Foto 1: Jorge William / Agência O Globo; Foto 2: Jefferson Rudy / Agência Senado / 29/10/2014
Por interino
Em meio à crise política que atinge o 
governo interino de Michel Temer, que, em 19 dias desde a posse, já teve
 que afastar dois ministros flagrados em grampos telefônicos tentando 
barrar a operação Lava-Jato, os senadores Romário (PSB-RJ) e Acir 
Gurgacz (PDT-RO), que votaram pela abertura do processo de impeachment 
da presidente Dilma Rousseff, admitem agora a possibilidade de rever 
seus votos no julgamento final, que deve ocorrer até setembro. A virada 
desses dois votos, caso se concretize e os demais votos se mantivessem, 
seria suficiente para evitar a cassação definitiva da petista. O Senado 
abriu o processo de impeachment com o apoio de 55 senadores e, para 
confirmar essa decisão no julgamento de mérito, são necessários 54 
votos.
Romário não descarta que os novos 
acontecimentos políticos provocados pelos grampos do ex-presidente da 
Transpetro, Sérgio Machado, mudem seu voto. O senador do PSB votou pelo 
afastamento de Dilma, mas diz que “novos fatos” podem influenciar seu 
voto no julgamento definitivo.
— Meu voto foi pela admissibilidade do 
impeachment, ou seja, pela continuidade da investigação para que 
pudéssemos saber se a presidente cometeu ou não crime de 
responsabilidade. Porém, assim como questões políticas influenciaram 
muitos votos na primeira votação, todos esses novos fatos políticos irão
 influenciar também. Meu voto final estará amparado em questões técnicas
 e no que for melhor para o país — disse Romário ao GLOBO ontem.
No PSB de Romário, no Senado, cresce a 
tese em defesa da realização de novas eleições. Esse argumento, de nem 
Temer nem Dilma, pode ser usado para reverter votos contra Dilma na 
Casa. Entre os líderes dos partidos aliados de Michel Temer, há uma 
preocupação com os erros sucessivos e que as crises políticas afetem a 
votação do impeachment.
O PT vai usar, na defesa de Dilma na 
comissão do impeachment, a conversa de Machado com o senador Romero Jucá
 (PMDB-RR), em que o então ministro do Planejamento diz que a aprovação 
do impeachment de Dilma poderia “estancar a sangria”. A interpretação é 
que o objetivo do impeachment era interromper as investigações da 
Lava-Jato, que atinge vários integrantes da cúpula do PMDB.
Já Acir Gurgacz assegurou a seu partido,
 segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, que mudará sua posição e 
votará contra o impeachment desta vez. Por conta disso, o Diretório 
Nacional do PDT adiou ontem decisão sobre uma punição disciplinar aos 
senadores do partido. Ainda de acordo com Lupi, o senador Lasier Martins
 (PDT-RS) pretende manter seu voto favorável ao afastamento de Dilma.
— O Acir vai votar contra (o impeachment), ele mandou por escrito — disse Lupi.
Procurado, Gurgacz afirmou que ainda não tem posição fechada:
— O que eu coloquei é que a 
admissibilidade (do impeachment) era uma necessidade, porque a população
 estava cobrando a discussão. O mérito é outro momento, estamos 
avaliando. Entendo que não há crime de responsabilidade fiscal por causa
 das pedaladas (fiscais), mas a questão é mais pela governabilidade, 
pelo interesse nacional.
O Diretório Nacional do PDT expulsou 
ontem o deputado Giovani Cherini (RS) por ter votado a favor da abertura
 do processo. Apesar de também terem apoiado o afastamento de Dilma, 
outros cinco deputados receberam uma punição praticamente simbólica, a 
suspensão por 40 dias.
Parecer da Comissão de Ética do PDT 
apontou como agravantes do caso Cherini o fato de ele ter supostamente 
feito campanha contra a orientação partidária, ter tentado virar outros 
votos no partido, e ter dado declarações a favor do impeachment.
Foram suspensos os deputados Sérgio 
Vidigal (ES), Flávia Morais (GO), Mário Heringer (MG), Subtenente 
Gonzaga (MG) e Hissa Abrahão (AM).
— O fechamento de questão é uma coisa, a
 decisão sobre quem não cumpriu é outra. É legítima qualquer decisão (do
 diretório)— disse Lupi, irritado, ao rebater crítica de um integrante 
do partido, que defendia a expulsão dos seis deputados, já que o PDT 
havia fechado questão contra o impeachment.
O Globo
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