O período mais acirrado ocorreu entre junho a agosto, quando 14 categorias pararam de uma só vez |
Realizadas tanto em nível federal (UFRN, IFRN, Judiciário), quanto estadual (professores, médicos, policiais civis, funcionários da administração indireta) e do município (coveiros, fiscais de transporte, motoristas de ônibus), as greves de 2011 causaram prejuízos imensuráveis. Algumas categorias, insatisfeitas com o Governo do Estado, por exemplo, chegaram a fazer duas paralisações ao longo do ano. Foi o caso Emater, Fundação José Augusto e Detran. O economista Zivanilson Silva,da UFRN, é contra as greves porque diz que elas trazem prejuízos imensuráveis ao desenvolvimento econômico do Estado. "A greve não é um negócio bom para ninguém", costuma dizer.
Greve é um instrumento de pressão válido para conseguir benefícios. Os governos normalmente relatam que não é preciso partir para a medida extrema, às paralisações. No entanto, apenas com diálogo raramente o funcionalismo - especialmente o público, consegue um aumento salarial, em geral a causa mais defendida nas greves. À pedido da reportagem, professor Zivanilson Silva fez uma estimativa de prejuízo em duas áreas: a bancária e a da saúde. "Uma repartição na área de saúde que paralise suas atividades por uma semana, equivale ao prejuízo de um mês que o governo terá, porque vão aumentar os gastos com deslocamento para outras unidades e no próprio atendimento, que não será feito pelos profissionais do próprio quadro. Ou seja, uma semana de paralisação representa o prejuízo econômico de um mês inteiro", avaliou.
Prejuízos
Não há grevesem colégios particulares, em shopping centers, em hotéis, clubes de futebol, bares e casas noturnas. Raramente a iniciativa privada assiste às greves, pois seus funcionários correm o risco de perder o emprego. Já no setor público a realidade é outra. Raro é o ano letivo em que não há greve nas escolas da rede pública de ensino, e ainda entre os servidores da saúde, educação, limpeza pública e bancos. Ainda assim, a greve no serviço público faz sentido. Como a população paga os impostos cujo valor desemboca no contracheque dos funcionários públicos, o povo é o patrão, e é o povo quem deve ser prejudicado.
Essa lógica é observada pelo cientista político e professor da UFRN Edmilson Lopes como um prejuízo. "Algumas vezes as greves expressam reivindicações corporativistas e que se chocam com os interesses da população. É o caso de algumas greves do serviço público, que prejudicam serviços essenciais. Embora sejam legítimas, elas causam extremo prejuízo para a população", avalia. "Nesse ponto, é importante observar: a greve é a forma de luta ideal para a conquista dos objetivos, ou não haveria outra forma?", questiona. "Quem termina pagando o custo é a população mais pobre, que utiliza os serviços públicos paralisados".
No caso das greves bancárias, os bancos fechados representam compromissos não realizados pelos clientes do banco. "Os juros de mora por causa das contas em atraso são causados pelos grevistas. São juros que não têm como serem ressarcidos. Nós costumamos comparar os prejuízos da greve com os prejuízos dos feriados. A cada feriado, assim como a cada dia paralisado com uma greve, o prejuízo médio é de R$ 120 milhões de despesas anuais. Isso por causa de um único dia. Imagine multiplicados à quantidade de paralisações que houve aqui no Estado", revela o professor Zivanilson Silva.
De acordo com o economista, a greve deveria ser o último instrumento utilizado pelas categorias para buscar um entendimento com o seu patrão - o governo, que é o gestor dos recursos públicos. "Mas muitas vezes ele é o primeiro. Oque observamos é que, antes de chegar à negociação, já se declara greve. A economia do Rio Grande do Norte perdeu muito com a grande quantidade de greve que houve no Estado esse ano", opina o professor.
Do DN
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