O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou na
segunda-feira (17) a Operação Canastra Real. O objetivo é apurar o
desvio de pelo menos R$ 2.440.335,47 em um esquema envolvendo servidores
fantasmas na Assembleia Legislativa. Ao todo, foram cumpridos 6
mandados de prisão e outros 23 de busca e apreensão. Duas pessoas foram
presas em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Segundo as investigações, o esquema fraudulento foi iniciado em 2015 e
tem como principal integrante a chefe de gabinete da presidência da
Assembleia Legislativa, Ana Augusta Simas Aranha Teixeira de Carvalho.
Para o MPRN, Ana Augusta ocupa posição de controle ao indicar pessoas
para cargos na Casa. Para isso, a chefe de Gabinete forneceu o próprio
endereço residencial para constar nos assentos funcionais e nos
cadastros bancários dos servidores fantasmas por ela indicados.
Além de Ana Augusta, foram presos temporariamente por cinco dias:
Paulo Henrique Fonseca de Moura, Ivaniecia Varela Lopes, Jorge Roberto
da Silva, Jalmir de Souza Silva e Fabiana Carla Bernardina da Silva,
todos ex-assessores técnicos da presidência da Assembleia Legislativa.
Essas cinco pessoas, que foram indicadas por Ana Augusta, tinham altos
vencimentos na Casa, embora não possuíssem nível superior.
A investigação verificou que todos os indicados possuem movimentações
financeiras atípicas, recebendo mensalmente a importância líquida
aproximada de R$ 13 mil. Logo após o depósito dos valores nas contas
bancárias, as quantias eram integralmente sacadas.
Essa movimentação financeira das contas bancárias, todas com saques
padronizados, de valores idênticos, revela que os titulares não possuíam
o controle de suas próprias contas.
Para o MPRN, as contas-correntes desses ex-assessores técnicos foram
abertas somente para desvio de dinheiro público. Embora fossem
servidores com alta renda, optaram por não contratar cartões de crédito.
Mesmo sendo bem remunerados, investigação do Grupo de Atuação Especial
ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MPRN, mostra a ausência
de aquisição de patrimônio no período em que estiveram nomeados para o
cargo na Assembleia. A movimentação financeira deles não espelha a renda
percebida.
Segundo MPRN, esquema tem como principal integrante a chefe de Gabinete
da Presidência da ALRN, Ana Augusta Simas Aranha Teixeira de Carvalho.
Foto: Reprodução/Facebook
Já em relação à Ana Augusta Simas Aranha Teixeira de Carvalho, ao
contrário dos demais investigados, a movimentação financeira é superior à
renda declarada, incompatível com a qualidade de servidora pública e
dissociada da sua declaração de Imposto de Renda. Ela declarou à Receita
Federal, no IR do ano calendário 2015, somente rendimentos advindos da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, enquanto que a
declaração de informações sobre movimentação financeira revelou que a
entrada de recursos na conta dela foi em valores que equivalem a mais
que o dobro da remuneração dela.
A operação Canastra Real contou com o apoio da Polícia Militar.
Participaram da ação 28 promotores de Justiça, 26 servidores do MPRN e
70 policiais militares. Além dos seis mandados de prisão, foram
cumpridos outros 23, de busca e apreensão nas cidades de Natal, Espírito
Santo, Ipanguaçu e Pedro Velho.
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