Considerado melhor ministro do governo de Jair Bolsonaro, Tarcísio Gomes
de Freitas (e), da Infraestrutura, precisará ter desempenho à altura
para frear ímpeto dos grevistas (Evaristo Sa/AFP)
Um dos maiores temores do governo Bolsonaro pode se materializar em breve. Os caminhoneiros voltaram a pressionar o Planalto com a ameaça de uma nova greve da categoria. Pior. Desta vez, a paralisação viria com o apoio de servidores públicos e de petroleiros,
indicando uma convergência entre sindicatos petistas e alguns grupos de
caminhoneiros. Não há consenso dentro da categoria, porém, de que esse é
o melhor momento para interromper o fluxo nas estradas brasileiras.
O Ministério da Infraestrutura receberá lideranças dos
profissionais de transporte na quinta-feira, 28. O encontro será
coordenado pela Frente Permanente dos Transportes, órgão subordinado ao
ministro Tarcísio Gomes de Freitas.
Para o encontro, esses líderes levarão as demandas dos caminhoneiros. A
pressão será grande. O bom relacionamento com os caminhoneiros é
determinante para que o governo debele um dos principais riscos
associados à soltura do ex-presidente Lula: a radicalização das
entidades de esquerda.
“Recebo relatos de profissionais chorando. Estão quebrados. A greve está
por um triz para acontecer”, disse a VEJA Aldacir Cadore, porta-voz de
um grupo de autônomos do entorno de Brasília, mas que se diz contrário à
paralisação. “Outros grupos, como a FUP (Federação Única dos
Petroleiros) estão querendo que os caminhoneiros parem antes para aderir
a uma greve geral. Estão usando os caminhoneiros como boi de piranha”,
afirmou.
As reivindicações não são muito diferentes das feitas anteriormente. O
piso da tabela do frete calculada pela Escola de Agronomia da USP
(Esalq), diz Cadore, está entre 25% e 30% abaixo do custo mínimo. Os
empréstimos de 30 mil reais oferecidos pelo BNDES aos transportadores
não chega aos autônomos, garante o líder caminhoneiro. Mesmo assim, ele
diz, não é o momento para paralisações. Para outros líderes, o preço do
diesel, sem o subsídio dado pelo ex-presidente Temer, voltou aos mesmos
patamares observados à época da greve, na última semana de maio do ano
passado, o que também é um problema.
Um dos motivos para se posicionar de forma contrária à paralisação
está justamente na divisão política entre os profissionais. Cadore se
diz de direita. Segundo ele, a maioria da categoria se identifica com
esse espectro político. Contudo, os sindicatos, ligados à esquerda,
estão procurando os trabalhadores para convencê-los a parar. “Os
agitadores do movimento estão nos sindicatos. São eles que estão
forçando a barra para iniciar uma greve para puxar outras categorias”,
afirma.
Walace Landin, o Chorão, outro líder dos caminhoneiros, prega
responsabilidade. Segundo ele, “há claramente um movimento político”.
Ele conta que, após a manifestação que parou o país em 2018, sindicatos
que, até então, não representavam a categoria, agora querem
protagonismo. Uma das frentes de trabalho dessas organizações é passar
uma lei, por meio de um novo Marco Regulatório que está sendo discutido
na Câmara, que obriga a homologação nos sindicatos de todos os contratos
de trabalho dos caminhoneiros. “Querem acender o pavio, mas querem que
outros assumam a greve”, diz.
*Com informações da Veja
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