Da TN
Presidenta estadual do PSB, a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria,
tem um parâmetro para as eleições deste ano: vai concorrer na chapa
majoritária. Falta fazer a opção decisiva, se a candidatura vai ser ao
Senado ou ao Governo do Estado. Há alguns meses ela também cogitava
disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Não mais. “Cogitamos
inicialmente uma vaga na Câmara Federal, mas, com o passar do tempo,
mudou para um projeto na majoritária, diante do apelo popular”, afirma
Wilma de Faria, nesta entrevista. Ela diz também que a decisão será
tomada em abril. Por enquanto, tem conversado com os prováveis aliados,
entre os quais o PMDB, e andado no interior e em Natal para ouvir os
eleitores. Wilma de Faria discorda das restrições do PT local ao impor
barreiras para o diálogo com os políticos que deixaram a base aliada do
Governo Dilma Rousseff. “Uma coisa é o fortalecimento dos partidos, algo
previsto no espírito da norma que no passado recente tratou da
verticalização. Outra é retirar a autonomia e desconsiderar as
prerrogativas que os estados devem ter”, comenta. Ao responder sobre uma
possível aliança entre PT e PSB no Estado, com as candidaturas de
Robinson Faria para o Governo e Fátima Bezerra para o Senado, destaca:
“o interesse maior de contribuir ao desenvolvimento do estado só será
possível se houver, de fato, essa sintonia [ideológica], sob pena de
termos num futuro próximo dificuldade no objetivo maior de reconstruir o
estado e termos políticas públicas eficazes”.
Ex-governadora
destaca que continua a consulta aos correligionários do PSB e as
conversas com os líderes de partidos afinados ideologicamente no Estado
Como estão os preparativos do PSB para as eleições deste ano no Rio Grande do Norte?
Avançados. Nosso partido mantém-se organizado e ativo o tempo todo. Sempre conversando com nossas lideranças, percorrendo os municípios, participando de reuniões da Executiva Nacional, realizando reuniões regionais e locais. E é importante destacar: nós não fazemos política só nas eleições. E não discutimos só política partidária. Discutimos e trabalhamos, sobretudo, gestão e políticas públicas, problemas do nosso dia a dia, como segurança, saúde, educação, desenvolvimento econômico e social, e assim por diante. Entendemos que o partido e a eleição são apenas instrumentos para um objetivo maior: resolver os problemas das pessoas. Melhorar as condições de vida da população. Então, neste sentido, estamos bem preparados.
Vários aliados participaram da programação de aniversário da senhora nesta semana, programação que teve um tom de pré-campanha. Essas participações podem ser interpretadas como sinalização de alianças?
Não vemos que teve sentido de pré-campanha, mas diante de uma trajetória política de muita contribuição para o desenvolvimento da capital e do nosso estado, a classe política também compareceu para se somar aos muitos amigos e correligionários que nos parabenizaram por mais este ano de vida. Destaco que fiquei especialmente agradecida à demonstração de amizade e afeto que recebi das pessoas na minha data. Foi um momento muito especial para mim.
A senhora tem afirmado que está entre a candidatura ao Senado e ao Governo do Estado. Mas qual a tendência atualmente? Considera-se mais próxima de qual das duas opções?
Tenho dito desde muito tempo que meu projeto é o Legislativo, tanto que cogitamos inicialmente uma vaga na Câmara Federal, mas que com o passar do tempo mudou para um projeto na majoritária, diante do apelo popular. Acho que posso fazer muito pelo nosso Rio Grande do Norte no Senado da República, diante da experiência que adquiri nos vários mandatos no Executivo e que nos deu a certeza de que um bom representante no Legislativo pode contribuir muito, nacionalmente, para as conquistas para o Estado. Ressalto ainda que já participei do Legislativo e, assim como na prefeitura de Natal e Governo do Estado, também fui bem avaliada em momento decisivo para o país, que foi na constituinte.
A senhora vislumbra a possibilidade de concorrer ao Governo do Estado?
Essa possibilidade há, assim como há também de ser candidata ao Senado, onde terei as melhores condições de lutar para que o RN tenha sua importância e suas oportunidades reconhecidas nos projetos nacionais, na divisão do bolo dos investimentos públicos, na defesa dos nossos interesses. Minha experiência nas administrações da capital, nos três mandatos, e do Governo do Estado, nos dois mandatos, representam um diferencial importante a ser aproveitado e posto à disposição do Rio Grande do Norte.
Considera que, no atual momento de sua trajetória na vida pública, poderia contribuir mais com o Estado no Senado?
No regime democrático quem determina a missão que o político terá não é ele próprio, mas o povo através do voto na urna. Levo isto muito a sério. Hoje, por exemplo, sou vice-prefeita de Natal. Aceitei uma missão muito menor do que as que tive antes, como prefeita da própria capital e governadora do estado, por exemplo. Mas tenho humildade para entender cada momento, onde e como poderei ser útil. Não tenho dúvida de que o Senado da República, enquanto Casa paritária, onde a representação de cada Estado é igual, independente do tamanho ou da sua importância, é fundamental que tenhamos representantes que conheçam bem todos os recantos e todos os setores do estado. A experiência que tive nos diversos mandatos no Executivo me dão total clareza disto. Além disto, meu estilo aguerrido e minha determinação são armas de que o RN precisa muito para fazer valer sua importância e melhorar suas posições no cenário regional e nacional. Fui deputada constituinte com uma atuação sempre voltada para direitos dos trabalhadores, contribuindo para conquistas importantes que são comemoradas ate hoje.
O PMDB tem a decisão tomada de ter candidatura própria ao Governo. O PSB fará aliança com o PMDB? Então o partido vai indicar o candidato ao Senado na composição? O nome da senhora será indicado para essa candidatura ao Senado?
De fato as discussões com o PMDB avançaram. Temos conversado com o dirigente estadual, o presidente da Câmara Federal, Henrique Alves, assim como com o ministro Garibaldi Filho, políticos que exercem espaços importantes nacionalmente e determinantes na busca de investimentos e desenvolvimento do nosso estado, e que se alinham hoje ao projeto do PSB de reconstruir o RN.
Essa aliança está definida?
Continuo nossa consulta aos correligionários, simpatizantes e população em geral nas muitas reuniões e visitas a serviços públicos, assim como em eventos diversos. Estamos percorrendo o estado, conversando com cada liderança nos municípios, e também com dirigentes e representantes de vários partidos. Mas as definições só deveremos ter mesmo em abril.
Como tem sido o diálogo do PSB com o PT no RN? O fato do PT reivindicar a vaga do Senado em uma coligação é empecilho para uma coligação na qual estejam PMDB, PSB e PT?
O nosso diálogo vinha sendo bom entre 2002 e 2012. O PT foi nosso aliado nos dois períodos do meu governo. Participou da nossa eleição e da nossa gestão. Tivemos boa parceria tanto aqui, quanto no nível nacional. Iniciamos 2013 discutindo com a executiva petista, mas com a definição do PSB nacional de lançar uma candidatura à Presidência da República, o diretório estadual do PT decidiu cessar os diálogos conosco, mesmo não havendo, na legislação brasileira, nenhum impedimento, já que não existe mais a verticalização.
O PT tem argumentado, em todas as conversas sobre alianças, a necessidade de se manter nos estados o arco de coligações com partidos que formam a base nacional da presidenta Dilma. Como a senhora vê essa exigência? Ela é limitante ou mesmo anacrônica diante das regras eleitorais, que não exigem verticalizações, ou mesmo da conjuntura do Estado, quando a governadora está isolada dentro do próprio partido, o DEM?
Este é um fator preponderante. Uma diretriz. Não uma determinante ou uma regra. Aliás, diria que isto seria até anti-democrático: impor alianças de cima para baixo em um país nas dimensões do Brasil, que luta justamente para fortalecer as instâncias federativas. Seria uma contradição. Uma coisa é o fortalecimento dos partidos, algo previsto no espírito da norma que no passado recente tratou da verticalização. Outra é retirar a autonomia e desconsiderar as prerrogativas que os estados devem ter.
E a aproximação do vice-governador Robinson Faria (PSD) do PT com Fátima Bezerra para o Senado. Essa é uma chapa competitiva, lhe preocupa?
Cada partido deve buscar seu caminho, mas entendemos que deve respeitar a identidade ideológica e programática, visto que o interesse maior de contribuir ao desenvolvimento do estado só será possível se houver, de fato, essa sintonia, sob pena de termos num futuro próximo dificuldade no objetivo maior de reconstruir o estado e termos políticas públicas eficazes.
O governador Eduardo Campos é provável candidato à presidência da República. Como a senhora tem acompanhado os preparativos para a sucessão presidencial? Há possibilidade de romper a polarização nacional PSDB/PT?
O governador Eduardo é um dos melhores quadros da política brasileira neste momento. Político jovem, arrojado, com ideias avançadas, com comprovada capacidade de gestão e está se revelando cada vez mais um grande líder, conciliador, articulador, homem muito preparado. Um perfil raro na política brasileira, que infelizmente tem cada vez menos opções para assumir posição de liderança com a capacidade de conduzir os destinos do País da melhor forma possível. Acho que ele tem as melhores chances e, no momento em que o país parar para analisar as opções das eleições deste ano, ele vai ter um lugar de destaque. Não tenho dúvida. Acho que esta polarização das últimas eleições presidenciais se esgotou. O eleitor quer respirar novos ares, ter mais e melhores opções. Eduardo representa isto.
A possível candidatura de Eduardo Campos entusiasma a senhora e o PSB do RN?
Sim e muito: por todas as razões que acabamos de falar há pouco. E a posição destacada do PSBdo Rio Grande do Norte nas pesquisas eleitorais para a campanha majoritária é considerada muito importante para o PSB nacional e para a candidatura do governador Eduardo Campos.
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