Cristiane Coelho é acusada também de tentar matar ex-marido com veneno.
Na semana passada, decisão da Justiça negou habeas corpus da acusada.
Cristiana Renata Coelho, acusada de matar o filho com sorvete
envenenado e tentar matar o ex-marido também com veneno, vai a júri
popular, segundo determinação da juíza Daniela Lima da Rocha pronunciada
nesta segunda-feira (5).
“O conjunto de informações prestadas pelas testemunhas e pela vítima
sobrevivente, portanto, afigura-se apto a diluir e fragilizar a versão
apresentada pela acusada. Também encontrados na prova pericial,
afiguram-se suficientes para enviar a ré ao julgamento pelo Tribunal
Popular do Júri”, explicou a magistrada.
Na semana passada, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará
negou pedido de liberdade para Cristiane Renata Coelho Severino Coelho,
acusada de matar o filho com sorvete envenenado e de tentar assassinar o
ex-marido, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra. Cristiane
Coelho foi denunciada por homicídio triplamente qualificado (motivo
fútil, meio cruel e recurso que dificulte a defesa da vítima).
De acordo com decisão do relator, desembargador Haroldo Correia de
Oliveira Máximo, a prisão da acusada deve ser mantida pela
periculosidade do crime cometido. O magistrado destacou que há
necessidade de prisão “para o fim de resguardar a ordem pública, pois a
acusada [Cristiane], teria, em tese, planejado, com meses de
antecedência, a morte de seu companheiro, e mais grave, de seu filho".
A defesa de Cristiane pediu a revogação da prisão preventiva pela
aplicação e medida cautelar alegando constrangimento ilegal pela falta
de fundamentação no decreto prisional. Quanto a aplicação de medidas
cautelares, o relator entendeu que é inadequado a substituição.
"Justifica-se em razão da gravidade concreta da conduta, não se
mostrando, pois, suficiente para atender às exigências do caso".
De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado (MPCE), a ré
teria administrado veneno (chumbinho) para o esposo e filho, e logo após
simulado uma suposta agressão física para incriminar o marido. No
entanto, Francileudo sobreviveu, após ficar vários dias em coma, e negou
a acusação da mulher. Depois de acareação entre o casal, ficou revelada
a inconsistência da versão de Renata.
Cristiane Coelho teve a prisão preventiva decretada em 5 de maio, pela
juíza Daniela Lima da Rocha. A juíza também determinou a quebra de
sigilo do perfil social em rede social (Facebook) e de e-mails da
acusada e da vítima Francileudo Bezerra, relativos ao período de julho
de 2013 a janeiro de 2015. A juíza entendeu que o "interesse público
deve se sobrepor à proteção constitucional do sigilo individual, para
aferição de possível coautoria do delito".
Na decisão, a juíza ressaltou que os laudos periciais somados aos
depoimentos e acareações "demonstram, sem margem de dúvida, a
materialidade delitiva, prova de onde também exsurgem mais do que
indícios de que Cristiane Renata Coelho Severino utilizou-se de veneno
para rato, conhecido popularmente por chumbinho, para ceifar a vida do
filho e tentar contra a vida do marido”.
Cristiane Coelho foi indiciada no dia 27 de abril por tentativa de
homicídio triplamente qualificado contra o então marido, e por homicído
triplamente qualificado do filho. Com a decisão, Cristiane passou à
condição de ré em ação penal e tem prazo de 10 dias para apresentar a
defesa das acusações.
Entre os agravantes dos crimes estão motivo torpe, com emprego de
veneno, com recurso que torna impossível a defesa, além da vítima ser
criança e filho de Cristiane. Se condenada, Cristiane Coelho pode pegar
até 30 anos de prisão.
O crime
Na madrugada de 11 de novembro de 2014, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e seu filho Lewdo Bezerra ingeriram veneno para rato conhecido como "chumbinho". A substância foi encontrada no sifão da pia da cozinha da casa do casal. O pai ficou internado durante 32 dias no Hospital Geral do Exército, em Fortaleza, dos quais em coma por uma semana, e se recuperou.
Na madrugada de 11 de novembro de 2014, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e seu filho Lewdo Bezerra ingeriram veneno para rato conhecido como "chumbinho". A substância foi encontrada no sifão da pia da cozinha da casa do casal. O pai ficou internado durante 32 dias no Hospital Geral do Exército, em Fortaleza, dos quais em coma por uma semana, e se recuperou.
O militar chegou a ser apontado como suspeito de homicídio, porque no
primeiro depoimento a mulher, Cristiane, contou à polícia que ele tinha
matado o filho com tranquilizantes e tentado se matar, além de
agredi-la. "A Cristiane, que dizia ter sido espancada pelo marido, matou
o filho envenenado fazendo uso de sorvete de morango. Não há mais
dúvida", afirmou o delegado Wilder Brito, presidente do inquérito.
Cristiane Coelho é presa em Fortaleza; ela é suspeita de matar o filho com sorvete envenenado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
A motivação do crime, de acordo com as investigações, seria um seguro
do Exército de cerca de R$ 150 mil, os soldos do militar e um outro
seguro que o subtenente havia feito em nome do filho mais velho. “Ela
era a principal beneficiária. O pessoal do Exército, os militares, têm
um seguro e ela seria a principal beneficiária. Além disso, além do
seguro, ela seria pensionista do Exército, ela não precisaria
trabalhar, todo mês o dinheiro ia cair na conta dela”, disse Francileudo
Bezerra, em entrevista.
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