Jalmir Oliveira/Agora RN
Manifestantes ligados a movimentos sociais e sindicatos realizam um
protesto na manhã desta sexta-feira, 8, na praça dos Três Poderes, em
Natal, e bloqueiam os acessos à Assembleia Legislativa do Rio Grande do
Norte.
O protesto é contra a sessão solene marcada para esta manhã em
homenagem ao secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério
da Economia e ex-deputado potiguar Rogério Marinho. A sessão estava
marcada para começar às 10h30, mas, até a publicação desta reportagem, a
homenagem não havia começado. Em nota, a Assembleia disse que a
solenidade está mantida.
O ato foi convocado pela Central Única dos Trabalhadores no Rio
Grande do Norte (CUT/RN) e pelo movimento Frente Brasil Popular. Em
nota, os manifestantes classificaram a homenagem a Rogério Marinho como
um “insulto”. “Tal homenagem é um desrespeito aos trabalhadores e
trabalhadoras do RN, que sofrem diariamente com a reforma trabalhista,
da qual Rogério Marinho foi o relator enquanto era deputado federal”,
escreveu o movimento.
As quatro portas da Assembleia foram bloqueadas pelos manifestantes,
que não querem permitir a homenagem. Na porta da garagem, policiais
militares chegaram a lançar gás de pimenta contra os manifestantes.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio
Grande do Norte (Sinte), professor José Teixeira, disse que o movimento
não vai permitir que Rogério Marinho entre na Assembleia. “Ele é o pivô
da reforma trabalhista, que tirou direitos classe trabalhadora, e pivô
da reforma da Previdência, que acaba com o direito de os trabalhadores
se aposentarem. É um traidor dos trabalhadores e da pátria brasileira”,
declarou.
Do lado de fora, estão políticos de diversas cidades do Estado, como
prefeitos, que vieram a Natal para participar da sessão solene, mas
foram impedidos de entrar. “É um absurdo. Estou há 1 hora esperando. A
democracia é a vontade da maioria. Não pode uma minoria impedir o
exercício da democracia. Um Poder, eleito pelo povo, está impedido de
trabalhar pela vontade da minoria”, reclamou o ex-governador Geraldo
Melo.
Crítico da homenagem, o deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL) se
uniu aos manifestantes. De acordo com o parlamentar, Rogério Marinho é
um “traidor”. “É uma agressão a Casa Legislativa homenagear um cidadão
desse. Já que foi aprovada a homenagem, que faça em outro local. Mas
aqui é uma agressão. Rogério Marinho deveria receber algo como o título
de persona non grata. Uma homenagem é demais”, afirmou o deputado.
Pelo Twitter, Rogério Marinho comentou as manifestações contra ele. “Estamos no caminho certo”, se limitou a dizer.
HOMENAGEM
A sessão solene na Assembleia Legislativa de homenagem a Rogério Marinho foi proposta pelo deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB). No requerimento em que solicita a realização da homenagem, o parlamentar justifica que o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia tem “serviços prestados ao País”.
A sessão solene na Assembleia Legislativa de homenagem a Rogério Marinho foi proposta pelo deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB). No requerimento em que solicita a realização da homenagem, o parlamentar justifica que o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia tem “serviços prestados ao País”.
Um dos idealizadores da proposta de reforma da Previdência que foi
enviada pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso, e de outras medidas
do atual governo nas áreas de previdência e trabalho, Rogério Marinho
foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte entre 2007 e 2012, na
primeira vez, e entre 2015 e 2018, no segundo momento.
Além disso, o tucano foi secretário de Desenvolvimento Econômico do
Rio Grande do Norte durante a gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini
(2011-2014). Em sua passagem pelo cargo, desenvolveu projetos como o
Pró-Sertão, de interiorização da indústria têxtil.
Na Câmara dos Deputados, foram três mandatos – dois para os quais foi
eleito (em 2006 e em 2014) e outro assumido em 2011 após licença do
titular.
Os primeiros mandatos de Rogério na Câmara foram marcados por
projetos na área da educação. Foi iniciativa dele, por exemplo, a
criação do projeto Metrópole Digital, desenvolvido dentro da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Na legislatura passada, durante o governo do ex-presidente Michel
Temer, o potiguar foi relator na Câmara da reforma trabalhista. A pauta
polêmica lhe causou desgaste político, o que atrapalhou sua reeleição.
Nas eleições 2018, obteve apenas 59,9 mil votos e, por isso, não
conseguiu conquistar novo mandato. Atualmente, ele é 2º suplente.
AgoraRN
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