O vereador Pedro Marconi de Souza Barros, de Brejo da Madre de
Deus, recebeu liberdade provisória nesta segunda-feira (24), após passar
mais de 24h horas detido na carceragem da Delegacia de Palmares. Ele
foi autuado em flagrante nesse domingo (23), suspeito de ter atropelado
um grupo de, aproximadamente, 30 motoqueiros na PE-96, em Água Preta,
Zona da Mata de Pernambuco. Três pessoas morreram na hora e outras
cinco, feridas, foram hospitalizadas.
O
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) não estipulou fiança, mas
determinou que o homem se apresente mensalmente às autoridades para
informar e justificar suas atividades, que não se ausente da comarca que
reside (Brejo da Madre de Deus) por mais de sete dias sem autorização
judicial, e a suspensão de sua carteira de habilitação. A decisão foi
expedida pela Central de Audiências de Custódia de Palmares, diante de
parecer favorável do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
De
61 anos, Pedro foi autuado em flagrante por praticar homicídio culposo e
lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, conforme os
artigos 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Ele foi levado
do local do acidente pela Polícia Militar até a Delegacia de Plantão de
Palmares. “Ele não conseguiu dar uma explicação no interrogatório.
Disse que estava voltando para casa, depois de deixar algumas pessoas em
um hospital, estava normal e, de repente, sofreu um apagão.
Imediatamente fiz o teste do bafômetro, que deu negativo”, explicou a
delegada Juliana Bernat, responsável pela autuação.
“Também
foi coletada urina, para saber se ele consumiu alguma substância que
possa ter alterado a capacidade psicomotora. Estou aguardando o
resultado. Ele falou que tomava dois remédios, mas, a princípio, essas
medicações que ele contou não alteram a capacidade de pensar”,
acrescentou.
A delegada não descartou também a
possibilidade dele ter tomado um susto com o comboio. “Várias coisas
podem ter acontecido. Eram várias motos e tudo será apurado. Recebemos
muitos vídeos do acidente e vamos avaliar se algum dos motoqueiros
incorreram em culpa também”, disse.
Até o
momento, além de Pedro, prestaram depoimento uma das vítimas e outros
dois motociclistas, que integravam o grupo. “As perícias já começaram a
ser feitas pelo Instituto de Criminalística. Ontem foi feita a frenagem
na pista e depois serão periciados os veículos”, pontuou Juliana. O caso
será remetido para a Delegacia de Água Preta, para a investigação ser
tocada pelo delegado da cidade, Caio Cezar.
Trauma
Os
motociclistas integravam o grupo Esquadrão do Asfalto, que se divide
entre o Recife e Maceió. Um dos organizadores do passeio marcado pela
tragédia, Samuel Calado, 27, recorda do ocorrido com a voz embargada.
“Eu estava na frente, com outras cinco pessoas próximas a mim. Não sei o
que aconteceu que a gente não ouviu o acidente, só percebemos quando
deixou de aparecer a turma no retrovisor da moto”, relembrou.
“Eu,
como um dos organizadores, fiquei presente no local, ajudando as
autoridades. O momento em si foi de muito estresse, de trauma, de cabeça
quente de todos os envolvidos. Não estou dizendo que ele foi quem
causou ou é o único culpado, mas perdoo e peço perdão por qualquer
palavra que tenha sido dita no momento. Somos seres humanos. Ninguém
está preparado para passar por isso, ver os nossos melhores amigos
mortos na nossa frente”, emocionou-se.
Uma das
vítimas foi enterrada nesta segunda, em Gravatá. As outras duas vítimas
(um homem e uma mulher) serão sepultadas nesta terça (25), em Maceió.
“Estamos organizando um velório coletivo com as famílias das vítimas. Os
corpos já foram liberados e estão seguindo para lá”, pontuou.
Do Diário de Pernambuco
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