Impossibilitado de fazer atos públicos de campanha após ter sido atingido
por uma facada na quinta-feira (6), o presidenciável Jair Bolsonaro
(PSL) deve usar as redes sociais para se dirigir a seus eleitores nos
próximos 30 dias que antecedem as eleições.
Menos de 24 horas depois de ter sofrido o atentado, ele recorreu à
internet para tranquilizar seguidores: "Estou bem e me recuperando!",
escreveu. "Agradeço do fundo do meu coração a Deus, minha esposa e
filhos, que estão ao meu lado, aos médicos que cuidam de mim e que são
essenciais para que eu pudesse continuar com vocês aqui na Terra, e a
todos pelo apoio e orações!"
Com grande número de seguidores, que
ultrapassam 1 milhão, em questão de segundos as postagens receberam
centenas de replicações e respostas.
Como a internação pode durar
pelo menos dez dias, outros assumirão a dianteira nos atos de rua. Já
foram escalados para a função dois de seus filhos, o candidato ao Senado
Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que
disputa reeleição. O vice da chapa, general Hamilton Mourão (PRTB),
também deve assumir algumas das agendas.
O ataque sofrido pelo
candidato coincidiu com um momento em que a organização da campanha
pretendia intensificar os atos nas ruas.
Embora lidere pesquisas de intenção de votos, ele perde para quase
todos adversários em simulações de segundo turno, exceto Fernando Haddad
(PT), com quem aparece tecnicamente empatado.
Diante disso,
aliados haviam decidido intensificar as ações de campanha nos maiores
colégios eleitorais, em especial estados do Sudeste e do Nordeste, e
incluir agendas públicas nos domingos e nas segundas-feiras, dias que o
candidato tirava para descansar ou para se preparar para entrevistas e
debates.
Bolsonaro havia se comprometido a ir pela primeira vez ao
Nordeste desde que foi oficializado candidato. Começaria na terça-feira
(11) em Recife (PE), passaria por Maceió (AL) e encerraria em Salvador
(BA), na quinta-feira (13).
Além de comícios, caminhadas e visitas, a campanha terá de decidir sobre a participação do candidato em entrevistas e debates.
A
escolha de um único representante ou de múltiplos deve enfrentar nova
disputa interna de poder. O PRTB se apressou em soltar uma nota na tarde
de sexta (7) para dizer que a tendência era que Mourão assumisse os
compromissos de Bolsonaro. Ao pousar no Rio, o vice amenizou o tom e
disse que ainda teria conversas em São Paulo e em Brasília.
O
deputado Major Olímpio (PSL), coordenador de campanha em São Paulo,
confirma a ideia de convocar os quadros para atuarem nas ruas.
"Tenho
uma agenda muito grande de eventos de rua, vou pedir aos deputados, às
executivas, ao PRTB [que façam o mesmo]. Aliás, neste momento não, mais
para a frente. Agora é 100% a saúde dele a preocupação", disse à Folha.
Tom semelhante foi dado por Flavio, ao entrar no hospital Albert Einstein, em São Paulo, para visitar o pai.
"O
capitão está se recuperando, mas a gente vai estar na rua para fazer a
campanha dele e virar essa página triste do nosso país", disse.
Uma ala de apoiadores formada por militares defende que Mourão assuma
alguns dos compromissos do candidato. Esse grupo pode sofrer
resistência de um núcleo mais político, ligado ao presidente do PSL,
Gustavo Bebianno, que vinha comandando as ações de campanha.
Esses
grupos já mostraram algumas divergências sobre o tom que a campanha
deveria ter após o ataque. Horas depois do episódio, Bebianno respondeu
"Agora é guerra" à Folha, após ser perguntado sobre a abordagem que
seria adotada.
Mourão pediu calma. "Eu acho que as primeiras declarações são sempre
feitas na base da emoção e aí as pessoas acabam dizendo coisas que não
deveriam dizer. Existe um velho ditado: as palavras quando elas saem da
boca elas não voltam mais. Essa é uma realidade."
Com informações da
Folhapress.
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