Pré-candidata ao Senado, petista lamenta confirmação do apoio do PDT ao PMDB para as eleições de 2014
Ciro Marques
Repórter de Política
A deputada federal Fátima Bezerra, do PT, não está se sentindo traída
pelo prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, porque ele escolheu
apoiar a chapa do PMDB/PSB e não a aliança PSD/PT. Contudo, é bem
verdade que, para a parlamentar, pré-candidata ao Senado, a decisão de
Carlos Eduardo representa um “equívoco”, uma vez que o PDT tem um
histórico de aproximação com o PT e o PSD mas, nesse pleito, ficará no
mesmo palanque que grupos como o DEM e o PSDB.
Na edição desta segunda-feira, O Jornal de Hoje publicou uma matéria
em que o vereador do PT, Fernando Lucena, criticou a atitude de Carlos
Eduardo, afirmando que Fátima o ajudou bastante, mas ele preferiu o
PMDB, traindo-a. “Não concordo com Fernando, a gente não pode colocar
política dessa forma. Claro que nós gostaríamos muito de ter o apoio do
prefeito Carlos Eduardo, bem avaliado e com quem temos afinidade
política”, afirmou Fátima, em entrevista ao Jornal das Seis, da 96 FM,
ressaltando que viu a decisão, de qualquer forma, como um erro político
do prefeito.
“É um equívoco. Não é questão de perdoar. Caberá a população avaliar
isso”, analisou Fátima Bezerra. “Uma coisa é a questão eleitoral.
Lamento o PDT ter tomado essa decisão, pela história, pela trajetória
que tem. Nós estranhamos o PDT se aliar a uma chapa de partidos mais
conservadores, como o DEM e o PSDB”, explicou Fátima Bezerra ao
justificar o porquê de achar que foi um equívoco do chefe do Executivo.
O apoio de Carlos Eduardo à aliança PSD/PT era esperada porque o
prefeito, no último pleito que participou, em 2012, teve o apoio do
vice-governador Robinson Faria, do PSD, durante toda a corrida
eleitoral. Fátima e o PT apoiaram ele no segundo turno, justamente,
contra um candidato do PMDB, Hermano Morais, que tinha o apoio de
Henrique Eduardo Alves, pré-candidato peemedebista ao Governo.
“Ele sabe que o apoio do PT foi decisivo (nessa eleição), mas a
expectativa que a tínhamos de ter o apoio do PDT não era por causa de um
toma lá da cá”, ressaltou Fátima, dizendo que também não usou a
influência que tem em Brasília, por ser do mesmo partido da presidente
da República, Dilma Rousseff, para conseguir recursos para Natal com a
intenção de garantir o apoio pedetista. “Ajudei (Natal) no passado, no
presente e vou continuar ajudando ainda mais. É minha obrigação, porque é
um dever republicano”, prometeu.
ROMPIMENTO
Fátima Bezerra também fez questão de deixar claro que não vai haver
um rompimento do PT com a gestão Carlos Eduardo na administração
municipal. “Não tem rompimento do PT com o Governo Carlos Eduardo,
porque o PT não faz parte da Prefeitura, o que não se significa o PT se
negar a contribuir”, tentou explicar a deputada federal.
“Cipriano (Maia, filiado ao PT e secretário municipal de Saúde) está
lá a convite do prefeito. Virgínia (Ferreira, secretária municipal de
Planejamento) nem filiada ao PT é (apesar de ter ligação com Fátima
Bezerra). Está lá também a convite do prefeito”, reafirmou a petista.
“Coligação de Henrique é eivada de contradições por ter José Agripino e PSDB”
A análise do apoio de Carlos Eduardo ao PMDB não foi a única feita
pela pré-candidata Fátima Bezerra na entrevista concedida nesta
segunda-feira. A parlamentar petista também usou o espaço para cutucar
os futuros adversários, por eles construírem uma chapa com o apoio do
DEM e do PSDB, partidos que ainda fazem parte da atual administração, da
governador Democrata Rosalba CIarlini.
“Essa coligação é eivada de contradições, porque essa coligação se
apresenta como uma chapa de oposição no plano estadual, mas essa
afirmação não se sustenta, porque dentro dessa coligação lá está o
senador José Agripino, lá está o PSDB. Agripino cujo partido está no
comando do Governo do Estado”, analisou Fátima Bezerra, acrescentando
que “tem partidos políticos que estão a frente dessa coligação e
continuam no próprio Governo do Estado”.
Para exemplificar o que disse, Fátima Bezerra propôs que se pegasse
uma fotografia da chapa de Henrique e comparasse com uma foto do
Conselho Político criado em 2012 para ajudar na gestão da governadora
Rosalba. Na imagem do Conselho, seria possível ver Garibaldi Alves
Filho, José Agripino, o presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo
Motta; o deputado federal João Maia (candidato a vice na chapa do PMDB) e
o próprio Henrique Alves. E todos estão na chapa.
“Nessa coligação, se você pegar a fotografia, a última fotografia do
conselho político do governo estadual, você vai ver que é a mesma. Os
mesmos personagens que estão hoje a frente dessa coligação, com exceção
apenas do PSB e do PDT, que nos lamentamos, porque o estranho é
exatamente tanto o PSB, quanto o PDT, aderir a essa coligação, tendo
assumido no plano estadual uma postura clara de oposição”, analisou
Fátima.
Por sinal, a petista fez questão de dizer que o maior problema para
fechar a aliança com o PMDB não foi o PSB da pré-candidata ao Senado,
Wilma de Faria, mas sim esses partidos como o PSDB e o DEM. “O que nos
afastou foi a intenção do PMDB de fazer uma coligação mais ampla,
incorporando o DEM e o PSDB. O PMDB preferiu o senador José Agripino, o
PSDB, que são adversários ferrenhos não só de Dilma, mas Dilma e de
Michel Temer”, afirmou.
José Agripino, presidente nacional do DEM, por sinal, foi eleito por
Fátima como o maior obstáculo para uma aliança entre PMDB e PT. “Como é
que nós vamos nos aliar ao senador José Agripino se ele, de manhã, de
tarde e de noite não faz outra coisa que não seja ao longo desses 12
anos, desconstruir, bater no governo? O senador Agripino vive só de
fazer críticas e mais críticas ao projeto nacional em curso então, pelo
amor de Deus, a política não é um vale tudo. O PT perderia por completo a
sua identidade, a história que ele vem construindo, a sua cara, sua
identidade política, se ele fosse fazer parte de uma coalizão como
essa”, explicou.
ELEIÇÃO
Com relação às eleições que se aproximam, Fátima Bezerra afirmou que o
PT e o PSD não deverão ficar isolados, mesmo o PMDB contabilizando algo
em torno de 18 partidos na chapa. Além disso, a petista previu também
um pleito disputado, concorrido, sem governador ou senador nomeados.
“Acho que teremos um debate de natureza política muito importante.
Vamos discutir, por exemplo, porque o RN está há décadas nessa condição
de subdesenvolvimento que apresenta”, afirmou Fátima, remetendo ao fato
dos últimos governadores do Estado, todos eles, estarem na coligação que
apóia Henrique.
Nenhum comentário:
Postar um comentário