Foto arquivo
A violência no trânsito potiguar provocou um impacto econômico de R$
1,68 bilhões no ano passado, ou 3,02% do Produto Interno Bruto (PIB).
Essa é a perda da capacidade produtiva causada por acidentes que mataram
571 pessoas e deixaram outras 729 com invalidez permanente. O valor
corresponde ao que seria gerado pelo trabalho das vítimas caso não
tivessem se acidentado. O cálculo é do Centro de Pesquisa e Economia do
Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros.
Entre 2015 e 2016,
houve redução de 34,59% na perda do PIB do estado. No ano anterior, a
capital federal o valor da perda no PIB foi de R$ 2,56 bilhões. Mesmo
assim, o estado tem a terceira maior perda percentual do Nordeste e tem
média acima da regional que é de 2,77%. O fator que mede a perda da
capacidade produtiva é chamado de Valor Estatístico da Vida (VEV), ou
seja, o quanto cada brasileiro deixa de produzir anualmente em caso de
morte ou invalidez.
Segundo o diretor do CPES, Claudio Contador, a
redução do número de vítimas de acidentes graves está ligada a dois
fatores básicos: o aumento da fiscalização (Lei Seca) em alguns estados e
a crise econômica, que reduziu as vendas de automóveis e tirou muitos
veículos de circulação no país.
“A violência no trânsito caiu de
forma considerável, o que é um fato alentador. Ainda assim, o número de
vítimas remete a um quadro de guerra. E a grande maioria concentra-se na
faixa etária de 18 a 64 anos. Ou seja, pertence a um grupo em plena
produção de riquezas para a sociedade”, analisa Claudio Contador.
No Brasil
São
Paulo, Minas Gerais e Paraná lideram as estatísticas de perdas
decorrentes dos acidentes de trânsito. Segundo o estudo do CPES, o
impacto econômico nesses estados foi de R$ 24,7 bilhões, R$ 15,7 bilhões
e R$ 11 bilhões, respectivamente. Em São Paulo, morreram 5.248 pessoas
em acidentes no ano passado – quase o dobro de toda a Região Norte. O
Rio de Janeiro registrou perdas de R$ 10,2 bilhões, com 2.199 mortes no
trânsito. Já o Nordeste lidera em número de acidentes com invalidez
permanente: 11.086, sendo 4.094 noCeará e 1.609 em Pernambuco.
O
Centro-Oeste sofreu a maior perda em comparação com o Produto Interno
Bruto: o impacto da violência no trânsito consumiu 3,6% do PIB regional,
seguido das regiões Nordeste (2,8%) e Sul (2,6%). O Estado de Goiás,
por exemplo, registrou 1.559 mortes em acidentes e 1.622 casos de
invalidez permanente, o que representou impacto de R$ 6,8 bilhões (4% do
PIB).
Mas há casos em que a situação é muito mais grave. Em
Roraima, a perda chega a 6% do PIB estadual, recorde no país. “Quando
uma pessoa morre num acidente, ela deixa de produzir riquezas para seu
país. Se fica inválida, deixa de produzir e também impacta a economia de
sua família, porque fica dependente de cuidados e tem despesas
adicionais. É disso que a nossa pesquisa trata”, explica Claudio
Contador.
Segundo a economista Natalia Oliveira, coautora do
estudo, a queda no número de acidentes de trânsito, principalmente com
vítimas fatais, representa um grande avanço. “Essa redução é
consequência, entre outros fatores, de uma resolução das Nações Unidas
que estipula uma meta audaciosa: diminuir em 50% o número de vítimas no
trânsito até 2020. Para atender essa resolução, o Brasil criou o Plano
Nacional de Redução de Acidentes e Segurança Viária para a década 2011-
2020”, diz.
O Plano é composto de ações de fiscalização, educação,
saúde, infraestrutura viária e segurança veicular, que visam contribuir
para a redução das taxas de mortalidade e lesões por acidentes de
trânsito. “Essas medidas são bem eficazes quando percebemos um retorno
tão significante, não só nas vidas que poupamos, mas também no que
deixamos de perder no PIB”, conclui Natalia
Nenhum comentário:
Postar um comentário