terça-feira, 8 de maio de 2012

MP recomenda série de ações para o Walfredo


Corredores do hospital continuam cheio de pacientes, como Josefa de Moura, 78, que aguarda encaminhamento para cirurgia. Nora afirma que idosa não recebeu nenhuma assistência médica desde que foi internada, na quarta-feira. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press 
  A promotora da saúde Iara Pinheiro convocou uma coletiva de imprensa na manhã de ontem para apresentar o relatório feito após inspeção no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), realizada no último dia 30. Além disso, a promotora falou sobre o andamento da ação conjunta com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) que fará auditoria em 23 unidades hospitalares do estado. O relatório referente ao Walfredo Gurgel e outros assuntos foram pauta da reunião do Ministério Público Estadual com a governadora Rosalba Ciarlini ocorrida no final da tarde de ontem. No início da manhã de ontem, o MPE se reuniu com representantes do Conselho Regional de Medicina, entidades jurídicas, sociedade civil e igreja para compreender melhor a dimensão do atual problema da saúde pública e buscar soluções para reverter esse quadro.

Quanto ao quadro encontrado por ela no Walfredo Gurgel, Iara Pinheiro disse ter constatado situação nunca antes vistas em seus oito anos a frente da promotoria desaúde, como o grande acúmulo de lixo comum no hospital, número excessivo de internações em macas nos corredores, desabastecimento de medicamentos, atendimento precário aos pacientes, entre várias outras irregularidades.

Segundo a promotora da saúde, os problemas da saúde pública e, principalmente, do HWG são questões antigas, não uma exclusividade da atual gestão. O processo mais antigo que corre no MPE é quanto à retirada das macas dos corredores da unidade, que tramita há onze anos. "A saúde não é prioridade em todos os governos que acompanhei nesses oito anos de promotoria", ressaltou.

Ainda no início da manhã, a reportagem do Diário de Natal voltou ao Hospital Walfredo Gurgel e constatou que a situação caótica permanece, com macas lotando os corredores, medicamentos em falta e pacientes sem atendimento médico. A paciente Josefa de Moura, de 78 anos, é uma das que não viram evolução no atendimento. Sua nora, Maria Núbia de Moura, diz que nenhum médico lhe deu assistência desde a sua internação na última quarta-feira. Josefa está internada em uma maca com o braço direito quebrado. "Só quando as dores estão muito fortes, uma enfermeira vem e dá uma injeção", diz Maria Núbia.

De acordo com Iara Pinheiro, a diretoria administrativa do hospital atribuiu as irregularidades vistas pelo MPE durante a inspeção, à falta de pagamento dos serviços terceirizados de manutenção de equipamentos e de coleta de lixo. Para o Ministério Público, a ausência de uma gestão geral no HWG e a greve dos servidores da saúde contribuem para o agravamento do quadro encontrado.

Recomendação
Do relatório sobre a situação no Walfredo Gurgel, o MPE estipula uma série de ações a serem cumpridas pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), sendo os principais pontos: nomeação imediata de equipe de direção para o HWG, livre de indicações políticas; instalação de uma central de regulação de leitos hospitalares do SUS em 30 dias; retirada de todos os pacientes internados dos corredores dos hospitais Walfredo Gurgel e Deoclécio Marques, em Parnamirim em até 60 dias, com a garantia de leitos em rede própria ou contratada; e a implantação de um controle eletrônico de ponto em todos os hospitais da rede Sesap.

Caso os encaminhamentos não sejam cumpridos, será feita uma judicialização do processo por parte do MPE. Durante a visita ao HWG, o MPE ouviu servidores da saúde, pacientes que manifestaram indignação quanto à falta de estrutura do maior hospital do estado.

Do DN

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