(Foto: Reprodução/Twitter)
Segundo informação do batalhão, ele resistiu a abordagem em
posto de gasolina
O
delegado José Carlos Mastique foi morto por policiais militares na
madrugada do domingo (28) em Itabuna, Sul da Bahia. Mastique estava
dentro de um Honda City em um posto de gasolina, no centro da cidade, e
reagiu a uma abordagem da PM, segundo registro do 15º Batalhão da
Polícia Militar (BPM). O Sindicato dos Policiais Civis (Sindpoc) divulgou nota contestando a versão e acusando os militares de simularem socorro para acobertar um crime.
De acordo com informações do 15º BPM, o delegado
estava com o carro estacionado no Posto Jequitibá, onde funciona também
uma loja de conveniências. Um morador que passou no local, por volta das
4h, estranhou o carro parado, e viu que havia um homem armado no
veículo.
A testemunha então entrou em contato com a
PM informando que suspeitava de que um assalto iria ocorrer no posto.
Uma equipe foi enviada ao local e tentou abordar o delegado que, segundo
o 15º BPM, estava "alterado" e sacou a arma. Os militares atiraram, sem
saber que se tratava de um delegado. Mastique foi baleado no peito. A
própria equipe da PM o socorreu para o Hospital Base de Itabuna, mas o
delegado não resistiu ao ferimento e morreu.
Em nota, o Sindpoc chamou a ação de "desastrosa" e
afirmou que Mastique foi morto ao tentar intervir e impedir que um cabo
da PM agredisse a própria namorada. Diz ainda que ele se identificou,
assim como um colega que estava com ele, e foi baleado ao tentar
entregar sua arma. Leia a nota:
O Sindpoc repudia a ação desastrosa perpetrada
por uma guarnição de policiais militares, onde o cabo da PM Cleomario,
assassinou o delegado da Polícia Civil Mastique, após a vítima tentar
evitar uma agressão de um policial militar de folga contra a sua
acompanhante. Os policiais civis Mastigue e Figueiredo ao serem
abordados se identificaram serem policias e estarem armados. O delegado
ao pegar a arma, para entregar aos policiais militares foi alvejado,
vindo a óbito no local, com objetivo de modificar o cenário do
ocorrido, simularam socorro à vítima.
Os investigadores da Polícia Civil iniciaram a
investigação para esclarecer a sociedade com a verdade dos fatos,
responsabilizando o autor dessa truculência que ceifou a vida do nosso
colega.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o
caso será investigado pela Coordenadoria Regional de Polícia do Interior
de Ilhéus.
Corpo do policial foi enterrado nesta segunda-feira (29)
As testemunhas do assassinato do delegado José
Carlos Mastique de Castro Filho, 55 anos, começarão a ser ouvidas nesta
terça-feira (30) pela Polícia Civil. Ele foi morto com um tiro no
peito por um cabo da Polícia Militar neste domingo (28), em Itabuna, no
Sul da Bahia. Entre as pessoas que prestarão depoimento está a suposta namorada do PM, que teria sido defendida de uma agressão por Mastique no momento do crime.
O corpo de José Carlos foi enterrado nesta
segunda-feira (29). O enterro ocorreu no Cemitério do Campo Santo, no
bairro do Pontalzinho, na própria cidade itabunense. O delegado, que
estava há 15 anos na Polícia Civil e era lotado na 13ª Delegacia
Territorial (Cajazeiras), em Salvador, era casado e deixa um filho.
A morte do delegado ocorreu num posto de
combustível, no bairro Jardim Vitória, onde Mastique tinha ido para
defender uma mulher vítima de violência por um suposto policial militar à
paisana, de acordo com o Sindpoc. A mulher seria namorada do policial militar.
A versão do Sindpoc para o crime narra que o
delegado, que estava com uma mulher e um investigador da Civil,
identificado como Figueiredo, da delegacia de Cajazeiras, tinha ido ao
posto para comprar cigarros e viu as agressões.
Durante a confusão, o delegado teria notado que
havia cinco pessoas e que o agressor era um policial militar. O próprio
Mastique ligou para a Central da PM para pedir reforço e, segundo o
Sindpoc, avisou que havia policiais civis no local.
Ao chegar, os policiais do 15º Batalhão de Polícia
Militar (BPM) abordaram o delegado e o investigador já na avenida em
frente ao posto e mandaram que eles se deitassem no chão. O delegado se
recusou a obedecer e mostrou sua identificação.
Ainda segundo o sindicato, os policiais militares
pegaram a arma que estava na cintura do delegado, que informou que ainda
tinha outra arma na cintura, nas costas. Ao pegar a outra arma para
entregar aos PMs, ele levou um tiro no peito.
“Foi um assassinato”, disse o presidente do Sindpoc
Eustácio Lopes. De acordo com ele, “a PM está soltando várias versões
para confundir a população e não expor essa situação de um policial
militar agredir a própria mulher”.
Sindicato culpa governo
Nesta segunda (29), o secretário geral do Sindicado dos Policiais Civis (Sindpoc), Marcos de Oliveira Maurício, se manifestou sobre o caso e disse que a morte “é culpa do Governo da Bahia, que treina mal os seus policiais de uma forma geral”. Ainda segundo ele, “crimes como esse ocorrem devido a uma falha institucional”.
Ele acrescentou ainda que “a culpa pelo assassinato
não é do cabo Cleomario [autor do disparo que matou Mastique] e nem do
delegado”. Para ele é preciso “capacitar os policiais, construir uma
polícia nova”.
Marcos de Oliveira Maurício afirmou ainda que o
crime é fruto de um treinamento ruim dado aos policiais militares e
civis na Bahia, que não sabem usar a arma adequadamente quando não estão
em serviço.
“O policial da Civil e da Militar não são treinados
para saber como lidar com informação e abordagem, nem de como usar a
arma em situação fora do trabalho. Recentemente, um policial militar foi
morto por colegas em Feira de Santana por estar armado numa moto e ser
confundido com um bandido. Ações desastrosas como estas têm de parar”,
continuou.
O CORREIO entrou em contato com a SSP-BA para
repercurtir as críticas do Sindpoc. Por meio de nota, a pasta informou
que “investe em capacitação e treinamento para os policiais militares e
civis”.
Com informações do Correio24horas
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