Apesar
do quadro emergencial que passa setores públicos do estado do Rio
Grande do Norte, os poderes judiciário e legislativo apresentam folgas
em suas peças orçamentárias. Em informações obtidas através do Portal da
Transparência, a soma das sobras orçamentárias (superávit) do
Ministério Público do RN, da Assembleia Legislativa e do Tribunal de
Justiça chegam a um valor de quase R$ 298,9 milhões de reais.
Os
órgãos, que justificam a utilização desse saldo positivo em futuras
despesas orçamentárias, ainda não se colocam como suporte a crise
econômica que passa o Executivo. E mesmo com a aprovação pela
Assembleia, em janeiro, da doação de 50 viaturas policiais, no valor
total de R$ 5 milhões, e de 85 ambulâncias, sem valor informado, o
Governo ainda não recebeu nada do declarado.
Enquanto essas sobras
são utilizadas para fins próprios dos poderes, um estado de emergência
já atinge o Rio Grande do Norte. Em uma avaliação sobre como está a
saúde pública do Estado, o coordenador do Sindicato dos Servidores em
Saúde do RN (SindSaúde), Manuel Egídio, afirma que o quadro é de
“sobrecarga de trabalho, alta demanda, déficit de pessoal e falta de
insumos e materiais”.
Para ele, a maioria dos hospitais ainda
passa por uma acumulação de pacientes que esperam por procedimentos
cirúrgicos. A exemplo disso, cita o Walfredo Gurgel, onde são realizadas
cirurgias de primeiro tempo, ou seja, emergenciais, sendo as demais
encaminhadas a outros hospitais e clínicas, devido à superlotação, porém
mesmo assim também enfrentam os mesmos problemas, levando milhares de
pessoas a aguardarem procedimentos cirúrgicos em suas casas.
Sobre
a segurança pública, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis
(Sinpol), Paulo César, diz que as delegacias continuam sucateadas,
precisando de reformas estruturais e equipamentos. “Coletes já estão
vencidos, outros prestes a vencer. Algemas e pistolas não tem para todo
mundo. Há policiais no interior trabalhando com revólveres, isso não é
mais admissível nessa altura do campeonato, enquanto um bandido vem com
fuzil”, diz.
Outro setor que também passa por grandes dificuldades
devido à falta de investimentos e recursos públicos é a educação no
Estado. A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Pública (Sinte), Fátima Cardoso, aponta dois problemas graves: a falta
de professores, pela suspensão de suas convocações pelo Tribunal de
Contas; e a estrutura e infraestrutura das escolas.
“As escolas
estão caindo aos pedaços. Não por acaso acontece quase diariamente a
queda de alguma estrutura. É uma estrutura velha, sem manutenção e que
está ao longo dos anos caindo em ruínas”, avalia Fátima.
Diante
desse quadro, o Governo do RN já entrou com ações para liberação de
alguma das verbas. A exemplo disso ocorreu com o arrecadado pelo Poder
Judiciário que fez o governador Robinson Faria (PSB), em novembro do ano
passado, solicitar a liberação do superávit financeiro do Poder,
avaliado na época em R$ 571,3 milhões.
Mesmo assim, o atual
presidente do Tribunal de Justiça, Expedito Ferreira, recua quanto as
intenções de Cláudio Santos em doar, ano passado, R$ 100 milhões aos
cofres do executivo: “Foi uma decisão pessoal do desembargador Cláudio
Santos. Nenhum juiz, nenhum magistrado, nenhum desembargador é a favor
do repasse do dinheiro”.
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