Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte
Em seu discurso de posse – marcado por momentos de emoção quando
lembrou da infância na zona
rural e a trajetória da Paraíba para o Rio
Grande do Norte – a governadora Fátima Bezerra (PT) afirmou que o
desafio que assumiu nesta terça-feira, 1°, “é gigantesco”, mas que é do
tamanho de sua disposição para o trabalho.
Reiterando que irá governar para todos, “sem nunca vender ilusões ao
povo”, a governadora eleita disse que a grave crise fiscal e financeira
do RN, que ela qualificou como “legado dramático”, começa a ser debatida
nesta quarta-feira, 2, na primeira reunião com os poderes Legislativo e
Judiciário.
“Uma das faces mais cruéis dessa herança se expressa no completo
desrespeito com os servidores públicos”, afirmou, ao lembrar que herda
do governo de Robinson Faria (PSD) “uma dívida de R$ 2,6 bilhões, três
folhas de pagamento do funcionalismo público atrasadas e dívidas com
fornecedores”.
A governadora adiantou que seu foco, “antes de mais nada, será
organizar as contas para colocar em dia o pagamento dos servidores” e
isto “exigirá de nós muito esforço fiscal, tanto para conter o
crescimento das despesas obrigatórias como para ampliar a arrecadação”.
Ao lembrar sua condição de única mulher eleita ao governo de um
estado nas últimas eleições, Fátima evocou a memória de outras
personalidades femininas potiguares, como Maria do Céu Fernandes, Alzira
Soriano, Clara Camarão, Nísia Floresta, Alta de Souza, Celina Guimarães
e Dona Militana.
“De todas as mulheres potiguares e brasileiras que me inspiram
cotidianamente a seguir a luta. Vocês tomam posse hoje comigo”, afirmou.
Sem citar uma única vez o nome do ex-presidente Lula e dizendo que
governará para todos os potiguares, inclusive para quem não votou nela,
Fátima reconheceu que sua eleição é a “tarefa mais desafiadora” de sua
vida política.
Com vestido claro, com mangas de renda, Fátima lembrou o desemprego e
a insegurança de milhares de potiguares e agradeceu a esperança
depositada nela nas urnas por mais de 1 milhão de pessoas. Nessa linha,
ela afirmou:
“Em um momento tão difícil da história do nosso Estado e do nosso
País, onde o desemprego, a escassez de serviços públicos de qualidade, o
desrespeito aos trabalhadores e a insegurança afetam grandemente as
famílias, me foi confiada a honrosa tarefa de governar o Rio Grande do
Norte. De colocá-lo nos trilhos do desenvolvimento, da justiça e da
inclusão social”.
Como não poderia deixar de ser, a governadora lembrou o tamanho da
crise fiscal que ela assume em forma de uma dívida de R$ 2,6 bilhões;
três folhas de pagamento do funcionalismo público atrasadas e dívidas
com fornecedores que fornecem para áreas essenciais do governo.
Nesse momento, Fátima se comprometeu a regularizar o pagamento dos
servidores públicos; aprimorar a política de segurança pública e
valorizar os seus profissionais; garantir segurança hídrica para todas
as regiões do estado; qualificar os serviços públicos, em especial nas
áreas de educação, saúde e assistência social; retomar a capacidade de
investimento do estado.
Embora negando que fará um governo “olhando para o retrovisor”, a governadora admitiu que “não será fácil, já sabíamos”.
Nesse momento, embargada pela emoção, Fátima falou da infância e a
adolescência na zona rural. “Como a maioria do povo potiguar, eu não
nasci em berço de ouro, sempre lidei com as dificuldades. Com a fome, a
pobreza, a falta d’água, a dificuldade para estudar. Sei o significado
da luta e da construção de oportunidades”, lembrou a governadora com
lágrimas nos olhos.
Já no final de seu pronunciamento de posse, a nova governadora
lembrou o educador de esquerda Paulo Freire para conjugar o verbo
“esperançar”. E justificou: “Não a esperança que espera, mas a que se
levanta, que vai atrás, que constrói, que não desiste. Esperançar é
juntar-se com outros para fazer de outro modo”.
E concluiu:
“Esse é o pacto que quero fazer com vocês. Vamos sonhar e organizar o
sonho. Vamos governar para todos e para os que mais precisam. Vamos ter
esperança e coragem. Paciência e perseverança. Serenidade para lidar
com os desafios, sabedoria para governar e união para juntos trilharmos
um outro caminho. Vamos juntos!”
De acordo com a Polícia Militar, cerca de 2 mil pessoas acompanham a cerimônia de posse da petista.
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