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Por: Portal JH
            
O anúncio do atraso salarial de parte dos servidores estaduais levou a
 atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), a cobrar da 
governadora Rosalba Ciarlini (DEM) mais transparência e explicações em 
torno das finanças do Rio Grande do Norte. Para a presidente estadual do
 PSB, a democrata também é responsável pela crise econômica enfrentada 
pelos cofres públicos do Estado. 
“A responsabilidade da administração é da governadora, que foi eleita
 para administrar o Estado com uma expectativa muito grande, mas o que 
se vê são os serviços essenciais precários. Quem sofre é o povo”, disse 
Wilma de Faria em entrevista a O Jornal de Hoje pela manhã, minutos após
 realizar visita as obras do Palácio dos Esportes, de iniciativa da 
Prefeitura de Natal.
Ao ser questionada se era favorável ao pedido de impeachment de 
Rosalba Ciarlini, como vem sendo cogitado por alguns deputados 
estaduais, Wilma explicou que, antes, é preciso cobrar esclarecimentos a
 democrata. “Nós queremos explicações sobre o que está acontecendo no 
RN, queremos mais transparência da situação econômica atual. Ela foi 
eleita pelo povo, e são eles que precisam dessas informações”, disse.
Ainda de acordo com a vice-prefeita, os deputados estão repercutindo 
os pedidos feitos pela própria população nas ruas. “O povo está cobrando
 uma atitude, porque eles são os que mais sofrem com esta sequência de 
problemas. É preciso esclarecer tudo”, disse Wilma.
Sobre o atraso salarial de 8% dos servidores, conforme anunciado pelo
 governo, a ex-gestora disse lamentar o fato, mas questionou os números 
apresentados pelo Estado. Conforme Wilma, o RN tem batido seguidos 
recordes de arrecadação de ICMS, quantia que seria suficiente até para 
quitar a folha salarial do funcionalismo público. “É por tudo isso que é
 uma decisão assustadora, lastimável. Até porque a própria governadora 
anunciou no início do ano que o RN vivia uma fase boa, que iria 
deslanchar, as obras aconteceriam”, lembrou.
Wilma fez referência ao discurso de Rosalba durante a leitura anual 
de sua mensagem na Assembleia Legislativa, no primeiro dia de trabalho 
dos parlamentares em 2013. Aos deputados, a governadora enumerou uma 
série de ações e comemorou a liberação de recursos para obras no Estado.
Pouco tempo depois, o governo ainda conseguiu no Senado Federal 
autorização para contrair empréstimo milionário junto ao Banco Mundial e
 ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) para implementar 
programas no Estado, entre eles o Sanear RN, até hoje com poucos 
resultados alcançados. A meta era tornar o território potiguar 80% 
saneado até 2018.
“Mas, alguns dias depois dessas notícias, já surgiu a hipótese do 
Estado não poder nem pagar aos seus servidores. Desde então tem sido uma
 calamidade, já se cortou orçamentos dos demais poderes, virou uma briga
 na Justiça, e nada melhora. É incrível o que acontece no RN. Uma grande
 lástima assistir a tudo isso no nosso Estado”, disse a ex-governadora.
A vice-prefeita voltou a citar que programas de boa avaliação popular
 durante a sua administração foram paralisados na atual gestão 
democrata. Entre eles o Programa de Desenvolvimento Solidário. Além 
disso, citou a situação do Programa do Leite, que estaria com cinco 
quinzenas de pagamentos atrasados.
Para colaborar
A ex-governadora Wilma de Faria (PSB) também se colocou à disposição 
da sociedade para discutir e elaborar em conjunto, com os demais membros
 da classe política contrários a administração rosalbista, um projeto 
capaz de tirar o RN do caos financeiro. Segundo Wilma, é preciso unir as
 universidades, técnicos e representantes de classe para diagnosticar a 
situação vivida no Estado.
Wilma cobrou ainda a união dos representantes potiguares na luta por 
um novo pacto federativo. Para a vice-prefeita, os Estados e municípios 
possuem mais responsabilidades com investimentos em áreas essenciais, 
como saúde e segurança, enquanto o governo federal quase não destina 
recursos para a área, mesmo recebendo a maior parte dos tributos.
“Temos que lutar pela autonomia financeira dos Estados. Hoje a 
situação é de caos. Além da falta de gestão, de rumo, de pessoas com 
visão, o RN ainda convive com este problema. Mas, muitos Estados 
vizinhos estão conseguindo se organizar e estão evoluindo”, disse.
Governo afirma que receita acumula queda de R$ 500 milhões
Em entrevista coletiva realizada na Escola de Governo na tarde desta 
quinta-feira (26), cinco secretários do Governo do Estado detalharam os 
números do balanço financeiro do Rio Grande do Norte no mês de setembro.
A coletiva teve a participação do controlador geral do Estado, 
Anselmo Carvalho, dos secretários de Planejamento e Finanças, Obery 
Rodrigues,  Administração, Alber Nóbrega, Saúde, Luiz Roberto, do 
consultor Geral do Estado, José Marcelo Ferreira, e do presidente do 
Ipern, José Marlúcio Diógenes.
No balanço, foi detalhada a frustração de receita no RN, que em dois 
anos acumula queda de R$ 500 milhões apenas do Fundo de Participação dos
 Estados, composto basicamente por tributos federais como Imposto de 
Renda e IPI. Em cerca de 20 estados da federação, o cenário é o mesmo. 
Em alguns, já foram tomadas medidas mais radicais, como extinção de 
secretarias e demissão de cerca de 4 mil pessoas.
“A estimativa média de arrecadação no ano passado foi de R$ 239,5 
milhões, e o valor realizado foi de R$ 215 milhões”, explicou Anselmo 
Carvalho. Em 2013, o comportamento esperado e a arrecadação ficaram 
abaixo do que estava projetado. “Isso foi provocado pela desoneração da 
energia elétrica e outros tributos incidentes, além da queda do IPI para
 a linha branca e automóveis”. A média de estimativa de arrecadação de 
2013 era de R$ 253 milhões, e foi arrecadado até agora R$ 229 milhões.
Outro dado apresentado na coletiva foi a média da folha de pagamento 
de 2012, de mais de R$ 273 milhões, que aumenta para R$ 311 milhões em 
2013. Isso ocorreu por causa de progressão funcional, aumento de despesa
 salarial, implantações salariais por decisões judiciais, convocações de
 professores e pagamento retroativo do aumento da Polícia Militar.
A despesa de pessoal cresceu R$ 225 milhões e a transferência de 
recursos para os demais poderes aumentou de maneira geral. No balanço do
 mês de setembro, entre as receitas e despesas, com a arrecadação de 
ICMS, IPVA, ITCD, IRR, FPE, royalties e outras, foi fechada na receita 
de R$ 586 milhões contra uma despesa de mais R$ 636 milhões.
CALENDÁRIO DE SETEMBRO
Diante das frustrações de receita, o Governo do RN anunciou, na 
coletiva que os servidores da educação, saúde, segurança, que envolve a 
Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e ITEP, efetivos da 
UERN e Defensoria, e órgãos de arrecadação própria como Detran, IPERN, 
Idema, receberão os salários integrais na segunda-feira (30). Isso 
corresponde a 92% do total de servidores ativos e inativos.
No dia 10 de outubro, terão seus salários creditados os demais 
servidores que recebem acima de R$ 3 mil. O RN tem atualmente 101.265 
servidores e o total da folha líquida de pagamento é de R$ 
297.819.006,00.