Daísa Alves - repórter
O transtorno no trânsito foi palco
competidor da festa em celebração aos mártires de Cunhaú e Uruaçu.
Enquanto o padre Reginaldo Manzotti animava os mais de 120 mil fiéis que
compareceram ao evento, se estendia ao entorno do santuário mais de 10
km de engarrafamento. Só de caravanas, a Policia Militar contabilizou
cerca de 1.600 ônibus, no entanto estavam preparados para a metade
deles. O evento ocorreu ontem, com uma programação de missas e show
gospel durante todo o dia, no santuário dedicado aos cristãos católicos
mortos no local, comunidade de Uruaçu, no município de São Gonçalo do
Amarante, e de Cunhaú, no município de Canguaretama.
Foto: Emanuel Amaral
Missa aconteceu na Basílica dos Mártires, no bairro de Nazaré
Carros, vans, ônibus, lotados de fieis que se programaram para
participar do evento, compuseram o engarrafamento gigantesco. Desde a
entrada em São Gonçalo do Amarante, pela Av. Coronel Estevão Dantas,
seguindo pela BR 106, que dava acesso a Uruaçu, o pouco avanço do
trânsito impacientava os motoristas.
Ao perceber a dimensão do
engarrafamento, muitos decidiram colocar a fé na estrada. Estacionaram
os carros no acostamento e seguiram caminhando para o evento. Até a
cavalaria da Policia Militar ficou presa no trânsito.
Pedro
Dantas, 65, aposentado, encostou o seu carro enquanto a esposa e sua
cunhada foram a pé para a celebração. “Vim me arrastando até aqui por
umas duas horas, decidi parar. O carro tá velho, já não aguentava mais.
Minha esposa e cunhada desceram e foram andando. Vou esperar vagar, se
não, vou ficar aqui até elas voltarem”, relatou.
“Três horas de
engarrafamento. Falta policia, falta tudo, está muito desorganizado, uma
bagunça. Deviam ter se preparado mais”, reclamou Maria Aladim, 33,
vendedora que já estava há três horas tentando seguir, até que desligou o
carro e resolveu analisar a situação a frente que a esperava.
“Desliguei, não é? Fazer o quê? Não anda mais. Na frente tem ônibus
atravessado; nem vai, nem volta. Agora estou tentando ir embora, à perdi
o show”.
Fátima Carujo fazia parte do grupo que resolveu caminhar, após três
horas no transito, ela já tinha enfrentado quase uma hora de caminhada. A
pequena presença de policiais era uma das reclamações dela. “Acho uma
falta de organização muito grande do governo do estado, prefeitura. Não
tem sinalização, a policia não aparece”, lamentou.
Apesar do
entusiasmo para a programação no feriado, Solange Dantas, 28, autônoma,
já estava muito cansada para continuar a saga. Com o seu filho a
tiracolo, ela resolveu desistir de chegar à celebração. “Vou desistir.
Já foram mais de quatro horas. Vim com um grupo de Nova Natal, mas não
dá mais pra continuar. Ir andando é a única opção, mas com filho, fica
difícil”, disse.
Foto: Emanuel Amaral
Mártires passaram a ser venerados como padroeiros do RN
Jackson Lucas, 62, consultor mineral, também
estava como pedestre, mas desistir não estava no vocabulário dele, até o
momento. “Muita gente e pouca informação, quero dizer, nenhuma
informação. Vamos caminhando, mas se for muito longe, não sei se vamos
continuar”, afirmou.
A dificuldade não limitou aos fieis. As
ambulâncias e carros da policia tinham dificuldade para locomover-se na
pista. Dois bispos da arquidiocese necessitaram da ajuda das motos da
Rocam para se dirigirem a missa. Segundo os caminhantes, também foi
visto a vice-prefeita Wilma Farias dando alguns passos em direção a
Uruaçu, mas ão foi muito longe. Logo voltou e não compareceu ao evento.
A
orientação do trânsito estava sendo realizada pelo Comando da Policia
Rodoviária Estadual com um efetivo de 35 policiais. Ao chegar em Uruaçu,
a pista ficava lotada apenas para ida. Para saída, os motoristas tinham
a opção pelo caminho ao bairro de Pajuçara.
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