Neste
sábado, 3 de outubro, é feriado estadual em comemoração ao Dia dos
Mártires de Uruaçu e Cunhaú, segundo Lei Nº 8.913/2006, assinada pela
então governadora Wilma de Faria.
Também
conhecido como Protomártires do Brasil, este é o título dado aos
cristãos martirizados nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do
Amarante em 1645 em decorrência das invasões holandesas no Brasil. Mais
de 80 fiéis da Igreja Católica foram mortos; destes, 30 foram
beatificados pelo papa.
O primeiro massacre
aconteceu na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú,
em Canguaretama; O segundo em Uruaçu, comunidade do município de São
Gonçalo do Amarante.
Tudo começou quando os
holandeses tomaram a iniciativa de invadir o Nordeste brasileiro para
cobrar as dívidas dos portugueses que construíram engenhos com dinheiro
emprestado pela Holanda.
Cunhaú
O
massacre de Cunhaú, ocorrido no primeiro engenho construído em
território potiguar, é considerado um dos mais trágicos da história do
Brasil. Em 1645, o estado do Rio Grande do Norte (católico) era dominado
pelos holandeses (calvinistas). Jacob Rabbi, um alemão a serviço do
governo holandês, chegou ao engenho no dia 15 de julho daquele ano.
Porém, ele já era conhecido pelos moradores da região, pois havia
passado por lá anteriormente, sempre escoltado pelas tropas dos índios
Tapuias. No dia seguinte, como de costume, os fiéis se reuniram para
celebrar a eucaristia e foram à missa na Igreja de Nossa Senhora das
Candeias. O pároco, padre André de Soveral, começa a cerimônia. Depois
do momento da elevação do Corpo e Sangue de Cristo, as portas da capela
foram fechadas, dando-se início a violência ordenada por Jacob.
Uruaçu
Santuário dos Mártires de Uruaçu atrai multidão (Foto: Divulgação Prefeitura de São Gonçalo do Amarante)
O
massacre de Uruaçu aconteceu no dia 3 de outubro de 1645, três meses
depois do ocorrido em Cunhaú, também a mando de Jacob Rabbi. Dizem os
cronistas que, logo após o primeiro massacre, o medo se espalhou pela
Capitania. Receosa, a população tinha medo que novos ataques
acontecessem. Segundo a história, neste segundo massacre as tropas
usaram mais crueldade. Depois da elevação, fecharam as portas da igreja e
os fiéis foram mortos ferozmente. As vítimas tiveram as línguas
arrancadas para que não fossem proferidas orações católicas. Além disso,
tiveram braços e pernas decepados. Crianças foram partidas ao meio e
degoladas. O celebrante da missa, o padre Ambrósio Francisco Ferro, foi
muito torturado. O camponês Mateus Moreira teve o coração arrancado. E,
ainda vivo, exclamou: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".
Beatificação
Em
reconhecimento ao feito dos Mártires de Uruaçu, em 16 de junho de 1989 o
processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé. Em 21 de dezembro
de 1998 o papa João II assinou o decreto reconhecendo o martírio de 30
brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos.
A
celebração de beatificação aconteceu na Praça de São Pedro, no
Vaticano, no dia 5 de março de 2000. A cerimônia religiosa foi presidida
pelo papa João Paulo II. No local do massacre foi erguido o Monumento
dos Mártires em memória dos Bem-Aventurados. O espaço é aberto aos
turistas e religiosos, e a cada mês de outubro recebe centenas de fiéis
de todas as partes que acompanham as celebrações e festividades em
homenagem aos mortos.
Homenagem
Em
homenagem ao morticínio, foi erguido um monumento na localidade de
Uruaçu, próximo aonde ocorreu o martírio, denominado 'Monumento aos
Mártires', que foi inaugurado no dia 5 de dezembro de 2000 com a
presença de aproximadamente 15 mil pessoas, incluindo diversas
autoridades eclesiásticas e governamentais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário