Cinco dias após ser nomeado
Ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli entregou na tarde desta
terça-feira (30) uma carta de demissão ao presidente Jair
Bolsonaro. Segundo a analista Renata Agostini, da CNN Brasil, a
expectativa é de que o presidente aceite esse pedido de demissão, mas
espera anunciá-la junto com um novo ministro.
A demissão foi a maneira encontrada pelo governo para
encerrar a crise criada após a revelação de falsidades no currículo de
Decotelli.
A passagem do economista pelo cargo tem sido marcada
pelos questionamentos de inconsistências nas informações acadêmicas
prestadas por Decotelli na plataforma Lattes do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Acusações de
plágio na dissertação de mestrado, omissões e informações falsas no
currículo do novo ministro criaram um mal-estar no Palácio do Planalto e
rumores de que houve fragilidade da Abin (Agência Brasileira de
Inteligência), órgão ligado ao GSI. Auxiliares defendiam que um
pente-fino deveria ser feito antes de qualquer nomeação.
Na última semana, Decotteli fez atualizações no Lattes. A
mais recente, nessa segunda-feira (29) trouxe a alteração para “projeto
de pesquisa” do trabalho submetido à Bergische Universitat Wuppertal
(Alemanha), que antes havia sido identificado como “pós-doutorado”.
A
mudança ocorreu após a segunda contestação feita por uma instituição de
ensino estrangeira ao currículo de Decotelli na Plataforma Lattes, que
registra as atividades acadêmicas de professores e pesquisadores no
Brasil.
Na sexta-feira, a Universidade Nacional de Rosario
(Argentina) divulgou que ele não recebeu o título de doutor – cursou as
disciplinas e cumpriu os créditos exigidos, mas sua tese foi reprovada
em uma primeira análise e ele não voltou a submeter o trabalho à banca.
Naquele dia, o economista alterou o registro, incluindo a afirmação “Sem
defesa de tese” no lugar do nome de quem deveria ter sido seu
orientador, o pró-reitor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Antonio de
Araújo Freitas Junior.
Em resposta à CNN, a Universidade de Wuppertal afirmou que Decotelli
nunca obteve nenhum certificado pela instituição e não recebeu bolsas ou
qualquer tipo de suporte financeiro. "Ele não era um pós-doutor na BUW
(sigla da universidade)", disse uma porta-voz da universidade. De acordo
com a instituição, ele conheceu uma professora da Wuppertal no Brasil
e, a partir deste contato, foi à universidade para produzir uma
pesquisa, mas sem nenhum vínculo. "Ele não deu aulas e não obteve nenhum
certificado em nossa universidade", diz o texto enviado à CNN.
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