sábado, 26 de janeiro de 2013

CULTURA » Fafá de Belém grava disco de frevo em tempo recorde


Joana Perrusi
Fafá exibe o amor pela cultura pernambucana. Crédito: Alcione Ferreira/DP/D.A. Press
Fafá exibe o amor pela cultura pernambucana. Crédito: Alcione Ferreira/DP/D.A. Press"O carnaval de Pernambuco é uma das coisas mais fabulosas que já vi na vida. O mais autêntico do Brasil. Miscigenação de ritmos, de pessoas. Reúne o folião que não tem dinheiro, o que faz a fantasia no quintal, não tem abadá. Absolutamente democrático, cada um se manifesta do seu jeito. Essa é a origem do carnaval, e Pernambuco nunca perdeu essa essência”. A declaração explícita de amor à folia de Momo pernambucana pertence à cantora paraense Fafá de Belém, que lançou ontem um disco com cinco frevos em homenagem ao seu estado do coração.

Foi na sede do Galo da Madrugada, que este ano realiza sua 36ª edição, que ela recebeu a imprensa para uma entrevista seguida de uma audição do novo EP, intitulado Fafá, Frevo e Folia - Decoração Pernambucana. Ela regravou cinco entre os frevos mais famosos do repertório pernambucano: Voltei Recife!, Sabe lá o que é isso!, Sedução, De chapéu de sol aberto e o Hino do Galo. Produzido por Zé da Flauta, o disco foi gravado em tempo recorde de duas semanas e contou com direção musical de Bráulio Araújo, além de arranjos do Maestro Spok. Fafá contou sobre a dificuldade em selecionar as músicas que iria gravar. “Recebi frevos inéditos e outros não, mas era preciso fazer um filtro. Sou uma estrangeira com coração pernambucano e Zé da Flauta me ajudou nesa escolha. Eu queria aqueles que estivessem na memória do povo pernambucano, passado por várias gerações”.

A cantora ganhou projeção no início de sua carreira, primeiramente em Pernambuco. Foi aqui, em 1976, onde ela deveria apresentar o seu espetáculo por uma semana no Teatro do Parque, e acabou estendendo a três semanas de shows por conta do sucesso de público. A partir daí, suas músicas estavam sempre entre as mais pedidas nas rádios locais. “Eu não tinha qualquer vínculo com o estado, tampouco família, mas me identifiquei profundamente com essa terra, sem nenhum tipo de graça, nem folclore. Estabeleci relações de amizade que de lá para cá se estreitam cada vez mais”. Talvez isso explique o porquê da paixão da cantora pelo estado que a reconheceu como uma grande representante da música brasileira, como é reverenciada até hoje.

As faixas escolhidas são muito marcantes na veia carnavalesca de Fafá. Músicas que estão sempre presentes em seu repertório do Galo da Madrugada, onde comanda o trio de abertura junto com Gustavo Travassos desde 2010. “Aos 37 anos de carreira me permito brincar e ser livre nas minhas escolhas de produtos, sequências e caminhos. Quero me dedicar a coisas que toquem meu coração”, afirmou ao anunciar que existe um projeto de lançar um compacto de frevo a cada ano, sempre antes do carnaval. “Não quero me autodenominar uma cantora de frevo. Gosto de cantar e nesse momento homenageio e agradeço a esse povo cantando cinco frevos emblemáticos do carnaval de Pernambuco”.


O próximo projeto de Fafá de Belém, previsto para o segundo semestre deste ano é regravar diversos compositores pernambucanos, entre os quais, Petrúcio Amorim e Alceu Valença, músicos que nunca gravou. O disco está à venda na sede do Galo da Madrugada e na rede de supermercados Extra ao preço de R$ 5.

Nenhum comentário:

Postar um comentário