quarta-feira, 23 de junho de 2021

Padre pede para fiéis não participarem de visita de Bolsonaro ao RN

O padre Antoniel Alves, da Diocese de Mossoró, não mediu palavras e mandou um recado claro aos fiéis sobre a visita do presidente Bolsonaro ao município de Pau dos Ferros, no Oeste potiguar. Durante o sermão da missa do último domingo 19, ele disse que era “pecado grave” participar do evento agendado para quinta-feira 24, pois tal atitude “está pisando nos cadáveres daqueles que morreram inocentemente”. Para o sacerdote, “promover o caos nas ruas” com “aglomerações” é um “deboche” e falta de “compaixão por quem ainda derrama as lágrimas” pelas vítimas da Covid-19. O padre, que chegou a ser aplaudido pelos fiéis que participavam da celebração na Igreja Católica de São Sebastião, lamentou a trágica marca de 500 mil óbitos pela doença causada pelo coronavírus no Brasil, atingida no último sábado 18. O sacerdote, que não usava máscara durante a missa, apesar de manter distanciamento social seguro de outras pessoas, pontuou que não é contra a visita de Bolsonaro, nem opositor de partido “A, B, C ou Z”, mas que participar de atos como esse, promovido pelo governo federal, é “fazer contrário ao que Jesus fez com o mal”. “Nada contra a visita do presidente. Ele é chefe de Estado. A cidade está dentro de uma unidade federativa. É dever dele visitar? É. Vai trazer melhoria? Seja bem vindo. Agora, é inadmissível que façam aglomerações. É inadmissível que um cristão que se diz cristão tenha coragem de fazer contrário ao que Jesus fez com o mal: silencia e cala-te”. E continuou: “Fiquem em casa. Evitem essa aglomeração. E peço: quem for promover o caos nas ruas não entre na fila da comunhão, pois está cometendo pecado grave, pois está pisando nos cadáveres daqueles que morreram inocentemente, estarão sendo negligentes. Entrar na fila da comunhão para receber aquele que é o autor da vida? É impossível”. O jovem sacerdote comentou que “infelizmente, o que vemos na sociedade de hoje é um deboche. Um deboche literalmente. Isso é revoltante. É um deboche para com aqueles familiares. 500 mil mortos no Brasil. Minha gente, vocês tem noção do tanto de gente do que é 500 mil pessoas? Do tanto de famílias que ainda choram a perda de seus entes queridos? Ou perdemos alguém ou vemos alguém partir pela Covid”. O padre Antoniel destacou que eventos religiosos, como as procissões de São Sebastião e Corpus Christis, não aconteceram, pois ele tinha “consciência que a vida é inviolável”. Além disso, o sacerdote relembrou que “nas madrugadas, quando toda rua estava em silêncio”, ele “só escutava os gritos dos familiares desesperados porque não podiam abraçar o seu ente querido”. E, por isso, não faz sentindo “uns baderneiros, uns que não tem o que fazer ir às ruas fazer o que não presta”. O sacerdote enfatizou, ainda, que apesar do estresse no sistema de saúde no Estado potiguar esteja reduzindo, é necessário manter as medidas preventivas. E lançou uma reflexão: “Tá aí o hospital diminuindo os números. Querem que aumentem de novo? Querem esperar alguém da sua família naqueles sacos malditos sem direito de beijar um ente querido? É porque não aconteceu na minha família? Cuidado. Quem tá de pé, pode cair”.
 

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