As chuvas que começaram a cair no Rio Grande do Norte neste carnaval
confirmam a previsão de meteorologistas de um inverno regular para o
estado este ano, segundo o secretário-adjunto do Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos do Estado, José Mairton França. Hoje, 43% dos
reservatórios do estado estão secos ou em volume morto mas as chuvas não
são suficientes para normalizar a situação hídrica do Estado.
Pelos
prognósticos, aponta José Mairton França, há probabilidade de 25% de
chuvas acima da média, 45% na média e 30% abaixo da média. “É muito
melhor que as previsões dos últimos anos”, ressalta o secretário.
De
acordo com a Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN) é esperado
que a partir do deste dia 15 (quinta-feira), explica o secretário, a
Zona de Convergência Intertropical (ZCI) atue favorecendo chuvas e
umidade para o estado mais fortemente.
Segundo ele, os mapas que a
Emparn passou para a Semarh mostram que a Zona de Convergência
Intertropical já atua no interior com mais força. “A gente espera que
este seja o início da nossa quadra chuvosa”, frisa. Mas isso também não
impede a ocorrência de veranicos (períodos de estiagem na estação das
chuvas) apesar das previsões apontarem chuvas acima e na média.
No
ano passado, a situação era inversa, com percentuais de chuva na média
ou abaixo da média. As chuvas que têm caído nos últimos dias, compara o
secretário, já aliviaram em muito a situação de estiagem que o estado
enfrenta há seis anos.
A região mais crítica de recursos hoje no
estado é o Alto Oeste, situa José Mairton França. O número de municípios
em colapso é bem maior nesta região. Das 16 cidades do RN em colapso no
abastecimento, 11 são do Alto Oeste, segundo a Caern (Companhia de
Abastecimento de Águas e Esgotos do RN). O problema se agrava mais
porque essas cidades estão nesta situação há vários anos, complementa o
secretário.
No Seridó, a região as cidades que mais preocupa
porque são mais populosas são Currais Novos e Caicó hoje há outras
alternativas de abastecimento além das que já existiam de forma natural
como o açude Itans (Caicó) e o Rio Piranhas em Jardim do Seridó.
Nessa
região tem uma adutora construída recentemente pelo DNOCS (Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca) que leva água para a cidade de Caicó.
Em Currais Novos, que tem uma população menor, há condições de atender
com a Operação Vertente, que faz o abastecimento de água potável com
carros-pipa para uma população de 110 mil potiguares no Alto Oeste e
Seridó.
Mas com as chuvas que estão caindo, o secretário disse que
espera que a Armando Ribeiro Gonçalves “tome” alguma água. Mas não dá
para saber quanto essa quadra chuvosa de 2018 vai reabastecer e em quais
reservatórios, diz. Segundo ele, as chuvas que caem no estado têm uma
característica de serem muito localizadas mesmo que sejam torrenciais
“Vamos torcer que elas caiam nas bacias hidráulicas que abastecem as
nossas barragens”.
A barragem de Passagem das Traíras, em São José do Seridó, tomou um
pouco de água e isso significa que o Rio Seridó terá água que pode
chegar ao açude Itans que hoje está completamente seco.
NOVO QUADRO
José
Mairton França adverte que por melhor que seja o inverno deste ano de
2018 não há expectativa que os reservatórios fiquem cheios. A previsão
do Igarn (Instituto de Gestão de Águas do RN), com margem de erro alta, é
que este ano se consiga recuperar 40% da água que se perdeu nos anos de
estiagem mas não significa dizer que isso é o que vai acontecer, porque
em matéria de meteorologia não se pode dar uma previsão 100% segura
porque há possibilidade de fenômenos aleatórios reverterem as previsões.
No ano passado havia probabilidade muito boa mas a situação não se
confirmou.
Este ano, pelo menos, explica o secretário, as
previsões são muito mais otimistas. Os meteorologistas mais pessimistas
têm dado boas previsões para o Ceará e Rio Grande do Norte, mas para a
Paraíba e Pernambuco, a situação deve ser parecida com a do ano passado.
Mas,
apesar de tudo, não significa que o quadro das chuvas seja de
normalidade. Por isso, a tendência é manter a situação de emergência
para os 153 municípios atingidos pela estiagem. O decreto de situação de
emergência deve ser reeditado mesmo com as chuvas. A situação deste ano
está complicada por causa do sexto ano de seca (2017) e os
reservatórios estão muito baixo.
O monitoramento da situação
volumétrica dos reservatórios do estado feito pela Semarh é muito ruim.
Pelo menos 43% estão ou secos ou em volume morto, um número muito alto
nunca registrado na história de abastecimento d’água do estado, diz
Mairton França.
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