A partir do próximo dia 30 de novembro, a maternidade do Hospital
Promater, no bairro de Lagoa Nova em Natal, encerrará seus serviços,
fechando assim, cerca de dez leitos de UTI neonatal e outros 20 leitos
de alojamento conjunto para as mães.
A empresa alega que o encerramento
das atividades está “em acordo com seu reposicionamento que passa a
focar em média e alta complexidade”.
Em paralelo ao fechamento da
maternidade privada, o Município de Natal sofre para reorganizar os
serviços de pediatria diante da dificuldade de reorganizar as escalas de
trabalho com a Cooperativa Médica do RN, enquanto entidades de classe
denunciam o risco de fechamento da Maternidade Leide Morais.
Em
janeiro passado, a Promater já tinha encerrado os serviços de
pediatria, mantendo a maternidade e UTI Neonatal que agora seguem para o
mesmo fim.
Em nota encaminhada à TRIBUNA DO NORTE, a empresa confirmou o
fechamento e informou que os demais atendimentos, como pronto-socorro
adulto e cirurgias eletivas permanecem inalterados, enquanto as
pacientes da maternidade continuam sob os cuidados da equipe clínica até
a alta hospitalar.
“O Hospital Promater
informa que o seu serviço de maternidade será encerrado a partir de 30
de novembro, em acordo com seu reposicionamento que passa a focar em
média e alta complexidade. Pacientes e familiares foram comunicados com
antecedência, para que possam consultar suas operadoras de saúde sobre
outros serviços especializados credenciados na região”, reforça a nota.
O
presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte (Sopern),
Reginaldo Holanda, médico que trabalha na Promater, diz que o comunicado
já foi feito a todas as equipes e também aos planos de saúde e aos
conveniados. “Chegou a ter lá, oficialmente, 17 leitos de UTI Neonatal,
mas no último ano foi reduzido para 10.
Na maternidade a gente tinha,
aproximadamente, 20 leitos de alojamento conjunto para as mães e um
quantitativo profissional com mais de 40 pessoas, entre a equipe de
médicos, enfermagem fisioterapeutas, fonoaudiólogos”, conta.
Para
ele, a iniciativa do UnitedHealth Group, grupo de saúde americano dono
da Promater, deixa Natal carente de maternidade para a saúde
suplementar, que não integra a rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Na
próxima semana, segundo diz, a Promater começa a reduzir o atendimento.
“Vai limitar para que não não chegue o dia 30 e tenha muitos pacientes.
Já começou o processo de fechamento. Não estamos mais atendendo
gestações de risco para evitar que chegue nessa data e a gente tenha
dificuldade de transferência”
Com isso, a capital passa a
contar com apenas três maternidades para a Saúde suplementar, que são as
das redes Unimed e Hapvida, exclusiva para clientes da rede ou
conveniados e a Delfin Gonzalez, anexa ao Hospital Rio Grande, no
bairro Tirol, que começou suas atividades em novembro de 2021 oferecendo
serviços de saúde considerados carentes no estado, como pediatria,
ginecologia e obstetrícia, além de leitos de Terapia Intensiva, centro
cirúrgico moderno e pronto-socorro infantil 24 horas, tornando o
Hospital Rio Grande o 3º maior hospital do Nordeste.
“Acredito
que a Delfin vai tentar se adequar para receber a demanda. Porém, vejo
como um retrocesso o fechamento na Promater porque teremos mais
dificuldade em atender a demanda de partos e de internações de bebês em
UTI's no estado”, avalia o presidente da Sopern, Reginaldo Holanda.
Negociação
A
direção do Hospital Rio Grande informou que ainda está em negociação
com os planos de saúde para definir como se dará esse fluxo de
atendimento de pacientes com o encerramento das atividades da
maternidade da Promater.
O médico Marcos Jácome, presidente do
Conselho Regional de Medicina (Cremern) disse que a entidade lamenta
qualquer fechamento de serviço de saúde, seja ele público ou privado.
“Certamente todos estes atendimentos farão muita falta e,
necessariamente, deverá ser substituído pela operadora mantenedora da
Promater.
A ANS (Agência Nacional de Saúde) tem a responsabilidade de
exigir esta substituição para não deixar aqueles beneficiários sofrerem
qualquer tipo de prejuízo”, destacou.
Dificuldades na rede pública de Natal
Na
rede pública de Natal também há risco de encerramento de serviços de
obstetrícia, pelo menos é o que alegam sindicatos de profissionais da
saúde sobre a possibilidade de fechamento da Maternidade Leide Morais,
no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona Norte.
A região já teve o
serviço de pediatria da UPA Pajuçara fechado nas últimas semanas. A
Prefeitura nega o fechamento da Maternidade e diz que o fechamento da
pediatria na UPA se deve ao novo fluxo no atendimento às urgências e
emergências pediátricas na capital.
A SMS informou
que não procede a informação de que a Maternidade Leide Morais vai
fechar e que, em conjunto com a cooperativa, instituiu novo fluxo no
atendimento às urgências e emergências pediátricas na capital.
A
Leide Morais é uma maternidade referência nos partos humanizados em
Natal. Segundo o Sindicato dos Médicos do Estado (Sinmed/RN),
profissionais que atuam na unidade denunciam a ameaça de fechamento por
parte da Prefeitura sob a justificativa da faltar médicos obstetras para
completar as escalas de plantões, o que tem deixado a maternidade por
vários dias sem cumprir sua função de atendimento.
Geraldo
Ferreira, presidente do Sinmed/RN, diz que a categoria se opõe ao
fechamento e que a perda dos serviços vai impactar no atendimento
obstétrico de outras unidades de saúde, causando a superlotação na
Maternidade Araken Irerê Pinto, por exemplo. “A paciente obstétrica é
uma paciente onde o deslocamento de percursos extensos pode acarretar
riscos para ela e para o feto.
A população da zona Norte de Natal é
imensa e a perda dessa unidade obstétrica vai trazer riscos às
pacientes. Defendemos a abertura de mais leitos e preferencialmente
perto dos locais mais povoados como é o caso da zona norte”, disse ele.
Geraldo
Ferreira alega que não faltam profissionais para os serviços de
pediatria e obstetrícia em Natal, mas diz que o problema está no atraso
dos pagamentos. “Eles não querem por causa do atraso de pagamentos, que
já alcança 4 meses”, afirma o presidente do Sinmed/RN.
A
mesma versão é dada pelo presidente da Sociedade de Pediatria (Sopern),
Reginaldo Holanda. “Nós temos pediatras em quantidade suficiente tanto
na sociedade de pediatria como na formação de 17 profissionais por ano
no estado pelas nossas residências médicas.
O que ocorre é que não tem
interessados em trabalhar em uma escala pela cooperativa onde a sua
remuneração só é paga depois de três ou quatro meses após o seu
exercício. Então é isso que dificulta a disponibilidade”, ressaltou.
A
maternidade Leide Morais realiza, em média, mais de dois mil partos por
ano e aproximadamente 400 curetagens uterinas. O diretor do Sindicato
dos Profissionais da Saúde do estado (Sindsaúde/RN), Marcelo Antônio,
diz que a unidade permanece funcionando, mas faltam obstetras. “A Leide
Morais está funcionando, mas existem dias que chega a praticamente 48
horas sem obstetra”, afirma o sindicalista.
Na
Zona Oeste, o atendimento passou a ser na UPA da Cidade da Esperança;
na Zona Sul, na UPA da Cidade Satélite; Zona Norte, na UPA Potengi; e
Zona Leste, no Pronto Socorro Infantil de Brasília Teimosa e na Unidade
Mista de Mãe Luiza, reforçando que todas essas unidades contam com
serviço de pediatria de porta aberta funcionando 24h.
“O novo fluxo tem a finalidade de otimizar as escalas diante da dificuldade de encontrar profissionais com tal especialidade em razão de diversos fatores, entre eles agressões sofridas durante os atendimentos clínicos, conforme relatado pela empresa contratada em reunião com a SMS Natal.
Além dos serviços citados, as escalas devem contemplar ainda as necessidades do Hospital Municipal de Pediatria Nivaldo Sereno Júnior e das Maternidades Araken Irerê Pinto e Leide Morais. Natal conta com 39 leitos de internamento pediátrico e atendimento de urgência pediátrica em todos os distritos sanitários, sendo a UPA Potengi a referência na Zona Norte.
Tribuna do Norte
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