Uma nova leva de supostas conversas envolvendo o ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sergio Moro, foi divulgada pela revista Veja nesta
sexta-feira, 5, e sugere que, quando ainda atuava como juiz federal em
Curitiba, Moro teria orientado procuradores da Operação Lava Jato a
anexar provas para fortalecer a parte acusatória num processo.
Uma troca de mensagens pelo aplicativo Telegram de 28 de abril de
2016, a qual a revista teve acesso em parceria com o site The Intercept
Brasil, mostra Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em Curitiba,
avisando à procuradora Laura Tessler que Moro o teria avisado sobre a
falta de uma informação na acusação contra um réu acusado de ser um dos
principais operadores de propina no esquema de corrupção da Petrobras. O
réu era Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que
tinha contratos com a estatal.
“No caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do (Eduardo)
Musa (ex-funcionário da Petrobras) e, se for por lapso que não foi
incluído, ele disse que vai receber amanhã e dá tempo. Só é bom avisar
ele”, teria escrito Deltan. “Ih, vou ver”, teria escrito a procuradora
em resposta. No dia seguinte, de acordo com a revista, o MPF incluiu um
comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa e Moro,
logo depois, aceita a denúncia e cita o documento que havia pedido na
decisão.
Eduardo Cunha
O trecho de conversas divulgado pela Veja também contém mensagens
supostamente enviadas na noite do dia 12 de junho de 2017, nas quais o
procurador Ronaldo Queiroz cria um grupo no aplicativo de mensagens para
avisar que foi procurado pelo advogado de Cunha para iniciar uma
negociação de delação premiada.
Queiroz afirma que as revelações poderiam ser de interesse dos
procuradores de Curitiba, Rio de Janeiro e Natal, onde corriam ações
relacionadas ao político. Queiroz afirma esperar que Cunha entregue no
Rio de Janeiro, pelo menos, um terço do Ministério Público estadual, 95%
dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da
Assembleia Legislativa.
Pouco menos de um mês depois, Moro teria enviado uma mensagem a
Dallagnol questionando a possível delação. “Rumores de delação do Cunha…
Espero que não procedam”, teria dito o agora ministro. Dallagnol
responde que são “só rumores que não procedem”, e ainda reforça a Moro
que “sempre que quiser, vou te colocando a par”. O ex-juiz responde que é
contra a delação de Cunha e que agradece se o procurador o mantiver
informado.
“Fachin é nosso”
A reportagem da revista também revela um trecho no qual Dallagnol, em
13 de julho de 2015, comenta com os colegas do MPF que se encontrou com
o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. “Caros,
conversei 45 minutos com o Fachin. Aha, uhu, o Fachin é nosso”, teria
celebrado o procurador.
Fausto Silva
Em outro trecho das supostas conversas, em 7 de maio de 2016, Moro
comenta com Dallagnol que havia sido procurado pelo apresentador de
televisão Fausto Silva. De acordo com o então juiz, o apresentador teria
cumprimentado Moro pelo trabalho na Lava Jato, mas deu um conselho:
“ele disse que vocês nas entrevistas precisam usar uma linguagem mais
simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Conselho de quem está
há 28 anos na TV”. Procurado pela reportagem de Veja, Fausto Silva
confirmou o encontro com Moro e o teor da conversa.
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