Depois de ampliar o acesso da população masculina à rede de saúde, a
Política Nacional de Saúde do Homem – que este ano completa um ano – tem
agora um novo desafio. Paralelamente às ações de incentivo ao aumento
da quantidade de procedimentos urológicos no Sistema Único de Saúde
(SUS) – como exames e cirurgias de próstata, vasectomia e fimose – a
Política vai estimular os futuros pais a fazerem um check up durante o
pré-natal da parceira.
A ideia é que os profissionais de saúde
aproveitem o momento em que o homem está mais sensível – às vésperas de
ser pai – para incentivá-lo não só a acompanhar as consultas durante os
nove meses de gestação da parceira como também a realizarem exames
preventivos. O princípio é: ele precisa se cuidar para cuidar da
família. “É uma estratégia que estamos difundindo entre as secretarias
municipais de Saúde”, informa José Luiz Telles, diretor do Departamento
de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do ministério, área
responsável pela Coordenação de Saúde do Homem.
Ontem terça-feira (14), em Brasília, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão,
encerrou o I Seminário Internacional de Saúde do Homem nas Américas.
Promovido pelo ministério, o encontro começou segunda-feira (13), no
Palácio do Itamaraty. O objetivo é estabelecer uma agenda comum de
cooperação internacional para estimular os homens a se envolverem nos
cuidados preventivos com a saúde.
Participam do seminário
autoridades e especialistas do Brasil e de mais 14 países. Durante o
encontro, também serão apresentados exemplos de ações positivas
implementadas no país com o objetivo de atrair os homens aos serviços de
saúde.
EXEMPLOS – O Ministério da Saúde apoia
diferentes iniciativas locais de “pré-natal masculino”. Em Ribeirão
Preto (SP), profissionais do Hospital Universitário da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) incentivam os futuros pais a
realizarem exames para diagnóstico precoce e tratamento de doenças que
podem afetar a saúde da mulher e, por consequência, a do bebê.
As
ações são desenvolvidas no campus da USP em Ribeirão Preto. O principal
objetivo é combater Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), por meio
de exames de sífilis, HIV e hepatites virais B e C. Na oportunidade,
médicos também diagnosticam hipertensão arterial, diabetes e colesterol.
Além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ribeirão Preto
promovem reuniões mensais com os casais para informá-los sobre as
alterações que podem ocorrer com a mulher e entre o casal durante a
gravidez e o nascimento do filho.
“Consciente dessas mudanças, o
homem tende a ficar mais compreensível com a parceira e entender melhor
seus próprios sentimentos – o que reduz, inclusive, a violência
doméstica”, destaca o diretor da faculdade de medicina da USP em
Ribeirão Preto, Geraldo Duarte, responsável pela implementação do
projeto no município. “Com isso, aumenta-se o vínculo entre a gestante e
o companheiro e também entre ele e o filho”, completa.
Para
realizar o trabalho com os homens, os médicos do hospital universitário
foram capacitados a abordá-los de maneira acolhedora. A mulher é
convocada a ir com o parceiro à primeira consulta do pré-natal, quando o
médico prescreve exames para o homem e o convida a participar das
reuniões de esclarecimentos e orientações.
Em Várzea Paulista
(SP), a Secretaria Municipal de Saúde desenvolve um programa semelhante.
Mas, com um diferencial: a realização de oficinas para os homens
aprenderem a cuidar do bebê. Campinas também usa a estratégia. E em São
José do Rio Preto (SP), o “pré-natal masculino” está previsto em lei
municipal.
No Rio de Janeiro (RJ), a Secretaria Municipal de
Saúde promove ações junto aos médicos da rede pública para que eles
estimulem os futuros pais a cuidarem da saúde. O projeto foi batizado de
Unidade de Saúde Parceira do Pai e tem como foco a sensibilização das
unidades de saúde para que, gradativamente, elas ampliem as
oportunidades de envolvimento e preocupação dos homens com a saúde deles
e da família.
DOENÇAS – Considera-se que, por
motivos culturais, os homens têm mais resistência a procurarem cuidados
médicos e terem atitudes preventivas com relação a problemas de saúde.
Segundo estudos do Ministério da Saúde, a população masculina geralmente
procura os serviços de saúde por meio da atenção especializada, já com o
problema de saúde detectado e em estágio de evolução.
Muitos
deles também não seguem os tratamentos recomendados. Indicadores mostram
que os homens têm hábitos de vida menos saudáveis e estão mais
suscetíveis a fatores de risco para doenças crônicas.
“Eles
utilizam mais álcool e outras drogas em maior quantidade do que as
mulheres, não praticam atividade física com regularidade e se alimentam
pior. Estão também mais expostos a acidentes de trânsito e de trabalho.
Por isso, apresentam mais problemas de saúde do que elas e vivem, em
média, 7,6 anos menos”, explica o diretor José Luiz Telles.
As
internações de homens por transtornos mentais e comportamentais devido
ao uso de álcool representam 20% de todas as internações no SUS. Eles
apresentam, entre outros problemas, mais doenças cardiovasculares,
colesterol elevado, diabetes e hipertensão.
Do Portal da Saúde
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