Teles comprometem-se a com banda larga a R$ 35 a partir de outubro
Empresas de telefonia fixa assumem compromisso com governo de vender
acesso à internet com um megabite de velocidade a 35 reais a partir de
outubro. Acordo, que será assinado por Telefônica, Oi, CTBC e Sercomtel
com ministério das Comunicações, resulta do Plano Nacional de Banda
Larga e não exclui Telebrás. Novo plano de universalização de serviços
fixará metas para que teles vendam internet veloz em número crescente de
municípios.
André Barrocal
BRASÍLIA – Quatro empresas de telefonia fixa que cobrem a maior parte
do Brasil comprometeram-se com o governo, na quinta-feira (30/06), a
vender à população acesso à internet rápida por 35 reais mensais de
outubro em diante. Pelo acordo, as empresas terão de oferecer banda
larga de pelo menos um megabite em número crescente de municípios nos
próximos anos.
O compromisso é resultado do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL)
lançado pelo governo no ano passado com três objetivo: massificar o
acesso à internet no país, torná-la mais rápida e mais barata.
Pelo plano, a Telebrás, que foi reativada pelo governo, pode alugar
seus cabos para um provedor privado que tope vender ao usuário final
acesso à internet veloz por 35 reais por mês. O novo acordo não elimina a
atuação da Telebrás, segundo o ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo.
Foi esta hipótese de concorrência estatal colocada na mesa que fez,
na avaliação do governo, as teles privadas a assumir, por escrito, o
compromisso público de tornar realidade aquilo que o governo imaginava
ao conceber o PNBL: acesso à internet mais massificado, veloz e barato
no país.
O compromisso seria assinada pelos presidentes das empresas
Telefônica, OI, CTBC e Sercomtel na noite da quarta-feira, com o
ministro. depois de longas reuniões durante a semana. “Foi uma grande
vitória”, disse na Bernardo, na entrevista em que o acordo foi
anunciado.
Segundo um técnico do governo que participou das reuniões, o governo
teve de “endurecer” as negociações com as empresas, para convencê-las a
aceitar assinar um “termo de compromisso” pelo qual vão vender banda
larga mais rápida e mais barata.
Nesta negociação, o governo impôs a inclusão do fornecimento
crescente de banda larga mais barata, em um novo decreto que estabecele
obrigações de prestação de serviços que as teles têm de cumprir. Essas
obrigações são fixadas e revistas a cada cinco anos, em um Plano Geral
de Metas de Universalização (PGMU).
O novo PMGU seria assinado ainda nesta quarta-feira (30/06) pela
presidenta Dilma Rousseff, segundo Paulo Bernardo, para publicação no
Diário Oficial da União do dia seguinte.
O decreto vai substituir metas de universalização de serviços que o
governo considera menos estratégicos do que banda larga. Por exemplo:
oferta de orelhões em lugares distantes. No lugar de algumas destas
metas, as teles estão forçadas a trabalhar para massificar banda larga
no país. Há previsão de multa por descumprimento das metas.
De acordo com o ministro, as metas de fornecimento de banda larga que
as empresas terão de cumprir ano a ano serão divulgadas pela Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Nas próximas semanas, disse Bernardo, a Anatel decidirá sobre regras
de controle de qualidade da internet oferecida no Brasil que as teles
terão se seguir. Elas terão de entregar ao usuário final uma velocidade
mais próxima da velocidade teórica; hoje, entregam bem menos.
Pelo compromisso das teles com o governo, o pacote de internet a 35
reais terá de ser oferecido independentemente de a pessoa ter telefone
fixo. Não poderá haver venda casada. Se não houver na região do usuário
condições de oferecer banda larga por cabo, a empresa terá de
providenciar internet móvel, por meio de um modem. Mas aí o custo com o
modem será do usuário.
Pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias da
Informação e da Comunicação (Cetic) na última terça-feira (28/06) mostra
que, no fim de 2010, apenas 27% das residências brasileiras tinham
acesso à internet.
O mesmo levantamento apontou mais da metade dos usuários com acesso à
internet trabalha com menos de um megabite de velocidade. E que a
principal causa da falta de acesso pelos outros 76% dos domicílios é o
preço.
De acordo com Paulo Bernardo, o compromisso assumido pelas teles e o
PNBL vão mudar este cenário, ainda que a velocidade de um megabite seja
baixa para padrões internacionais. “Até 2014, chegaremos provavelmente
com mais velocidade e menor preço”, declarou.
O acordo não vai tirar a Telebrás do PNBL. A estatal continuará sendo
uma opção, segundo o governo, para regiões que não sejam atendidas pos
empresas privadas.
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