Um condomínio em uma área nobre de Belém virou cena de crime com a morte da juíza Monica Maria Andrade Figueiredo, nesta terça-feira (17), e intriga a população belenense diante dos mistérios que o rodeiam. Um deles aponta contradições e comportamentos que podem indicar envolvimento do companheiro na morte da vítima, o também juiz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior.
Todas as autoridades foram mobilizadas para o caso, em especial o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que anunciou no final da tarde de hoje que designou para acompanhar o inquérito policial instaurado o promotor de Justiça Luiz Márcio Cypriano.
O 2º promotor de Justiça está integrado na Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial de Belém (PJCEAP) e foi designado pelo procurador-geral de Justiça, Cesar Mattar Jr, por meio da portaria nº 2501/2022.
Entenda o caso
Monica foi encontrada morta dentro do carro do companheiro. Até o momento, a morte dela está sendo encarada como suicídio. Após encontrá-la no interior o veículo, o juiz João Augusto levou o corpo da esposa até a Divisão de Homicídios (DH), no bairro de São Brás, afirmando que a encontrou já sem vida e ela havia cometido suicídio.
Veja o relato completo
A morte da juiza Monica Maria Andrade Figueiredo se tornou o assunto mais comentado de Belém nesta terça-feira (17), após o marido dela, o também juiz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior, chegar com o corpo dela de carro na sede da Divisão de Homicídios, no bairro de São Brás, relatando ter encontrado a mulher morta após um suicídio.
Segundo um boletim de ocorrência registrado pelo magistrado ao chegar na polícia, ele encontrou o corpo da mulher com uma perfuração de bala no peito já dentro do carro, que estaria no estacionamento do condomínio Rio Miño, na avenida Gentil Bittercourt, no bairro de Nazaré.
No começo da tarde, a perícia que seria realizada no veículo foi cancelada. Posteriormente, o caso ganha nova reviravolta. A administração do prédio negou o caso, afirmando que o juiz não esteve no local e nem sequer morava lá.
Segundo pessoas ligadas ao
condomínio, não foi registrada nenhuma ocorrência nem foi ouvido um
barulho de tiro ou discussão entre a noite de segunda-feira (16), quando
o juiz afirmou ter discutido com a esposa, e a manhã desta terça-feira
(17), quando ao corpo teria sido encontrado morto no estacionamento,
dentro do carro, com a porta aberta.
O condomínio ainda afirma que o juiz já havia morado no local, mas não estava lá há cerca de cinco anos, sem ter tido registro de entrada dele na noite anterior.
O incidente chamou a atenção devido ao fato do juiz ter levado o corpo da mulher de carro para a polícia, contrariando as orientações de preservar locais de ocorridos assim para que o trabalho da perícia seja realizado. A polícia chegou a reforçar que a perícia no carro do juiz foi cancelada justamente porque o veículo teria sido "prejudicado", impedido a atuação dos papiloscopistas.
Após o boletim de ocorrência registrado, uma vistoria foi realizada na casa do marido. Ele teve os cômodos vistoriados, assim como a vaga da garagem onde o veículo em questão teria ficado. No final dessa tarde, foi constatado pela polícia, então, que durante o registro do BO, o juiz havia passado outro endereço de onde o crime ocorreu.
Por esse motivo, novos desdobramentos foram apresentados. Além, claro, de ter levado o corpo da vítima, no próprio carro, à polícia, contrariando todas as orientações de preservar o local da morte para não atrapalhar o trabalho da perícia. O carro do juiz, por exemplo, não pode ser periciado.
Corpo ainda se encontra no IML
O corpo da juíza Monica Andrade Figueiredo de Oliveira, de 47 anos, permanecia no Instituto Médico Legal (IML) de Belém até às 23h43 desta terça-feira (18). Segundo a prima da magistrada, Ivonete Ludgério, familiares estavam a caminho da capital paraense para cuidar do processo de liberação e traslado para Campina Grande, na Paraíba, onde deve ocorrer o velório. A previsão de chegada dos parentes era 1h da manhã desta quarta-feira (18). O enterro está previsto para ocorrer no mesmo dia, na cidade de Barra de Santana, também na Paraíba, e onde os pais da juíza estão enterrados.
Em entrevista à TV Paraíba, afiliada à Rede Globo,
Ivonete Ludgério, prima da juíza Monica Andrade Figueiredo de Oliveira, de 47 anos, disse que desconfia da versão apresentada pelo juiz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior.
“Logo cedo pela manhã, o esposo fez contato com a família, com os irmãos dela, para dar uma versão de que ela havia cometido suicídio. Nós fomos pegos de surpresa. E, à medida que as horas foram passando, nós começamos a desconfiar da versão dele. Não queremos fazer nenhum pré-julgamento, mas a minha prima era uma mulher muito linda, muito feliz, muito alegre, não tinha característica de quem cometeria uma loucura dessa”, declarou Ludgério.“Nós passamos a acompanhar as reportagens e fazer contatos com nossos amigos lá do Pará. Estamos esperando que a Justiça seja feita”, pediu.
Quem era Monica Andrade
A juíza Monica Maria Andrade Figueiredo de Oliveira, 46 anos, nasceu em Barra de Santana, município localizado na Região Metropolitana de Campina Grande, na Paraíba. Ela se formou no curso de direito na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), sendo aprovada como juíza nos estados do Ceará e, em seguida, no Rio Grande do Norte, onde atuava na 38ª Zona Eleitoral de Martins. Monica tinha dois filhos, um adulto e uma adolescente, do primeiro casamento. Ela casou-se em julho de 2021, com o também juiz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior, da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Belém. Segundo um familiar da vítima, que concedeu entrevista com exclusividade à reportagem de O Liberal. a magistrada era uma "talentosa juíza, cheia de vida”, seus parentes estão abalados com a notícia de seu falecimento.
A juíza Monica Maria Andrade Figueiredo de Oliveira, que teve seu corpo deixado, na manhã desta terça-feira (17), na Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Belém, no bairro de São Brás, era casada, desde julho de 2021, com o também juíz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior, da 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital. Monica residia em Campina Grande, na Paraíba, e periodicamente ia ao Pará para visitar o marido.
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