segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Governadora tem dificuldade para substituir Paulo de Tarso


Política

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) passa o fim de semana em busca de nomes para substituir o secretário-chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes, e os novos titulares para a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema),  e Instituto de Gestão das Águas (Igarn), os quatro últimos da cota do vice-governador Robinson Faria (PSD). Antes de despachar ontem com parte da equipe de primeiro escalão  – os secretários Kátia Pinto (Infraestrutura), Anselmo Carvalho (Administração), Alexandre Mulatinho (Comunicação), Esdras Alves (Relações Institucionais) e com o líder do governo na Assembleia Legislativa, Getúlio Rêgo (DEM) – a chefe do Executivo enviou emissários (o presidente da AL, Ricardo Motta, o procurador-geral, Miguel Josino, e Esdras Alves) à casa do ex-chefe do Gabinete Civil, numa última tentativa de demovê-lo da ideia de deixar o governo. Foi em vão.
Adriano Abreu/tnonline
Governadora Rosalba Ciarlini quer conversar com aliados e auxiliares ao longo do fim de semana
Governadora Rosalba Ciarlini quer conversar com aliados e auxiliares ao longo do fim de semana
Rosalba Ciarlini teme inclusive  não conseguir encontrar o substituto de Paulo de Tarso até esta segunda-feira (24), data definida para o anúncio da nova equipe. A dificuldade é explicada pelas relevantes  e amplas atribuições que o ex-secretário desempenhava com fluência e, até o pedido de exoneração, com  absoluta confiança da governadora. Rosalba Ciarlini tem confidenciado que não conseguiu pensar em alguém com o mesmo perfil.  O ex-chefe do Gabinete Civil  tinha tantos poderes que até entre colegas do primeiro escalão era considerado como um verdadeiro “governante”, porque partia dele os principais despachos com os demais secretários, era ele o interlocutor do governo no diálogo junto às federações de classe e aos servidores, além de fazer a articulação política com aliados. Enfim, tinha poderes para falar em nome da governadora em assuntos políticos, administrativos e de gestão. Nas ações de governo, resolvia questões administrativas e tinha influência tamanha que chegou a indicar boa parte dos secretários adjuntos.
Rosalba Ciarlini chegou a comentar ontem, ao conversar com aliados, que a lacuna requer uma articulação concreta, que passa inclusive por mudanças na configuração do governo. Ela pretende limitar consideravelmente as prerrogativas do novo secretário do Gabinete Civil. “A governadora disse que chamará para si a partir de agora muitas das atribuições antes confiadas a dr. Paulo”, disse uma fonte bem postada no governo. Ela não esperava a renúncia de Paulo de Tarso porque entende que o ex-secretário conhecia as razões  pelas quais o vice-governador não foi renomeado na Semarh. Para o núcleo central do governo, Robinson Faria não teria respeitado a liturgia típica do cargo de governador interino. Um exemplo disso seria a assinatura de atos de sanção de leis. O que mais incomodou foi a sanção do empréstimo junto ao  Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), aprovado recentemente na Assembleia Legislativa. ”A preocupação neste momento envolve o Gabinete Civil. De resto, já esperávamos o rompimento de Robinson e sabíamos que não motivaria qualquer crise interna”, disse outra fonte. Ela se refere às substituições na Semarh, Caern, Idema e Igarn, órgãos até então sob a batuta do vice-governador Robinson Faria.  Ontem, o secretário de Comunicação do Governo, Alexandre Mulatinho, informou que o anúncio dos novos auxiliares deve ser  na segunda-feira. Ainda não está definido se o anúncio será em bloco.
Miguel Josino diz não ter perfil para o Gabinete Civil 
Cotado para assumir o Gabinete Civil, o procurador-geral do Estado, Miguel Josino Neto, afirmou neste sábado que não se vê com o perfil ideal para assumir a pasta deixada por Paulo de Tarso Fernandes. “Eu não recebi convite. Eu tenho feito um papel institucional, tenho trabalhado e posso servir mais e melhor ficando na procuradoria”, opinou Miguel Josino. ”Hoje (sábado) nós conversamos demoradamente com dr. Paulo [o ex-secretário Paulo de Tarso]. Seria muito bom que ele continuasse no governo porque vai ser uma perda muito grande. Ele explicou as razões e a solidariedade pesou muito mais, uma amizade pessoal. Nós compreendemos”, complementou o procurador.
Miguel Josino assinalou ainda que Paulo de Tarso continua no Rio Grande do Norte e vai ajudar o Estado como cidadão e sempre que procurado para contribuir com “os infindáveis conhecimentos”. “Amanhã (hoje, domingo), muito provavelmente a gente vai fazer uma reunião para definir algumas questões. A governadora ia para o Rio de Janeiro para um aniversário de uma sobrinha, mas cancelou a viagem e nós devemos nos reunir”.
Com rompimento, dois deputados deixam a base 
Na Assembleia Legislativa, a bancada de oposição à governadora Rosalba Ciarlini ganha dois novos deputados. Gesane Marinho e José Dias, ambos do PSD e integrantes do grupo do vice-governador Robinson Faria, evitam anunciar uma postura política acirrada contra o governo, mas confirmam que terão uma possição de independência.  ”Nosso posicionamento é de desligamento da base do Governo. Nosso comportamento será ditado pela postura do Governo. É fundamental, saber como vai ser o desenrolar dos fatos. As coisas corretas apoiaremos”, destaca o deputado estadual José Dias, recém-saído do PMDB e ingresso no PSD.
Mas José Dias ressalta que há fatos “errados” no Governo. “Como antes não concordávamos com o que estava errado, muito menos agora”, frisa. Ele lembra o episódio do empréstimo de US$ 540 milhões solicitados pelo Governo ao Banco Mundial. “Quando o Governo Rosalba mandou o projeto de empréstimo do Banco Mundial três deputados, Fernando Mineiro, Agnelo Alves e  eu, discordamos do plano de aplicação e discordamos com argumentos”, comenta. José Dias, ainda analisando o empréstimo, definiu como “fábula” o projeto de financiamento junto ao Banco Mundial.

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