Corrupção e luxúria: MP divulga relação extraconjugal de ex-diretor do Idema

Transcrição de diálogo revela que ex-diretor do Idema utilizou apartamento comprado com dinheiro desviado do Idema, segundo MPRN, para hospedar namorada.

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Por Redação

Apartamento é de alto padrão em Ponta Negra. (Foto: Google Street View)

A peça 250 páginas que o Ministério Público do Rio Grande do Norte tornou pública traz uma revelação, de foro pessoal, que relaciona o esquema no Idema, descortinado na Operação Candeeiro, à luxúria, tornando ainda mais picante a trama de corrupção.

À página 84, os promotores transcrevem uma conversa entre um agente do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) travada com o porteiro de um dos edifícios em que Gutson Reinaldo Bezerra, ex-diretor do Idema, adquiriu um dos 15 imóveis obtidos com parte dos quase R$ 20 milhões desviados do Idema, segundo o MPRN.

Na conversa, o agente, que se passa por um entregador de revista, começa a indagar sobre Gutson, ao que o porteiro revela que o apartamento comprado naquele edifício, o Ahead Ponta Negra, serviu ‘só para guardar uma mulher’.

Surpreso com espontaneidade, o agente do Gaeco ainda pergunta: “Guardar quem?”. Em seguida, o porteiro esclarece: “Uma mulher. Uma namorada dele aí, que passou trinta dias”.

Casado com Aratusa Barbalho de Oliveira, em nome de quem, segundo o MP, eram colocados os imóveis adquiridos, Gutson está com prisão preventiva decretada. Ele é filho de Rita das Mercês, procuradora afastada da Assembleia Legislativa suspeita de comandar um esquema que teria desviado do Palácio José Augusto R$ 5,5 milhões.

Abaixo, a íntegra da conversa transcrita onde se revela a relação entre corrupção e luxúria:

PORTEIRO (MÁRIO): – Portaria, Mário.

AGENTE DO GAECO: – Mário, é pra entregar uma revista aqui.

PORTEIRO (MÁRIO): – É aquela revista é de Hugo?

AGENTE DO GAECO: – Oi?

PORTEIRO (MÁRIO): – É Hugo?

AGENTE DO GAECO: – Gutson.

PORTEIRO (MÁRIO): – Gutson. É esse cidadão mesmo que não mora mais aqui.

AGENTE DO GAECO: – Tu disse o que?

PORTEIRO (MÁRIO): – Que ele não mora mais aqui. Ele tem uma loja de carro vizinho ao Atacadão

AGENTE DO GAECO: – Tu sabe o nome da loja?

PORTEIRO (MÁRIO): – Sei não. Inclusive, até um…

AGENTE DO GAECO: Eu acho que eu não lembrava… Quer dizer eu lembrava.. É porque o cara anda demais aí… (…) Trecho de difícil compreensão.

PORTEIRO: – Atacadão. Atacadão desse lado. É uma loja do lado do Atacadão.

AGENTE DO GAECO: – Ahh… É do ladinho?

PORTEIRO (MÁRIO) É. É conhecido ele lá.

AGENTE DO GAECO: – É que eu acho que da última vez tu disse “em frente”

PORTEIRO (MÁRIO): – Não, é do lado. É uma que tem uns quioques, onde tem um bocado de loja

AGENTE DO GAECO: – Ei, valeu, Mário. Vou ver se eu não volto mais aqui.

PORTEIRO (MÁRIO): – Se você quiser melhor informação dele, você tem que ir aqui na Unidade

AGENTE DO GAECO: – Ele vivia nessa imobiliária, era?

PORTEIRO (MÁRIO): – Duna Barcane, ali em frente ao retorno, não tem errada.

PORTEIRO (MÁRIO): – Ele passou trinta dias aqui, e assim mesmo muito pouco ele vinha aqui, que era só pra guardar uma mulher aqui.

AGENTE DO GAECO: – Guardar quem?

PORTEIRO (MÁRIO): – Uma mulher. Uma namorada dele aí, que passou trinta dias.

AGENTE DO GAECO: – Tá bom, Mário.