio e da vingança, um futuro de liberdade e de fraternidade, 
para Roma, para a Itália, para o mundo. Sim, em qualquer lugar que seja,
 em cada continente, seja qual for o povo a que pertença, o homem é 
filho daquele Pai que está nos céus, é irmãos de todos em humanidade. 
Mas esse ser filho e irmão não é um dado. Demonstram-no infelizmente as 
Fossas Ardeatinas. É preciso desejá-lo, é preciso dizer sim ao bem e não
 ao mal. É preciso crer no Deus do amor e da vida, e rejeitar toda outra
 falsa imagem divina, que trai o seu santo Nome e trai, por 
consequência, o homem feito à sua imagem".
 
 O Pontífice concluiu
 seu discurso indicando que, naquele lugar do doloroso memorial do mal 
mais horrendo, a resposta mais verdadeira é aquela de um tomar o outro 
pela mão como irmãos e dizer: "Pai Nosso, nós cremos em Ti, e com a 
força do teu amor desejamos caminhar unidos, em paz, em Roma, na Itália,
 na Europa, no mundo inteiro. Amém".
 
 
 A visita
 
 O Pontífice foi acolhido pelo Vigário-Geral para a Diocese de Roma, 
Cardeal Agostino Vallini; pelo filho do Coronel Giuseppe Cordero Lanza 
di Montezemolo, morto durante o ataque, o Cardeal Andrea Cordero Lanza 
di Montezemolo; pelo Comissário Geral para as Homenagens aos Mortos na 
guerra, General. Vittorio Barbato; pelo Diretor do Mausoléu, Capitão 
Francesco Sardone; pela presidente nacional da A.N.F.I.M., Senhora 
Rosina Stame; e pelo Rabino Chefe da Comunidade Judaica de Roma, 
professor Riccardo Di Segni.
 
 Bento XVI depôs um cesto de flores
 diante da lápide que recorda o massacre, atravessou as grutas e chegou 
ao interior do Santuário, ajoelhando-se diante das tumbas. 
Sucessivamente, o Papa e o Rabino Chefe, cada um por sua vez, recitaram 
uma oração pelos defuntos. Logo após, o Santo Padre assinou o Livro dos 
Visitantes e, antes de retornar ao Vaticano, dirigiu seu discurso aos 
Familiares das Vítimas e a todos os presentes.
 
 
 Saiba mais
 
 Entre as 335 pessoas assassinadas há 67 anos, na via Ardeatina, há 75 
judeus. Seguramente o gesto do Papa assumiu um valor especial também 
para a Comunidade Judaica de Roma. Bento XVI foi o terceiro Papa a 
dirigir-se às Fossas Ardeatinas de Roma, Santuário criado em memória do 
massacre perpetrado pelos nazistas. Antes dele, Paulo VI havia visitado 
em 1965 e João Paulo II em 1982. "Aqui, onde a violência desencadeou uma
 loucura enorme - disse o Papa João Paulo II -, as vítimas da lógica 
irracional e insensível da barbárie assassina asseguram-nos que a 
vitória final será a do amor, e não a do ódio".
fonte: noticias.cancaonova.com

Nenhum comentário:
Postar um comentário