“A
situação em Pedra Preta é preocupante”. Mesmo que essa declaração seja
dita com muita cautela, não tem como ter outro entendimento. A equipe
técnica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do
Norte (Crea-RN) esteve ontem na cidade, distante 149 quilômetros de
Natal, e, após visitar algumas casas, os engenheiros chegaram à
conclusão de que as edificações locais correm risco, caso a potência dos
tremores aumente. Até agora foram mais de 500 abalos registrados em
cerca de duas semanas de atividades sísmicas intensas.
A previsão
é de que o laudo saia em, no máximo, 48 horas após a vistoria. Em
virtude do cenário e da apreensão que ronda a cidade, o prefeito já
pensa até decretar estado de calamidade pública. Ele aguarda a
divulgação desse documento técnico do Crea, além do laudo da Defesa
Civil.
“Vamos lançar um laudo em 24h ou 48h, mas não é algo tão
apurado porque não fomos a fundo. Mas o que posso dizer é que dá pra ver
que a maioria das avarias que vimos são rachaduras; que podem, em
alguns casos, ser preocupantes porque, se a magnitude dos tremores vier a
aumentar, pode acontecer um sinistro sim”, afirmou o engenheiro,
assessor técnico do Crea, Gerson Ricardo de Oliveira.
Ele disse
ainda que o trabalho de ontem se tratou de uma vistoria apenas de
constatação. Eles visitaram as casas e fizeram registros fotográficos.
“Não é possível dizer o quão preocupante é, mas pelo nível que estamos
vendo, pode se dizer que é um grau médio”, disse Oliveira, tentando
passar tranquilidade.
Além disso, ele afirmou que não existe uma
forma de reforço como paliativo, no momento, para proteger as casas e
outras edificações. Não adianta rebocar as paredes porque internamente a
estrutura vai se manter a mesma. Não dá para reformar a casa inteira,
se os abalos permanecerem, porque as rachaduras voltariam. O jeito,
segundo o engenheiro, é esperar os tremores acabarem para se pensar no
que fazer.
Umas das casas vistoriadas pelo Crea foi a de número
442, localizada na Rua Luiz Antônio. A residência, de propriedade da
dona de casa Mirian André de Lima, 45, possui rachaduras em praticamente
todos os cômodos. Dona Mirian diz que a vontade é de ir embora junto
com o marido e o filho, mas não sabe para onde, por isso permanece no
local. “A casa sacode toda, não consigo dormir direito. Saio sempre para
o quintal, evito ficar dentro de casa”, relatou. Ela dorme na sala,
preparada para correr a qualquer momento.
Próximo da casa de Dona
Mirian, fica o ginásio da cidade. Deteriorado pela ação do tempo, mesmo
antes dos abalos, a estrutura já estava interditada. Permanece. É
possível ver rachaduras no chão e nas arquibancadas que, segundo
informações passadas pelo coordenador de Defesa Civil da cidade,
Guilherme Bandeira, foram agravadas pelos tremores.
Teria sido
sondada a possibilidade do local servir de abrigo para caso alguns
moradores precisassem de espaço ou mesmo para sediar uma base de apoio
no caso de um gerenciamento de crise. Contudo, o visível mau estado de
conservação do ginásio logo afastou essa ideia.
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