O presidente Jair Bolsonaro afirmou que tomou conhecimento
antecipadamente e deu aval à carta na qual o chefe do Gabinete de
Segurança Institucional, Augusto Heleno, mencionou “consequências
imprevisíveis para a estabilidade nacional” de um possível pedido de
busca e apreensão do telefone celular do presidente. Em entrevista à
Rádio Jovem Pan, o chefe do Executivo também afirmou que não entregaria
seu aparelho mesmo com decisão da Justiça.
A solicitação foi apresentada por parlamentares e partidos da
oposição em notícia-crime levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre
suposta interferência do presidente na Polícia Federal. Nesta sexta, o
ministro Celso de Mello, relator do caso, pediu que a Procuradoria-Geral
da República (PGR) se manifeste sobre assunto.
“Tomei conhecimento do texto (do Heleno) antes da publicação. Eu
olhei e falei: o senhor fique à vontade”, declarou Bolsonaro. “Agora,
peraí: um ministro do STF querer o telefone funcional de um presidente
da República que tem contato com líderes do mundo… tá de brincadeira,
comigo?”. O presidente criticou a decisão do ministro de Celso de Mello
de consultar a PGR. Para Bolsonaro, o magistrado não deveria nem cogitar
a consulta. “No meu entender, com todo o respeito ao Supremo Tribunal
Federal, nem deveria ter encaminhado ao Procurador-Geral da República.
Tá na cara que eu jamais entregaria meu celular. A troco de quê? Alguém
está achando que eu sou um rato para entregar um telefone meu numa
circunstância como essa?”, frisou.
A nota que o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança
Institucional, divulgou à nação afirma que um eventual pedido de
apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro poderá ter
consequências imprevisíveis para a estabilidade do País. A nota à nação
destaca que pedidos de apreensão contra o presidente é incabível e, até
certo ponto, inacreditável. “O Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal
atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os
poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade
nacional”, escreveu o ministro.
A nota do ministro Heleno se refere ao encaminhamento à
Procuradoria-Geral da República de três notícias-crime feito mais cedo
pelo ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. O
trâmite é praxe, e pede ao PGR Augusto Aras que se manifeste pelo aceite
ou arquivamento dos pedidos, feitos pela deputada federal Gleisi
Hoffman e pelo governador da Bahia, Rui Costa, ambos do PT, e pelas
bancadas do PDT, PSB E PV.
Um dos pedidos feitos pelos parlamentares, caso a notícia-crime seja
aceita, é a busca e apreensão do celular de Bolsonaro e seu filho, o
vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em ambos os casos, tais
ordens precisariam partir da própria PGR e ter aval da Justiça.
A intimação do ministro do Gabinete de Segurança Institucional,
Augusto Heleno, da deputada Carla Zambelli (PSL) e do ex-ministro da
Justiça, Sérgio Moro, incluindo devassa nos celulares dos dois últimos,
também estavam entre as solicitações da oposição. Estes dois últimos já
tiveram os aparelhos periciados pela Polícia Federal no âmbito do
inquérito, também sob relatoria do decano, que apura as acusações de
Moro sobre interferências de Bolsonaro na PF.
ESTADÃO CONTEÚDO
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