G1/RN
Centro
cirúrgico fechado e pelo menos 93 pacientes nos corredores, sem banho,
sem troca de curativos e aplicação de remédios. O cenário é o Hospital
Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior unidade de saúde do Rio Grande do
Norte, que funcionava com apenas metade da equipe de técnicos de
enfermagem na manhã desta quarta-feira (20).
Segundo
o Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde),
pelo menos 40 funcionários faltaram ao trabalho por falta de condições
de pagar uma passagem de ônibus. Os salários de novembro ainda não foram
depositados e não há prazo para isso. O governo afirmou que paga os
vencimentos de quem recebe até R$ 2 mil nesta quinta-feira (21), mas os
representante da categoria alegaram que a maioria dos servidores da
saúde não será contemplada nessa faixa salarial.
Luciana
Paula Marinho, gerente do pronto-socorro Clóvis Sarinho, do Walfredo
Gurgel, afirmou que os serviços como banho de pacientes, troca de
curativos, aplicação de medicamentos ficou comprometida com a falta de
servidores. Apenas as cirurgias de urgência e emergência são realizadas
por uma equipe de plantão.
Em
meio à confusão nos corredores, a técnica de enfermagem Maria José
Macêdo, que trabalha há 25 anos no serviço público, questionava: "Alguém
pode me ajudar pra voltar pra casa?". Ela foi trabalhar sem dinheiro
para voltar e recebeu ajuda de pacientes para conseguir pagar a
passagem. "É triste depois de tanto tempo passar por uma humilhação
dessa", disse à reportagem.
"Eles
(servidores) não têm culpa de nada, tentam nos ajudar mas não tem
remédio. Fazem isso por amor mesmo", disse o marceneiro Carlos Rafael
Santos, paciente que ajudou a servidora.
O
queijeiro Joseildo Alves, que está com uma fratura exposta, afirmou que
desde a última segunda-feira (18) está sem tomar banho, esperando a
cirurgia. Um paciente de 90 anos, com o fêmur quebrado, também estava na
mesma situação, sobre uma maca que conseguiram para ele.
De
acordo com o Sindsaúde, além do Walfredo Gurgel, o problema também
atinge outras unidades, como o Hospital Ruy Pereira, que também teve
apenas quatro cirurgias eletivas realizadas durante a manhã, por falta
de equipe. No Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, das três salas
de cirurgia, apenas uma funcionou durante a manhã, segundo Rosália
Azevedo, diretora sindical.
Os
servidores fazem uma manifestação na avenida Salgado Filho, no bairro
Tirol, em Natal, quase em frente ao Hospital Walfredo Gurgel. No
semáforo da esquina com a Rua Alberto Silva, os trabalhadores usam
sacolas e caixas para pedir dinheiro aos motoristas. "A situação está
muito grave e acredito que até o Natal ela vai piorar", comentou
Rosália.
O
governo afirmou que está se empenhando em pagar os salários de forma
mais rápida possível. Já a Secretaria de Saúde afirmou que está
acompanhando a situação das unidades.
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