segunda-feira, 10 de março de 2014

Luz sobre a pele

Isaac Ribeiro - Repórter

Apesar de todas as campanhas de prevenção e conscientização, a incidência do câncer de pele ainda é muito alta e as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) falam em 140 mil novos casos no Brasil. Mas apesar disso, não param de surgir novas possibilidades e recursos para diagnosticar a doença cada vez mais cedo, agilizando assim o seu tratamento. E a tecnologia tem papel muito importante nesse processo.

De tempos em tempos, um novo equipamento ou procedimento é anunciado como  pioneiro. Uma das apostas da temporada é o FotoFinder, ferramenta diagnóstica cada vez mais usada por dermatologistas de todo o mundo para avaliação de tumores cutâneos e doenças do couro cabeludo, unhas e mucosas, além de auxiliar na diferenciação de várias lesões dermatológicas semelhantes, num verdadeiro mapeamento corporal.

São várias as indicações de uso do equipamento de tecnologia alemã; entre as principais estão a detecção precoce do melanoma e outros cânceres de pele; diagnóstico diferencial com lesões benignas, como ceratoses seborreica e actínica, nevos melanocíticos (sinais e pintas) e melanose solar; acompanhamento periódico de lesões suspeitas de malignidade em pacientes com muitos sinais na pele, evitando biópsias desnecessárias.

A dermatologista Maria do Carmo Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio Grande do Norte, comenta ser o FotoFinder o que realmente há de mais moderno no diagnóstico precoce do câncer de pele, confirmando sua indicação principalmente para pacientes com múltiplos sinais ou pintas, aqueles com histórico pessoal ou familiar de melanoma, pessoas que na infância tiveram múltiplas queimaduras solares, aqueles que tenham feito muitas sessões de bronzeamento artificial em cabines.

“E ainda pessoas com histórico de outros canceres de pele não relacionados a sinais, que  são principalmente os carcinomas basocelulares e espinocelulares”, comenta Maria do Carmo.

bate-papo - Maria do Carmo Queiroz - presidente da SBD/RN

Como a tecnologia tem ajudado no diagnóstico precoce do câncer de pele?
A dermatoscopia digital é uma tecnologia que se soma na detecção precoce dos melanomas e dos outros cânceres de pele como os carcinomas basocelulares e espinocelulares. Permite o diagnóstico diferencial com outras lesões benignas da pele, como as ceratoses seborréicas, as melanoses solares e os sinais pigmentados benignos, por exemplo. Facilita o acompanhamento de lesões com suspeita de malignidade, especialmente se múltiplas e auxilia na escolha do momento mais oportuno para a realização da biópsia cutânea, caso se faça necessária. No futuro fala-se na microscopia confocal, ainda em caráter experimental, cuja proposta é a análise de células sem ser preciso recorrer a biópsia.

Sempre uma novidade chega ao mercado oferecendo novas possibilidades de tratamento, avanços. Como avalia esses novos recursos?
O FotoFinder, como toda tecnologia, depende de um profissional treinado para manuseá-lo e para fazer a “leitura correta” de suas imagens, bem como utilizá-lo nas indicações a que se destina. Como toda novidade, tem um custo e ainda não é acessível na rede pública na nossa realidade. Entretanto nenhuma tecnologia substitui a educação em saúde. De nada adianta termos acesso a diagnóstico precoce, com aparelhos de última geração se não há mudanças de hábitos da população. Em relação ao câncer da pele é o entendimento correto dos danos causados pela radiação solar à pele, que são cumulativos desde a infância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário