terça-feira, 5 de março de 2024

Ex-vereadora de Cerro Corá acusa Hospital Regional de Caicó de negligência na morte de sua mãe

 
 
Familiares da aposentada Francisca Maria da Conceição apontam negligência do Hospital Estadual Telecila Freitas Fontes, sediado em Caicó, como fator determinante para a sua morte. O Blog do Marcos Dantas conversou com uma de suas filhas, a ex-vereadora Graça Santos. 
 
Ela contou que sua mãe faleceu na madrugada da última terça-feira (27), enquanto estava internada no referido hospital. Graça disse que sua mãe sofreu um AVC no dia 20 de fevereiro e foi internada no Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, tendo recebido alta na sexta-feira (23). 
 
Chegou em casa na madrugada do sábado, porém, ao meio-dia do mesmo sábado, sofreu um outro AVC. “Levamos para o Hospital de Cerro Corá e de lá ela foi encaminhada para Caicó, para o Hospital Regional do Seridó. O que acontece? A minha mãe já saiu de Cerro Corá com um quadro sério de AVC. Foi encaminhada para Caicó pela possibilidade de ser realizada uma tomografia, que serviria para avaliar sua condição. 
 
Ao chegar ao hospital, fez a tomografia e ficou-se à espera do resultado, que nunca saiu. Ela foi medicada, permaneceu um tempo na mesma sala onde foi realizado o primeiro atendimento e depois encaminhada para um leito na clínica médica do hospital. 
 
Mesmo em estado grave (ela já saiu de Cerro Corá desacordada, não mais voltou a consciência desde então e apresentando episódios de convulsão), não teve sua área de risco classificada, o que a fez permanecer num leito comum da unidade de saúde quando necessitava de uma vaga na UTI ou, pelo menos, na Sala Vermelha. Fato é que a minha mãe não foi atendida da maneira como necessitava. 
 
Desde o momento em que chegou, no sábado, até a segunda-feira ao meio dia, contou somente com duas visitas médicas: uma do médico que a atendeu na chegada e uma de outra profissional no domingo pela manha, que ficou de avaliar o prontuário dela e não mais voltou para vê-la”, contou. A filha disse que sua mãe ficou entre o sábado até o meio-dia da segunda-feira sem receber, praticamente, nenhum tipo de atendimento, “a não ser pela aplicação de soro e a avaliação dos sinais vitais, que eles faziam diariamente. 
 
De médicos, só os plantonistas da área onde ela estava, que só compareceriam ao leito caso houvesse alguma ocorrência”. A ex-vereadora acredita que sua mãe não recebeu medicação adequada para o seu problema de saúde. 
 
O resultado da tomografia não saiu até a segunda-feira, quando a família começou a se mobilizar para conseguir um atendimento mais especializado e uma transferência para um hospital de Natal: “A gente começou a se mobilizar para conseguir uma transferência para ela desde as sete horas da manha de segunda-feira, mas só quem poderia fazer a regulação dela para um outro hospital seria o médico do plantão do dia, o problema é que ele só foi chegar no início da tarde. 
 
Após muita insistência, conseguimos que ele fizesse o pedido de transferência. Foi então que decidiram transferi-la para a área vermelha enquanto aguardavam a resposta do Hospital Luiz Antônio, que negou o pedido. No mesmo dia, em Caicó, já procederam com a realização de uma segunda tomografia, que apontou um quadro de hemorragia cerebral sem possibilidade de reversão”, pontuou. 
 
No áudio enviado ao nosso Blog, a ex-vereadora continua relatando que sua mãe, na sua avaliação, só veio a ter o tratamento que merecia quando deu entrada na área vermelha do Hospital. “Quando não se tinha mais o que fazer, foi que eles conseguiram prestar o atendimento que ela merecia. 
 
A minha mãe foi encaminhada para essa área vermelha, conseguiram uma vaga na UTI, mas ela precisou ser entubada na segunda-feira à noite; na terça-feira de madrugada teve uma piora severa e veio a falecer. Ou seja, ela passou, praticamente, 48 horas sem assistência, sem medicação adequada, sem monitoramento. 
 
Então, assim, é um caso seríssimo de negligência médica e eu vou realmente fazer um movimento com relação a isso, porque negligência médica não pode mais ser tolerada”. 
 
A Família, de acordo com Graça Santos, pretende tornar o caso público e chamar a atenção das autoridades para a gravidade dessas situações. “Isso aconteceu com minha mãe. Eu tenho certeza que acontece com muitas pessoas todos os dias nas unidades de saúde aqui do nosso estado. E isso não pode passar despercebido, jamais. 
 
A minha principal intenção é que realmente a gente leve isso a público e que possamos promover uma mobilização das autoridades do Estado, das autoridades de Caicó com relação à gravidade desses atendimentos negligentes que a gente tem. 
 
Quantas vidas não estão sendo perdidas por causa de negligência médica? Eu gostaria muito de ter tido mais uma chance com a minha mãe e só Deus sabe se essa falta de atendimento não foi o que a levou a morte. Se ela tivesse, desde o início, recebido o atendimento adequado, ela, possivelmente, teria sobrevivido”, finalizou.

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