Brasília (AE) - Apesar da onda de protestos de representantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra a política de
reforma agrária implantada pelo governo federal, o Palácio do Planalto
aposta no diálogo para minimizar os atritos e acredita que a
administração Dilma Rousseff ainda representa uma espécie de “esperança
crítica” entre os movimentos sociais, o que garantiria o apoio desses
segmentos à reeleição da presidente. “Há uma relação de tensão e amizade
entre governo e MST, marcada desde sempre pela conversa”, afirmou ao
Broadcast Político um auxiliar direto da presidente. “Está tudo
perfeito? Não. Mas com o Aécio Neves (PSDB) ou o Eduardo Campos (PSB),
eles (trabalhadores rurais) sabem que as coisas estariam ainda piores.”
Esse auxiliar, no entanto, reconheceu que a candidatura do senador
Randolfe Rodrigues (PSOL), mais identificada com a esquerda, tem seus
simpatizantes, mas duvida que cresça a ponto de ameaçar o apoio à
reeleição de Dilma.
Dentro do Planalto, a avaliação é a de que a polícia do Distrito Federal atuou de forma “desastrada” para conter a manifestação que tomou conta da Praça dos Três Poderes na quarta-feira. Houve confronto entre trabalhadores rurais e policiais, com feridos dos dois lados.
Ontem, Dilma e ministros se reuniram por uma hora com integrantes do MST. A presidente ouviu uma série de queixas e foi presenteada com uma cesta de produtos, bandeira e boné do movimento. Segundo um outro auxiliar da presidente, o Planalto deixou claro durante a reunião que não vai ser “demagógico” e prometer milagres. “Não podemos prometer aquilo que não podemos cumprir. Há limites orçamentários, questões judiciais envolvidas”, destacou uma fonte, em conversa com o Broadcast Político.
Para autoridades do governo ouvidas pela reportagem, Dilma não corre o risco de ter a imagem associada ao agronegócio em um momento em que são acentuadas as críticas à política agrária do governo. Na última terça-feira, a presidente esteve em Lucas do Rio Verde (MT), para a abertura oficial da colheita de grãos e chegou a afirmar, na ocasião, que o agronegócio é “exemplo” para o Brasil.
“Da mesma forma que a presidente conversa com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Dilma recebe a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e o MST, qual a diferença? O governo conversa com todos, sem discriminações”, afirmou um auxiliar de Dilma. “Tantas vezes a gente vê o empresariado reclamando de políticas adotadas pelo governo e pedindo mais, por que o MST não pediria mais também? Ainda representamos uma esperança crítica, dentro de uma relação de respeito.”
Em carta de reivindicação entregue à presidente, o MST defende “a necessidade urgente de fazer mudanças nas políticas agrárias” do governo. “O governo foi incapaz de resolver esse grave problema social e político. A média de famílias assentadas por desapropriações foi de apenas 13 mil por ano, a menor média após os governos da ditadura militar. É necessário assentar, imediatamente, todas as famílias acampadas”, diz trecho da carta
Ministro do Desenvolvimento Agrário durante o governo Lula, o petista Miguel Rossetto deverá reassumir o comando da pasta nos próximos dias. Ele vai substituir Pepe Vargas (PT), que deixa o cargo para concorrer à reeleição para a Câmara dos Deputados. Para um assessor presidencial ouvido pelo Broadcast Político, a troca no comando da pasta “não muda nada”. “O Ministério do Desenvolvimento Agrário não é ministério de política de um ministro. Na prática, não vai mudar nada”, comentou.
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