terça-feira, 29 de maio de 2012

Governo quer priorizar 820 poços

Margareth Grilo - repórter especial

O governo do Estado tem uma prioridade para o uso dos  recursos federais da ordem de R$ 10 milhões, liberados pelo governo federal: a instalação dos poços tubulares, perfurados até início de 2011 e que estão sem uso. Em todo o Estado, 887 poços perfurados em 101 municípios não chegaram a ser instalados. Ou seja, não receberam os equipamentos - catavento, geradores e bombas - para a captação da água.
Júnior SantosComo em vários outros municípios, em Lages, moradores usam balde com corda para pegar água dos poços perfuradosComo em vários outros municípios, em Lages, moradores usam balde com corda para pegar água dos poços perfurados

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gilberto Jales, essa utilização será possível se o recurso, cuja autorização de empenho e repasse foi publicada  no Diário Oficial da União do dia 24 de maio (edição nº 100), for transferido diretamente para o Estado. "Se o Estado for o gestor do recurso, vamos investir na instalação dos poços, que é a ação mais imediata para resolver o problema da escassez de água", explicou Jales.

Segundo cálculos do governo do Estado a instalação dos 887 poços custaria em torno de R$ 14 milhões, por isso o governo deve priorizar os poços localizados em municípios de emergência e de uso comunitário. O titular da Semarh ressaltou que a portaria 284 não deixa claro se o recurso será transferido ao para o governo estadual ou se às prefeituras municipais. Apesar disso, o titular da Semarh apresentou, no final da tarde de ontem, a intenção do governo ao Comitê Integrado da Seca, durante reunião ordinária.

Jales confirmou que, para esclarecer sobre a forma de transferência e aplicação desses recursos, o secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana,  convocou representantes dos governos estaduais do Nordeste e do estado de Minas Gerais para uma reunião, que acontece amanhã, na sede da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco - Codevasp, em Brasília.

Do governo do RN,  foram convocados o titular da Semarh e o coordenador da Defesa Civil, tenente-coronel Josenildo Acioli. Os municípios de Caicó, Santana do Seridó e Pau dos Ferros são os que possui maior número de poços perfurados e não instalados. Nos dos primeiros são 27; e no terceiro, 25. Em São Tomé, um dos municípios  percorridos pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, entre 13 e 19 de maio, doze poços foram perfurados, mas ficaram sem instalação. Quem mora na zona rural reclama.

"Se os poços perfurados estivessem funcionando amenizava muito a falta de água", disse um dos moradores da localidade de Mulungu em Lajes, Francisco Neto, 20 anos, ao retirar água para os animais. Outros municípios que lideram o ranking são: Tenente Laurentino e Sítio Novo, com 21; Tangará, lajes, Jardim de Piranhas e Jardim do Seridó, com 20.

Pela portaria, os recursos podem ser utilizados na execução de ações de socorro, restabelecimento de serviços essenciais e assistência às vítimas da estiagem. O repasse será feito em parcela única, com prazo de 365 dias para execução das obras e serviços, constantes do Plano de Trabalho.

Na mesma edição do dia 24 de maio, o Ministério da Integração Nacional também liberou recursos, de igual valor, para os estados da Paraíba, Sergipe, Ceará, pernambuco e Minas Gerais. No caso do Rio Grande do Norte o Ministério da Integração Nacional também autorizou um outro empenho e repasse no valor de R$ 2,368 milhões, um recurso que já era aguardado pela Semarh de acordo com Plano de Trabalho, encaminhado ao Ministério.

Diante da urgência na execução das obras, o Ministério liberou, na data de ontem, a antecipação da primeira das quatro parcelas no valor de R$ 592,1 mil. Os recursos serão destinados, segundo Jales, para recuperação de 140 poços tubulares já em atividade. Para municípios que possuem poços que apresentam água salgada, o governo fará instalação de dessalinizadores.

R$ 25 milhões serão para obra de adutora

Com recursos da ordem de R$ 25 milhões, o governo do Estado  retomará a construção dos 366 quilômetros de adutora, a partir das barragens de Santa Cruz do Apodi e do Açude de Pau dos Ferros. As obras paralisadas desde 2010 e levarão, quando concluídas, água potável para mais de 200 mil pessoas em diversos municípios da região Oeste do Rio Grande do Norte. A ordem de serviço foi assinada na sexta-feira passada.

Segundo o titular da Semarh, Gilberto Jales, para ter a garantia do andamento da obra, o Governo do Estado aportou recursos próprios no valor de R$ 8,8 milhões, para o pagamento de débitos anteriores com a construtora. Por isso, segundo Jales, o Governo  assume o compromisso de retomar e finalizar a obra. Desde novembro do ano passado, cidades como Luís Gomes e Antônio Martins recorrem ao abastecimento por carros pipas.

"Já fizemos o depósito de R$ 15 milhões na conta da construtora responsável pela obra, o que nos dá ainda mais confiança no cumprimento do prazo de 12 meses para finalização dos trabalhos", explicou o secretário. A Adutora Alto Oeste é composta de dois sistemas independentes, que juntos vão beneficiar 23 municípios e 66 comunidades rurais na bacia do Alto e Médio Apodi. 

Além dessa adutora, o governo está investindo R$ 4,8 milhões para construção de adutoras até às comunidades de Lajinha, Palma e Barra da Espingarda, no município de Caicó, beneficiando 1.350 pessoas. Na rede de distribuição (dutos que levam água do sistema adutor até as residências), o governo investirá  R$ 670 mil, oriundos de empréstimo ao Banco Mundial pelo Programa Semiárido Potiguar (PSP).

Mananciais

Os grandes reservatórios de água do Estado estão suportando bem a estiagem, segundo o chefe do Serviço Técnico da Coordenadoria Estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, João Guilherme de Souza Neto. Segundo ele, mananciais como a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, Gargalheiras e Itans e estão sendo monitorados e, no mento, não preocupam.

Especificamente, no caso da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, a lâmina de água cai entre 1 e 1,5 ao dia. A reserva está em 72,56% da capacidade, ou seja 1,741 milhão, dos 2,54 bilhões. 

Por isso, segundo João Guilherme, o Dnocs não planeja reduzir a vazão. "No momento, o volume de água é suficiente para a demanda do Vale do Assu. Vamos manter a vazão necessária para cobrir o abastecimento humano e atender as atividades nas jusantes da barragem", disse, tranquilizando a população e vazanteiros.

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