No
Rio Grande do Norte, cerca de 45 mil crianças e adolescentes, entre 5 e
17 anos, trabalham em situação irregular, sujeitas à acidentes, como
mutilação, intoxicação, dentre outras sequelas. O alerta foi feito
ontem, 14 de junho, em seminário realizado pela Secretaria Municipal de
Trabalho e Assistência Social (Semtas) de Natal, alusivo ao Dia Mundial
de Combate ao Trabalho Infantil (12), no auditório do Ministério Público
do Trabalho (MPT/RN).
“Construindo
direitos e enfrentando o Trabalho Infantil: educando para uma nova
cultura” foi o tema do evento, com a participação do procurador regional
do Trabalho Xisto Tiago de Medeiros, do juiz do Trabalho Zéu Palmeira,
da auditora fiscal do Trabalho Marinalva Dantas, da secretária titular
da Semtas, Ilzamar Pereira, da vereadora Júlia Arruda, da presidente do
Comdica, Ângela Maria Lopes e do representante dos Conselhos Tutelares
Luiz Alberto Júnior.
A
auditora fiscal do Trabalho Marinalva Dantas, que é coordenadora do
Fórum Estadual de Combate à exploração da criança e do adolescente
(Foca/RN), destacou que 3,3 milhões de crianças e adolescentes trabalham
no país em atividades de risco. No estado, apresentou os principais
locais onde elas são encontradas: nas ruas, nas feiras livres, nos
lixões, na produção de castanha, na agricultura, e em lugares de difícil
acesso, como o ambiente doméstico.
Para
o procurador regional do Trabalho Xisto Tiago de Medeiros Neto, “as
principais dificuldades enfrentadas no combate à prática são: a
invisibilidade física, quando o trabalho infantil acontece dentro das
residências e outros locais de difícil acesso; e a invisibilidade
social, quando todos presenciam, mas não se dão conta de que se trata de
trabalho infantil, como crianças que pedem esmola ou fazem malabarismos
nos semáforos, vendem fogos de São João”, explica.
A
secretária municipal Ilzamar Pereira reforçou a visão do MPT/RN e
ressaltou que "é necessário estarmos atentos à banalização do trabalho
infantil, que, em muitas vezes, está próximo a todos, como nas feiras
livres, e é ignorado".
Lembrando
a campanha deste ano, que diz “Não ao trabalho infantil nas cadeias
produtivas”, o juiz do Trabalho Zéu Palmeira contou que as cadeias
estimulam a utilização do trabalho infantil, devido à competição
capitalista que resulta no trabalho predatório. “Não há como combater o
trabalho infantil sem combater a precarização das relações de trabalho”,
disse, chamando atenção para a ameaça do PLC 30/2015, da terceirização
sem limites, em trâmite no Senado.
O
procurador também chamou a atenção para o momento de crise econômica,
que traz como consequência o aumento do desemprego, o que repercute no
crescimento do trabalho infantil, já que os pais passam a contar com o
trabalho dos filhos para auxiliar na renda da família.
“É
importante unirmos nossas experiências para intensificarmos ainda mais,
a cada ano, a luta contra o trabalho infantil, proporcionando
alternativas eficazes que dê às crianças e adolescentes do estado uma
esperança de um futuro melhor”, conclui o procurador, que é titular da
Coordenadoria Regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e
do Adolescente (Coordinfância), do MPT/RN.
Como
exemplo destas alternativas, o evento contou com uma apresentação
cultural da ONG Atitude e Cooperação, que trouxe uma pequena orquestra
que integra o projeto Tocando a Vida com D’amore, idealizado pelo
maestro Oswaldo D’amore, que atende 121 crianças, adolescentes e jovens,
de bairros da Zona Oeste de Natal.
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