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Pesquisadores utilizaram nessa
terça-feira (11) pela primeira vez no Estado um georadar em buscas
arqueológicas no Forte dos Reis Magos. O trabalho faz parte do processo
de pesquisa iniciado em novembro passado e faz escavações em todo o
monumento. O trabalho de pesquisa está no último mês, mas será seguido
por uma obra de restauração, ainda sem data definida para começar. De
acordo com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) no Rio Grande do Norte, Onésimo Jerônimo
Santos, as buscas feitas ontem com o radar procuram aspectos
desconhecidos do Forte.
Segundo
Onésimo Santos, o equipamento busca anomalias subterrâneas, identifica
que há algo diferente no terreno, mas essas informações precisam ser
interpretadas por arqueólogos, que vão sugerir o que pode ser encontrado
no local. “O equipamento emite ondas que identificam alterações no
subsolo, seja de forma ou material. Se for no espaço de areia e houver
uma ossada ou pedra, será detectado”, exemplifica.
Onésimo afirma
que o radar será utilizado em apenas uma sala do Forte, onde hoje tem a
placa de Refeitório do Comando, última atribuição dada ao espaço, além
de parte da muralha. “Nesta sala, acreditamos que possa ter sido a
primeira capela do Forte, já que a capela, no centro do Forte, foi
construída cerca de 30 anos depois do restante da construção e tem
janelas no mesmo formato. Entre as muralhas, buscamos possíveis restos
de paredes”, detalha. Segundo o superintendente do Iphan, a chance de a
sala ter sido a primeira capela do Forte é atribuída à forma das
janelas, em arcos, assim como a capela no centro do Forte, enquanto as
de todos os outros cômodos são quadradas.
O processo de
escavação será feito apenas na sala, tem previsão de duração de
aproximadamente uma semana, e pode começar a qualquer momento, já que os
resultados a serem interpretados por arqueólogos a respeito dos dados
coletados com o radar servirão como base de comparação entre o que foi
indicado e o que há, realmente, sob o piso. Essa atividade não será
feita na muralha, já que implicaria no desmonte da estrutura.
O
arqueólogo Marcos Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), está à frente do trabalho de pesquisa arqueológica em todas as
dependências do monumento. O serviço foi contratado pelo Iphan por R$
122 mil, com recursos próprios. Já o georradar não teve custos para o
órgão por ter sido cedido pela Polícia Federal. “Esse tipo de aparelho é
utilizado em diversas áreas, cada uma com seu direcionamento. Aqui,
estamos fazendo um teste em relação à capacidade de detecção desse
equipamento nessas buscas arqueológicas”, explica Onésimo.Marcos Albuquerque lembra da importância dessas buscas, já que foram
encontrados materiais capazes de dar mais detalhes sobre a história do
Forte. “Essas pesquisas estão fornecendo informações importantes para
dar suporte e acrescentar dados sobre o Forte dos Reis Magos, como o
tipo de remobilização, de material e sobre o cotidiano [no local]”,
avalia.
Ele cita entre as descobertas feitas: o primeiro piso da
fortaleza, o piso utilizado pelos portugueses e outro adotado no século
XIX; projéteis de dois tipos de canhão; balas de chumbo utilizadas em
mosquetes, uma as primeiras armas de fogo utilizadas pelas infantarias
nos séculos XVI e XVII; pedaços de cerâmicas que podem datar do fim do
século XVI; cachimbos holandeses; e pedaços de ferro diversos, entre
eles alguns que remontam às primeiras marcações para construção do
Forte.
Durante as atividades de pesquisa, o funcionamento do
Forte dos Reis Magos permanece sem alterações, aberto a visitas das 8h
às 16h.
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