Por Tiago Medeiros
Com
os piores hábitos alimentares e uma população sedentária, Natal é
considerada a capital nordestina da obesidade. Essa foi a conclusão da
pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico – VIGITEL BRASIL 2011”, do Ministério
da Saúde, realizada nos últimos seis anos, com mais de 300 mil
brasileiros, maiores de 18 anos, nas 26 capitais e Distrito Federal.
Para
o nutrólogo e pediatra, Nataniel Viuniski, especialista em obesidade, o
índice está relacionado ao erro alimentar, o sedentarismo e o estresse
dos potiguares. “Apesar de Natal ser uma das capitais com melhor
qualidade de vida do Brasil, infelizmente, a população não adota um
estilo de vida saudável e essa é uma das causas desse triste terceiro
lugar”.
Na pesquisa, Natal aparece como a terceira capital
brasileira com o maior índice de adultos obesos. Mais da metade dos
potiguares estão acima do peso. No Nordeste, lidera as que consomem
menos porções de frutas e hortaliças em suas refeições, e é uma das onde
se costuma consumir mais carne com excesso de gordura.
Para
Nataniel, o maior desafio em políticas de saúde pública para a obesidade
é o preço dos alimentos. “As pessoas mais humildes não comem o que
gostariam, nem o que deveriam, mas sim o que conseguem pagar. Enquanto
biscoito recheado e refrigerante for mais barato do que frutas e leite, é
esse tipo de alimento que será mais consumido”.
Segundo o
médico, a obesidade na infância acarreta problemas ortopédicos, na pele,
apneia do sono, hipertensão e principalmente na auto-imagem e na
auto-estima. “O maior sofrimento de uma criança obesa é o emocional”. Na
vida adulta, é fator de risco para doenças cardio-vasculares, diabete
tipo 2 e até mesmo alguns tipos de câncer.
Ele considera que por
mais eficientes que sejam as academias funcionais, instaladas nas praças
da cidade, enquanto continuar como ação isolada não reduzirá número de
obesos. E alerta: “Os governantes têm que promover, ainda mais, o
aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida; campanhas
de conscientização nas escolas para desenvolver o estilo de vida
saudável; e criar um política de preços diferenciados para frutas e
saladas onde os alimentos menos saudáveis subsidiariam os mais
saudáveis”.
Num mundo cada vez mais “corrido”, muitas vezes as
pessoas não tem tempo para uma alimentação saudável e tranquila, mas ele
recomenda evitar comidas de rua, gordurosa e com muito sal. “É muito
curioso as pessoas questionarem se é seguro trocar uma refeição de arroz
e feijão por um copo de shake formulado por cientistas, e não terem
medo de trocar uma refeição de feijão e arroz por pastéis, hamburguer e
refrigerantes”.
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