quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Meu pai pediu para eu trazer esta medalha",diz Maurine após colocar Brasil na final

Mauricio Stycer
Em Guadalajara (México)

Emocionada poucos dias depois de perder o pai, Maurine comemora o gol da vitória  
Emocionada poucos dias depois de perder o pai, Maurine comemora o gol da vitória 

“Vai lá e traz essa medalha”. Esta foi uma das últimas frases que Maurine ouviu de seu pai, Assis Brasil Dorneles Gonçalves. A conversa aconteceu em um hospital de Bento Gonçalves, no interior do Rio Grande do Sul, antes da viagem da jogadora para o México. Dois dias após a morte dele, Maurine cumpriu o pedido, marcando o gol que colocou o Brasil na final do torneio feminino de futebol dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.

Muito emocionada, Maurine disse que lembrará para sempre do gol que marcou nesta terça-feira. “Foi Deus que me guiou. Vou lembrar para o resto da minha vida deste momento”, afirmou a jogadora. Ela disse que o luto não a atrapalhou em campo. Ao contrário. “Quando apitou o início do jogo, deixei toda a tristeza sair para fora”.

A jogadora ainda agradeceu também às companheiras de equipe pelo apoio que recebeu nas últimas 48 horas. “Para mim não foi fácil, mas as minhas companheiras estavam o tempo todo me erguendo”

A decisão de Maurine de permanecer com a seleção em Guadalajara depois de saber da morte do pai foi o fator mais importante na preparação para a partida contra o México, disse o técnico Kleiton Lima, na entrevista pós-jogo.

“O fator técnico e o fator tática foram importantes, mas esse fator foi o mais fundamental”, disse Kleiton, com lágrimas nos olhos. “O grupo ficou junto com ela, como que velando o pai dela, nestes dois dias”.

O fato foi tema da prelação de Kleiton, na véspera da partida. “Não é à toa que o pai dela chamava Brasil. Brasil Gonçalves. Falei para elas lembrar de cada letra em campo. Bê de beleza, erre de raça, a de amor, esse de saudade, i de irmandade e ele de liderança”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário