Lula recebeu visitas de familiares, políticos, artistas e até um pai de santo
Em seis meses de prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
recebeu 572 visitas em sua cela especial na Polícia Federal em Curitiba
(PR). A maioria foi feita por advogados com procuração para defender o
petista, entre eles, políticos como o candidato derrotado do PT à
Presidência, Fernando Haddad – que, embora seja advogado, não atua nos
processos contra o ex-presidente.
A nomeação de políticos aliados como defensores permitiu ao
ex-presidente comandar o PT e a campanha de Haddad da prisão – onde
cumpre pena de 12 anos e um mês desde o dia 7 de abril. A presidente do
partido, Gleisi Hoffmann, o tesoureiro, Emídio de Souza, o deputado
Wadih Damous e os ex-deputados Luiz Eduardo Greenhalgh e Luiz Sigmaringa
Seixas também receberam procurações Isso possibilitou visitas a Lula de
segunda a sexta – direito previsto em lei para defensores de presos.
O período de maior movimento na cela de Lula foram os dias que
antecederam e sucederam a cassação de sua candidatura pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Haddad visitou Lula nos dias 27 e 30 de
agosto. Na semana seguinte, a cela – de cerca de 15 metros quadrados –
ficou pequena para a maior reunião realizada por Lula, com 10 advogados
no dia 3 de setembro.
Entre eles, Haddad, que voltou na tarde daquele mesmo dia. O
ex-prefeito de São Paulo foi oficializado candidato na semana seguinte.
Na véspera e no dia do registro, 11 de setembro, Haddad e Lula tiveram
quatro encontros que duraram, ao todo, cerca de dez horas.
Haddad fez 21 visitas entre 17 de maio e 8 de outubro, um dia depois
da votação em primeiro turno – foram cerca de 400 horas de conversas,
segundo os registros da PF. No dia 9, a presidente do PT anunciou que
Lula teria mandado um recado: “Manda o Haddad fazer campanha, não
precisa vir mais aqui”. E assim foi feito.
Além dos políticos, 21 advogados – defensores que atuam nas áreas
criminal, cível e eleitoral – se revezaram nas visitas diárias. Os mais
presentes foram os paranaenses Manoel Caetano Ferreira e Luiz Carlos da
Rocha, com mais de 100 visitas cada. O criminalista Cristiano Zanin
Martins, dos processos da Lava Jato, fez pelo menos 31 visitas no
período. A banca constituída por Lula inclui ainda o ex-presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence (três visitas), o
ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (11), José Roberto Batochio (sete)
e Roberto Teixeira (quatro).
Em seis meses de prisão, Lula recebeu 54 visitas “sociais”, entre
elas, as da ex-presidente Dilma Rousseff (duas visitas), Jaques Wagner
(três) e de celebridades como Chico Buarque, Martinho da Vila e o ator e
ativista americano Denny Glover.
Os registros da PF mostram que o ex-presidente recebeu 116 visitas da
família, a maioria dos filhos, sempre às quintas-feiras – os demais
presos da carceragem da PF recebem familiares e amigos às quartas.
Na prisão, o ex-presidente petista também teve o direito de receber
visitas “religiosas” às segundas-feiras. Foram 17. O mais assíduo é o
pai de santo Antonio Caetano de Paula Júnior, o Caetano de Oxóssi (três
visitas), da Cabana Pai Tobias de Guiné, conhecida como Terreiro Tulap.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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