Senadora petista afirma que não vai condenar o líder do DEM antes da investigação ser concluída
Alex Viana
Repórter de Política
A senadora Fátima Bezerra (PT) disse que o Supremo Tribunal Federal
(STF) “acertou” ao instaurar inquérito contra o senador José Agripino
Maia, presidente nacional do DEM. O potiguar foi citado em delação
premiada do empresário e lobista do ramo da inspeção veicular George
Olímpio, ao depor durante a Operação Sinal Fechado.
Segundo o empresário, Agripino teria recebido R$ 1 milhão em propina
para atura em favor do esquema no Rio Grande do Norte. A verba teria
sido destinada à eleição de 2010, que reelegeu ele senador da República,
seu filho, o deputado federal Felipe Maia (DEM), a governadora Rosalba
Ciarlini (DEM) e uma bancada de três deputados estaduais (Getúlio Rego,
José Adécio e Leonardo Nogueira).
Nesta terça, a ministra do STF Carmem Lúcia aceitou o pedido de
abertura de investigação contra o senador feito pelo Ministério Público
Federal (MPF). O procurador-geral de da República, Rodrigo Janot, havia
solicitado a abertura do inquérito supostamente com base em novos
depoimentos do empresário George Olimpio e, também, após revelações
feitas pelo Fantástico, da rede Globo.
Para a petista Fátima Bezerra, o Supremo cumpriu o seu papel
constitucional. “A ministra Cármen Lúcia, ao analisar a documentação que
pesa contra o senador José Agripino e, verificando indícios que merecem
ser melhor apurados, autorizou a abertura da investigação, ao meu ver,
acertadamente”, afirmou. Segundo a senadora, existe uma denúncia que
merece ser apurada. “É indiscutível. Que se apure e ele prove que é
inocente. Ou que a Justiça, caso seja denunciado, diga se é culpado. E
aí ele ou será absolvido ou, caso contrário, será punido de acordo com o
rito da lei”, citou.
Fátima voltou a comparar o modo de operação de Agripino com o do PT,
especificamente o dela, no desempenho da política. “Ao contrário do
senador, que costuma acusar, julgar e condenar antecipadamente
adversários, eu prefiro não imputar culpa antes de finalizados o
processo de investigação e de análise processual por parte da Justiça.
Ele tem agora a oportunidade de se defender”, reforçou.
DEFESA
Na última terça, Agripino divulgou uma nota na qual afirma
desconhecer “as razões que estejam ensejando a reabertura deste
assunto”. “Este assunto, tratado em 2012, gerou processo de investigação
pela Procuradoria Geral da República que, em 31 de outubro de 2012, o
arquivou pela ‘inexistência de indícios, mínimos que sejam, que
confirmem a afirmação de que o Senador José Agripino Maia teria recebido
doação eleitoral ilícita do grupo investigado na operação Sinal
Fechado'”, disse o senador na nota.
Além da abertura do inquérito, o procurador Rodrigo Janot também
pleiteou a homologação do acordo de delação, pelo qual um investigado
colabora com as apurações em troca de redução de pena. Como o empresário
citou um senador, o acordo precisa do aval do Supremo, única instância
que pode julgar parlamentares. Assim como ocorreu na operação Lava Jato
com as delações premiadas de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, o
acordo de Olímpio tramita no Supremo como processo secreto que não
consta do andamento processual. Além de determinar a abertura do
inquérito, a ministra Cármen Lúcia também homologou o acordo.
A partir de agora, a Procuradoria vai poder pleitear que a Polícia
Federal cumpra diligências, como coleta de provas e depoimentos. Depois,
o procurador vai decidir se denuncia ou não o parlamentar. Se isso
acontecer e o Supremo receber a denúncia, Agripino passa a ser réu e
responderá à ação penal. Ainda terá que ocorrer julgamento do
parlamentar. Após a fase de inquérito, o procurador poderá ainda optar
pelo arquivamento, se considerar que não foram coletadas provas
suficientes para a continuidade do processo.
“Vou acompanhar os desdobramentos deste caso”
Líder nacional petista, a senadora Fátima Bezerra irá acompanhar de
perto os desdobramentos da investigação do STF sobre o senador José
Agripino Maia. Lembrando que o inquérito tramita em segredo de Justiça,
Fátima disse que o caso enseja atenção por envolver um senador da
República e denúncia de recebimento de propina da ordem de R$ 1 bilhão.
“O inquérito tramita em segredo de Justiça na Procuradoria Geral da
República, mas vou acompanhar como é dever de todo parlamentar, os
desdobramentos deste caso”, afirmou Fátima Bezerra. Para ela, a
sociedade potiguar merece receber todas as informações inerentes a este
caso, já que o foco da questão é um dos representantes públicos do Rio
Grande do Norte no Congresso Nacional.
“Estamos falando de um senador da República, representante do Rio
Grande do Norte, citado em delação premiada acusado de receber R$ 1
milhão em propina. Isso é muito sério. A sociedade potiguar merece ser
esclarecida sobre este e qualquer outro cenário cujos indícios apontem
possível postura desabonadora por parte de seus representantes. Na
condição de senadora do RN cumprirei meu papel de acompanhar o caso”,
disse Fátima.
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