Foto: Reuters
O diretor de operações da OMS, Michael Ryan, aponta que existem os
primeiros sinais que os números de proliferação de casos da covid-19 no
Brasil tenham se estabilizado nos últimos dias e que o país tem, pela
primeira vez, a “oportunidade” de iniciar um caminho em direção ao
controle da doença.
Mas ele também alerta que o país até agora não conseguiu reduzir a
taxa de novos casos de transmissão. Sem uma ação das autoridades, o
recado da agência é de que não existem garantias de que a epidemia perca
força no país.
Em sua coletiva de imprensa nesta sexta-feira, a agência de saúde
voltou a alertar sobre a situação brasileira. Segundo Ryan, os números
diários estão estabilizados em cerca de 40 a 45 mil casos. “Não estamos
vendo o aumento que tivemos no mês de abril e maio, quando vimos uma
taxa elevada de crescimento”, afirmou.
Segundo ele, entre os meses de junho e jullho um “platô está ocorrendo”.
Mas ele faz um alerta. “O que não ocorreu é que essa doença não está
descendo a montanha”, disse Ryan. “Os números se estabilizaram. Mas o
que não fizeram é começar a cair de uma forma sistemática e diária. O
Brasil está ainda no meio da luta”, apontou.
Ryan indicou que, hoje, 11% dos casos envolve trabalhadores do setor
de saúde. “Isso, por si só, é uma tragédia”, disse. “Os trabalhadores do
setor de saúde estão pagando o preço mais alto”, insistiu.
Para a OMS, outro sinal positivo é o número de reprodução do vírus,
que estaria entre 0,5 e 1,5 no país. Nos meses de abril e maio, ele
chegou a variar entre 1,5 e 2. Ou seja, cada pessoa infectada
contaminava duas outras pessoas.
“Hoje, o vírus não esta dobrando na comunidade com a velocidade que
ocorria antes”, disse Ryan. “O aumento não é mais exponencial. Ele tem
atingido um platô. Mas os casos e mortes não pararam e não há garantiria
de que vá cair por si só”, disse. “Vimos isso em outros países”,
insistiu.
“Há um platô, há uma oportunidade para o Brasil empurrar a doença
para baixo, para assumir o controle. Para suprimir o vírus”, insistiu.
Na avaliação da OMS, o Brasil é um dos exemplos no mundo onde até
agora o “vírus continua estabelecendo as regras e está controlando a
situação”. “Nós precisamos estabelecer as regras do vírus e há uma
oportunidade para fazer isso quando os números os estabilizam”,
defendeu. “Essa oportunidade existe agora para o Brasil”, disse.
Com 2 milhões de casos no país, porém, ele aponta que a situação
brasileira exigirá uma ação ampla das autoridades e mantida ao longo de
meses. “Isso vai exigir uma ação sustentada”, declarou Ryan.
Coluna Jamil Chade – UOL
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